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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.
Notícias
19 novembro 2021
Violência contra mulheres: campanha da ONU Brasil pede vida e dignidade
A ONU Brasil promove, entre 20 de novembro e 10 de dezembro de 2021, a edição anual da campanha do secretário-geral da ONU “Una-se pelo Fim da Violência contra as Mulheres”. Desenvolvida desde 2008, ela apoia os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas. Neste ano, a iniciativa completa três décadas de mobilização internacional. Em todo o mundo, a ONU está abordando o tema: “Pinte o mundo de laranja: fim da violência contra as mulheres, agora!”.
A campanha da ONU Brasil pede união de esforços e de ações para garantir a vida e a dignidade a todas as mulheres e meninas, inclusive na recuperação da COVID-19. A pandemia exacerbou fatores de risco para a violência contra mulheres e meninas, incluindo desemprego e pobreza, e reforçou muitas das causas profundas, como estereótipos de gênero e normas sociais preconceituosas.
Estima-se que 11 milhões de meninas podem não retornar à escola por causa da COVID-19, o que aumenta o risco de casamento infantil. Estima-se também que os efeitos econômicos prejudiquem mais de 47 milhões de mulheres e meninas vivendo em situação de pobreza extrema em 2021, revertendo décadas de progresso e perpetuando desigualdades estruturais que reforçam a violência contra as mulheres e meninas.
“A campanha aborda as diferentes causas da violência contra mulheres e meninas e demonstra por meio de ações e propostas concretas os diferentes caminhos para superar esse problema”, explica a coordenadora residente do Sistema ONU no Brasil, Silvia Rucks.
“A violência contra mulheres e meninas afeta a todas e todos nós e depende do engajamento das pessoas, das empresas e das instituições públicas e privadas para ser superada”, completa.
Desde os primeiros meses da pandemia de COVID-19, o secretário-geral da ONU, António Guterres, vem fazendo apelos pelo fim da violência contra mulheres e meninas e pedindo paz no lar e o fim da violência em toda parte. Mais de 140 países expressaram apoio, e 149 países adotaram cerca de 832 medidas, conforme destacado na Resposta Global de Gênero à COVID-19, coordenada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) com colaborações técnicas substantivas da ONU Mulheres.
Por meio da Estratégia de Engajamento Político do Secretário-Geral da ONU sobre Violência baseada em Gênero, o Sistema das Nações Unidas mobilizou várias partes interessadas para atender às necessidades imediatas e vulnerabilidades de longo prazo de meninas e mulheres em risco de violência e reconheceu o papel-chave que as organizações de direitos das mulheres desempenharam durante a crise global. Para tanto, a ONU ativou suas plataformas e redes a fim de mobilizar compromissos e ações para acabar com a violência baseada em gênero no contexto da COVID-19.
A campanha UNA-SE articula compromissos com as Coalizões de Ação Geração Igualdade, especialmente a de Violência Baseada em Gênero, para acelerar investimentos, sensibilizar autoridades públicas para políticas de prevenção e enfrentamento à violência contra as mulheres e meninas e mobilizar diversos setores em torno da causa.
A campanha se baseia nas determinações da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim e se orienta rumo ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, especialmente o ODS 5, que pretende alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. A iniciativa busca a adesão de governos, parlamentos, sistema de Justiça, empresas, academia e sociedade para a prevenção e a eliminação da violência contra mulheres e meninas.
Campanha no Brasil - Com o mote “UNA-SE pelo fim da violência contra as mulheres e meninas - Vida e dignidade para todas”, a campanha deste ano tem como foco visibilizar a complexidade da violência contra as mulheres e meninas, em que suas identidades e condições de vida acentuam e ampliam vulnerabilidades para mulheres e meninas negras, indígenas, quilombolas, LBTQIAP+ (lésbicas, bissexuais, trans, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais, entre outras), com deficiência, idosas, migrantes e refugiadas. Para tanto, entende ser fundamental a abordagem interseccional de análise sobre as situações de violência sofridas pelas mulheres e meninas, entendendo que elas são diferentes a partir dos locais concretos e simbólicos ocupados por elas.
A campanha pretende evidenciar que a violência contra mulheres e meninas não ocorre apenas no ambiente privado: dentro de casa ou no corpo (como nos caso da violência doméstica e da violência sexual). Ela também está presente em espaços públicos, no ambiente de trabalho, na política institucional, nos esportes, nos ambientes online, nos meios de comunicação, e também no contexto da promoção e defesa de direitos.
A campanha destaca também as formas de prevenção e eliminação das diversas formas de violência. Para tanto, além do trabalho das Nações Unidas, a campanha apresenta também iniciativas e histórias de mulheres que defendem direitos e promovem a igualdade de gênero.
Baseada no entendimento de que a violência contra mulheres e meninas é uma violação de direitos humanos, esta edição tem como objetivo também estimular uma mudança de paradigma, eliminando a ideia de mulheres 'vítimas de violência' (passivas, em uma condição insuperável) e fomentando a noção de que essas mulheres são pessoas 'em situação de violência' ou ‘que sofreram violência’.
Tal mudança estimula o entendimento de que a violência é um desafio superável e que pode ser prevenida, além da visão de mulheres como protagonistas da defesa e promoção de direitos humanos, desenvolvimento sustentável, justiça climática e democracia, cujas contribuições beneficiam toda a sociedade. Também reconhece, a partir disso, que a violência afeta todas as dimensões das vidas das mulheres que a vivenciaram e que toda a sociedade é responsável pela sua erradicação. Em outra linha de ação, a campanha quer engajar homens e meninos como aliados dos direitos das mulheres e para atingir a igualdade de gênero, da qual eles também se beneficiam.
A campanha “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres” terá como um dos focos o empoderamento de meninas e jovens por meio do esporte, como ferramenta fundamental para prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas. Com histórias e experiências compartilhadas, a campanha mostrará como o esporte desenvolve habilidades para a vida das meninas, como autoconfiança, autonomia e liderança, fazendo com que rompam com estereótipos de gênero e com o ciclo de violência, não só individualmente, mas em seu entorno.
Ações no Brasil - A programação da campanha deste ano conta com a realização de eventos on-line e presenciais, iluminações de prédios na cor laranja em adesão global à mensagem da prevenção da violência, assim como diversos conteúdos publicados nas redes sociais e sites da ONU Brasil e instituições parceiras. Serão ações direcionadas a ampliar a conscientização e responsabilização de toda a sociedade e suas instâncias para a realidade da violência contra as mulheres e meninas e chamar para a ação conjunta, em um concreto engajamento.
Neste ano, a campanha será inaugurada com a iluminação na cor laranja do Congresso Nacional, em Brasília, em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra - início da campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres; e do Abrigo Rondon V, em Roraima, de 20 a 26 de novembro, em adesão à mensagem global de prevenção contra a violência. Ainda está programada a iluminação laranja da Casa da Mulher Brasileira, na cidade de Boa Vista (RR), de 27 de novembro a 4 de dezembro, estado em que a ONU Brasil desenvolve projetos de ajuda humanitária.
A campanha é composta pelo evento on-line “Juntas e juntos para pôr fim à Violência contra Defensoras de Direitos Humanos e do Meio Ambiente”, em 29 de novembro, assim como diversos conteúdos publicados nas redes sociais e site da ONU Brasil e de instituições parceiras. As ações pretendem ampliar a conscientização e responsabilização de toda a sociedade para a realidade da violência contra mulheres e meninas e chamar para a ação conjunta, em um concreto engajamento.
16 Dias de Ativismo - A campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que completa 30 anos em 2021, foi criada por ativistas do Instituto de Liderança Global das Mulheres em 1991.
Desde então, mais de 6.000 organizações em 187 países participaram da campanha, alcançando 300 milhões de pessoas. Ela continua a ser coordenada, a cada ano, pelo Centro para Liderança Global de Mulheres (CWGL, na sigla em inglês) e é usada como estratégia de organização por pessoas, instituições e organizações em todo o mundo para prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas.
Em todo o mundo, os 16 Dias de Ativismo abrangem o período de 25 de novembro (Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres) e 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). No Brasil, a mobilização se inicia em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, para buscar ações de combate ao racismo e ao sexismo e pelo enfrentamento à violência contra mulheres e meninas negras.
Contatos para a imprensa
Isabel Clavelin (ONU Mulheres) - isabel.clavelin@unwomen.org / 61 98175 6315
Roberta Caldo (UNIC Rio) – caldo@un.org
História
09 junho 2022
Yanomamis recebem capacitação em saúde
A Agência da ONU para as Migrações (OIM) em colaboração com o Distrito sanitário especial indígena (DSEI) e o Laboratório Central de Saúde Pública do Brasil (LACEN) realizou uma formação sobre diagnóstico de malária para 28 membros de comunidades Yanomamis.
Ao final do treinamento agentes indígenas de saúde (AIS) de Xihopi, parte da comunidade Yanomami, foram certificados como microscopistas.
"Meu sonho é que nossos jovens alunos estejam totalmente capacitados. Nossa luta tem sido para que os Yanomami sejam reconhecidos pela inteligência técnica que possuem", disse o líder indígena Yanomami, Dário Kopenawa. "Passei 15 anos lutando por eles", conta.
A capacitação dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) na prevenção de doenças é fundamental, pois, nos últimos anos, as doenças frequentes no território levaram a um alto índice de morbimortalidade entre as comunidades indígenas. A formação abordou tópicos como leitura de lâminas e diagnóstico de malária, além de orientações sobre o uso do microscópio.
A OIM forneceu cartilhas sobre a malária produzidas pelo Ministério da Saúde para uso no exame de avaliação do LACEN, garantindo a certificação no local para os membros da comunidade de Xihupi.
"Ter alguém da própria comunidade capacitado para examinar lâminas de malária e fazer o diagnóstico é o que pode ajudar os Yanomami a cuidarem de si mesmos", explica o médico da OIM, Luiz Otávio.
Segundo a psicóloga da OIM, Nicole Cruz, a partir do momento em que há um microscopista formado na comunidade, o combate à malária torna-se mais eficaz, pois o acesso ao diagnóstico é facilitado. Além dos módulos de formação técnica, a OIM organizou aulas de português e matemática para que os alunos pudessem fortalecer suas habilidades gerais como futuros microscopistas.
"Através desta formação, poderemos observar a doença e ajudar a nossa comunidade. Por isso, estou fazendo o curso de microscopista", explica Abraão, um dos alunos.
COVID-19 - Desde 2021, a OIM trabalha em estreita colaboração com o DSEI Yanomami do Ministério da Saúde, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) e as comunidades indígenas para treiná-los sobre ferramentas de prevenção da malária e da COVID-19, desenvolvendo suas capacidades de responder a crises de saúde.
As atividades de prevenção à COVID-19 da OIM se estenderam às comunidades brasileiras ribeirinhas e indígenas de Roraima, Amazonas e Pará – áreas mais vulneráveis ao vírus.
Uma das medidas adotadas pelos Yanomami para evitar a disseminação da COVID-19 em suas comunidades foi reforçar o isolamento dos infectados. "Segundo membros da comunidade, para evitar que a doença afetasse os mais vulneráveis, como os idosos, os doentes ficaram nas partes mais isoladas da floresta", explica a psicóloga da OIM.
Módulos complementares de formação sobre prevenção da COVID-19 foram organizados para a comunidade com o objetivo de fornecer informações atualizadas sobre a atual pandemia de COVID-19, medidas de prevenção e opções de vacinação para a população – considerada um grupo de alto risco para COVID-19 devido ao seu afastamento e acesso desafiador aos serviços de saúde.
Com as mulheres da comunidade de Xihupi, a OIM também organizou sessões de saúde mental e apoio psicossocial para discutir o impacto da COVID-19 nos habitantes e como isso afetou sua dinâmica sócio relacional. Atividades adicionais foram realizadas para conscientizar as crianças sobre as medidas de prevenção de higiene.
De acordo com chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena Yanomami (DIASI), Pedro Galdino, o papel dos AIS é fundamental para proporcionar acesso aos serviços de saúde adequados aos povos indígenas. "A colaboração entre esses atores e a OIM é um passo importante para o estabelecimento dos cuidados primários no intrincado Território Indígena Yanomami", explica.
Próximas formações - Como parte de seu programa de saúde com as comunidades Yanomami, a OIM organizará novos módulos de formação para microscopistas, bem como formações de atualização para aqueles já formados.
A equipe continuará divulgando informações sobre prevenção da COVID-19 e distribuindo kits de higiene e mosquiteiros para fortalecer o combate da comunidade contra a COVID-19 e a malária, respectivamente.
Esses treinamentos fazem parte de uma estratégia mais ampla desenvolvida pelo Ministério da Saúde do Brasil, que busca apropriar-se de conhecimentos e recursos técnicos pertencentes à medicina ocidental, com total respeito à herança Yanomami, às terapias indígenas e outras práticas culturais.
Yanomamis - Localizada no coração da Amazônia, nos estados do Amazonas e Roraima, no Brasil, a Terra Indígena Yanomami cobre 9,6 milhões de hectares de floresta tropical.
Com mais de 26 mil habitantes em 250 comunidades e grupos isolados, a Terra Indígena Yanomami é considerada a maior reserva indígena do Brasil.
Devido à sua localização remota, as comunidades enfrentam desafios para acessar serviços de saúde, pois os profissionais da saúde precisam se deslocar por longas distâncias cada vez que precisam fornecer assistência médica a eles.
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História
03 junho 2022
Sobreviventes: os brasileiros que convivem com HIV
Cazu vive há muito tempo com HIV e o preconceito atrelado a isto: ele contraiu o vírus aos 16 anos e tornou pública sua sorologia para quebrar o estigma em torno do assunto. Aninha convive com HIV há mais de 20 anos e sobreviveu à COVID.
Cariocas, eles são os dois brasileiros entre 28 pessoas de diversas partes do mundo que participam da última edição do projeto Survivors (Sobreviventes), uma exposição fotográfica virtual que celebra a vida das pessoas que vivem com HIV.
A iniciativa é do UNAIDS em parceria com a Through Positive Eyes (Através de olhos positivos, na tradução livre). As histórias descrevem lutas, medos, esperanças e, acima de tudo, a coragem e a determinação de sobreviventes do HIV.
Cazu - Ele conta que ao assumir viver com HIV, conseguiu muitas coisas que nunca pensou serem possíveis, como reconhecimento público, papéis no cinema e no teatro. “Isto me deu forças para encorajar mais pessoas com HIV a tomarem a mesma posição: Vivo com HIV e não vou desistir dos meus objetivos. Se algo não estiver funcionando, posso mudá-lo e encontrar uma forma de avançar. Foi o que eu fiz”, relata.
Cazu decidiu tornar pública sua condição para quebrar o estigma de que pessoas com HIV são feias, improdutivas e devem viver isoladas ou tratadas como infelizes.
Pessoas que vivem com o HIV continuarão a ser quem eram antes do HIV, independentemente disso. As que eram boas pessoas continuarão a ser boas pessoas, e o mesmo vale para as que não eram. Independentemente de viverem ou não com o HIV, as pessoas continuam a ser seres humanos. Elas ainda têm sentimentos: amam, sofrem, choram e riem. O HIV não mudou fundamentalmente o meu jeito de viver
Cazu
Os desafios da pandemia também atingiram Cazu, que perdeu o emprego e pegou COVID-19 duas vezes. Ele deu a volta por cima: abriu uma microempresa para vender copos descartáveis.
“Sou autossuficiente e continuarei a viver a vida de forma positiva e a compartilhar experiências e conhecimentos com outras pessoas. Na verdade, comecei a viver mais depois do HIV. Porque o HIV não pode ser mais forte do que a vida.”
Aninha - Aninha vive com HIV há mais de 20 anos. Ela conta que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi fundamental para garantir sua sobrevivência e o acesso a medicamentos que, no início, ela não queria tomar.
“O momento mais difícil da minha vida foi descobrir que eu estava grávida e que tinha HIV. Sofri durante meses. Até tentei fazer um aborto, mas o médico disse que não havia necessidade de um, já que eu estava muito doente, e que o bebê não iria sobreviver. Para minha surpresa e para surpresa de todas as pessoas, o bebê nasceu”, relata.
Aninha conta que o bebê nasceu doente, mas felizmente não tinha contraído HIV. “Foi a maior emoção que senti em toda a minha vida. Quero que o meu filho viva num mundo melhor”, resume.
Assintomática para COVID-19, ela acabou perdendo o marido para a doença há alguns meses. “Esta é a segunda vez que fico viúva por um vírus. Primeiro, pelo HIV, e o segundo, pela COVID. É uma experiência muito triste. Passar por duas pandemias, adquirir estes dois vírus mortais, e ainda estar viva me faz parecer que tenho alguma missão aqui”, afirma.
Aninha lembra que o fim da epidemia de AIDS é possível com ações simples, como informação e acesso aos cuidados em saúde.
Os antirretrovirais funcionam. Todas as pessoas devem ter direito a acessá-los. A prevenção é perfeitamente possível através do fornecimento de medicamentos adequados. Sem tratamento, a AIDS mata. O preconceito mata. Falta de interesse por parte das lideranças, mata.
Aninha
Projeto - O projeto Through Positive Eyes é organizado pelo fotógrafo Gideon Mendel, a Universidade da Califórnia (Los Angeles) e o Centro de Saúde Global e Arte. Lançado em 2007, já contou como 140 pessoas de 12 cidades do mundo vencem o estigma relacionado ao HIV/AIDS. A participação no projeto é voluntária e as pessoas são identificadas pelo primeiro nome para enfatizar sua acessibilidade e humanidade, mas também para proteger aquelas que vivem em lugares onde o estigma pode ser perigoso.
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) UNAIDS é uma parceria inovadora que lidera e inspira o mundo a alcançar o acesso universal à prevenção, tratamento e apoio aos cuidados de pessoas com HIV/AIDS.
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História
16 maio 2022
Foto de tradição Pankararu é premiada na Suíça
Para saber se as condições climáticas irão favorecer a colheita anual, os indígenas Pankararu puxam um cipó. Numa espécie de cabo-de-guerra, os membros da comunidade localizada no sertão pernambucano dividem-se em dois times. Um deles puxa a cipó em direção ao leste e o outro para o oeste. É através desta disputa de forças que as entidades religiosas informam suas previsões aos Pankararu: se o cipó terminar no lado onde o sol nasce, no leste, o clima será próspero e a comunidade viverá um ano de abundância. Ultrapassar para o lado oeste significa pouca chuva e escassez.
Depois de assistir a uma série de previsões de seca, o estudante de mestrado Joanderson Gomes de Almeida, de 30 anos, passou a se perguntar o que ele e a sua comunidade poderiam fazer para que o cipó permanecesse no lado leste. Foi com esta inquietação e com um celular que ele fotografou a cerimônia do puxamento do cipó durante a tradicional festa do Flechamento do Imbu, uma comemoração indígena que marca o início da colheita.
“Essa tradição acontece só uma vez ao ano na comunidade, mas durante o nosso dia a dia, por que a gente não lembra dessa previsão? O que eu posso melhorar para que no próximo ano a gente possa ter um resultado de fartura e abundância? Esta é uma reflexão sobre os cuidados que a gente às vezes não tem com o meio ambiente no nosso cotidiano”, conta o estudante em entrevista ao Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).
Quatro anos depois do click, a foto foi parar em uma exposição na sede da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), na Suíça. A imagem “Puxamento do Cipó” virou a metáfora perfeita para simbolizar o impacto das mudanças climáticas e, por este motivo, venceu o primeiro concurso de fotografia da OMPI voltado para jovens de comunidades tradicionais.
O prêmio entregue no Dia da Terra também contemplou jovens do Quênia e Filipinas. O anúncio dos vencedores foi feito no último dia 22 de abril e culminou com a exposição em Genebra. A intenção da Organização da ONU era estimular que os jovens de comunidades tradicionais expressassem criativamente o impacto das mudanças climáticas em suas regiões e, ao mesmo tempo, aprendessem a proteger seus trabalhos recorrendo aos direitos de propriedade intelectual. Para escolher os vencedores, entre mais de 30 imagens finalistas, foi convocado um painel independente de jurados constituído por quatro fotógrafos internacionais.
“Os jovens têm o maior interesse no futuro do nosso planeta e é por isso que estou satisfeito que o primeiro Prêmio de Fotografia da OMPI esteja oferecendo aos membros de comunidades indígenas e locais a oportunidade de se expressarem através da fotografia sobre a crise climática e outros desafios relacionados que estão enfrentando”, declarou o diretor-geral da OMPI, Daren Tang, durante a cerimônia de premiação.
Na oportunidade, ele também destacou como é estreita a relação das comunidades indígenas com o meio ambiente e seus recursos, sendo elas as primeiras a enfrentarem as consequências diretas da crise climática, como a perda da diversidade biológica e o aumento do nível dos oceanos. Ao parabenizar o indígena brasileiro pela conquista, o diretor-geral lembrou que o povo Pankararu tem uma forte vocação de preservar a natureza e as tradições. No entanto, eles também têm sido castigados por períodos sem chuva e seca, o que dificulta as atividades agrícolas tradicionais.
Conexão - Em Pernambuco, a comunidade Pankararu está estabelecida entre os municípios de Petrolândia, Jatobá e Tacaratu, distante cerca de dez quilômetros do rio São Francisco. Esta proximidade ajuda a explicar porque a água, mais do que um recurso essencial para a vida, também é considerada parte da constituição deste povo. “Existia uma ocupação tradicional desta terra narrada na própria cosmologia do povo Pankararu. As primeiras entidades, que chamamos de Encantados, eram pessoas normais que receberam o dom depois de entrarem na cachoeira do rio São Francisco. E hoje nós não temos acesso a água. Esta é uma reivindicação do povo Pankararu. A gente mora a menos de 10 quilômetros do rio São Francisco e não temos água”, explica Joanderson.
Em sua inscrição no concurso da OMPI, o estudante de mestrado defendeu que jovens indígenas ocupem espaços como estes e que novas soluções inovadoras sejam propostas a partir de parcerias com as comunidades locais. “Os indígenas têm uma forma tradicional de cultivo e manejo da terra, sem o viés mercantilista. Não vemos a terra como objeto de produção de capital, mas como uma forma de vida e subsistência. Ainda há muito o que se falar sobre clima e sobre povos indígenas para além desta visão marginal”, pontua. “Agradeço a OMPI pela iniciativa de criar esse concurso e por incentivar jovens indígenas e de comunidades tradicionais a participarem. Agora, com o prêmio, poderei registrar estes momentos com mais qualidade e profissionalismo”.
Como primeiro colocado, Joanderson ganhou da organização equipamento fotográfico profissional no valor de 3.500 dólares.
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História
06 maio 2022
Mãe reencontra filhas depois de quatro anos de separação
A venezuelana Yerika deixou a Venezuela em busca de oportunidades para uma nova vida com as três filhas. Ela chegou ao Brasil em Roraima mas a oportunidade de trabalho surgiu a 5 mil quilômetros de distância, em Pinhalzinho, no interior de Santa Catarina. A separação entre Yerika e as filhas Evelin, 13 anos, Camila, 10 anos, e Josemiht, 8 anos, foi inevitável.
Com a família dividida entre o norte e o sul do país, as meninas ficaram sob cuidados de um responsável, que procurou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o parceiro AVSI Brasil. As meninas foram encaminhadas para um abrigo do governo de Roraima destinado a crianças desacompanhadas.
O oficial de Proteção à Criança e ao Adolescente do UNICEF em Roraima, Tomás Tancredi, explica que o direito à convivência familiar e comunitária é prioridade. “O trabalho envolve busca ativa das famílias, avaliação psicossocial para identificar as possibilidades de reunificação junto à rede de proteção, apoio psicossocial continuado para estas crianças e, em alguns casos, apoio financeiro para a sustentabilidade da reunificação. A articulação com as redes de proteção e demais organizações que atuam na resposta humanitária, como a Organização Internacional para as Migrações (OIM), é fundamental para garantir a adaptação destas crianças em uma nova realidade”, explica.
O abrigo onde Evelin, Camila e Josemiht ficaram tem a estrutura de uma residência, similar ao ambiente de uma casa familiar, com atividades educacionais e apoio psicossocial. A gerente do abrigo da Secretaria de Estado de Trabalho e Bem-Estar Social, Luciana Oliveira da Silva, explica que a unidade tem parceria com organizações para buscar as famílias das crianças. “Apesar de estarem em um ambiente em que estão sendo cuidadas, não é o lar delas. Elas sentem falta, perguntam e ficam ansiosas para o reencontro”, relata.
Após o abrigamento no local, o UNICEF entrou em contato com a OIM para localizar a mãe e dar entrada do processo na estratégia de interiorização do governo federal, para que as irmãs pudessem viajar para junto de Yerika.
A análise documental foi o passo inicial na viagem, assim como o acompanhamento médico no Núcleo de Saúde da Operação Acolhida, resposta humanitária ao fluxo venezuelano, para verificação vacinal e testagem de COVID-19. Era dezembro de 2021 e os dias foram contados com ansiedade pelas meninas e pela mãe.
De acordo com o assistente de Proteção da OIM Luís Minchola, o reencontro representa o apoio dos atores que buscam a melhor solução em situações de crianças e adolescentes desacompanhadas dentro de um contexto migratório. “Todos estão envolvidos em levar oportunidades nos locais de destino: acesso às escolas, aos serviços de saúde e que tenham o convívio familiar garantido dentro de todos os preceitos de proteção à infância”, explica.
No dia 26 de dezembro, a equipe da OIM buscou Evelin, Camila e Josemiht no abrigo estadual e as levou para o Aeroporto Internacional de Boa Vista. Além da revisão documental pré-embarque, a OIM comprou as passagens aéreas e garantiu a presença de uma funcionária para acompanhar todo o trajeto, até que elas estivessem seguras com a mãe.
O REENCONTRO – Já era noite quando o abraço do reencontro finalmente aconteceu. Entre lágrimas, mãe e filhas correram para que estivessem juntas novamente. Na parede da casa nova, os cartazes improvisados com folhas de caderno estampavam os dizeres de “bem-vindas minhas princesas”, em espanhol. No sofá, os cochichos entre as quatro demonstravam que o tempo de separação não diminuiu em nada o afeto e a cumplicidade.
“Foi uma emoção tão grande, não sei nem explicar. Foi tanto tempo longe! É muito gratificante ter minhas filhas aqui do meu lado. Meu plano para o futuro é dar muito amor a elas. Estou muito emocionada e feliz.”
Yerika
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História
25 abril 2022
Após cirurgia no quadril, homem reaprende a caminhar e reconstrói a vida
Caminhar, correr e dançar são coisas triviais para muita gente. Mas, para o aposentado Dirceu Hack, 56 anos, significa muito mais. No final do ano passado, após passar por uma cirurgia reparadora no quadril, ele finalmente pode voltar a se mover com o corpo ereto. Seu Dirceu, como é chamado, é paciente hemofílico e sofria desde os anos 1970 com as limitações provocadas pela doença.
A hemofilia é uma doença genética hereditária, que compromete a coagulação do sangue. Pessoas hemofílicas não possuem uma proteína responsável pelo crescimento e reparação de tecidos, assim, sangram mais do que o normal. Com o passar do tempo, essa situação provoca danos em todo o corpo, em especial nas articulações, que ficam enrijecidas.
“Eu tinha uns 13, 14 anos quando descobri a doença. Fiquei 30 dias sozinho em Florianópolis, fazendo muitos exames, até chegar no diagnóstico”, lembra seu Dirceu, que morava à época em Concórdia, no interior de Santa Catarina, a quase 500 quilômetros da capital do estado. “Eu tinha muitos sangramentos e muita dor, é três vezes pior que uma dor de dente. Não conseguia ir para a escola, só tenho até a 4ª série”, conta ele, que, de tanto comprometimento, andava completamente arqueado.
"Ele não conseguia caminhar direito, não conseguia se abaixar para colocar a meia. Sentia muitas dores, não tinha como deitar na cama, se ajeitar para dormir, era bem difícil." detalha Queli Cristina, 37 anos, companheira de Dirceu. “Minha família me acompanhou nesse tempo todo, elas viram o meu sofrimento. Eu não ia para nenhum lugar, não me encontrava com meus amigos, porque não conseguia caminhar”, completa ele.
O aposentado foi um dos contemplados por uma ação do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS) em parceria com o Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPT/SC) e com a Fundação de Apoio ao Centro de Hematologia e Hemoterapia (HEMOSC)/Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON), conhecida como FAHECE. A ação teve por objetivo realizar cirurgias em pacientes hemofílicos com artropatia grave.
Dirceu foi beneficiado com três cirurgias, uma já feita no quadril, em outubro do ano passado, e as outras nos dois joelhos, previstas para serem realizadas em junho. Outros dois pacientes também serão beneficiados: Valdecir de Souza, que fará uma renovação da prótese do joelho direito em abril, e Lucas Ramos Mariano, que será operado nos dois joelhos em maio.
“Quando eu fizer as cirurgias dos dois joelhos, será a realização do meu grande sonho, terei uma qualidade de vida muito maior. Eu tô com 56 anos, mas tenho uma disposição de piá (rapaz) de 25 anos”, diz seu Dirceu, que agora faz planos para a retomada da vida com a mobilidade recuperada. “O que eu mais quero fazer é trabalhar na minha propriedade aqui no interior, cuidar dos animais, da roça”, planeja ele, que tem um sítio em Peritiba, na fronteira de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul.
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Notícias
24 junho 2022
Leia o relato da ucraniana que criou o emoji do Dia do Refugiado
Celebrado em 2o de junho, o Dia Mundo do Refugiado 2022 contou com um símbolo especial: um coração com uma porta aberta. Emoji único, o ícone foi criado pela refugiada ucraniana Iryna Morykvas para simbolizar o amor e a solidariedade que ela encontrou ao longo de sua jornada em busca de proteção.
Por meio de uma parceria entre o Twitter e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o emoji está disponível na plataforma até o dia 25 de junho, com a hashtag #ComOsRefugiados. O objetivo é prestar apoio às 100 milhões de pessoas que tiveram que deixar suas casas por causa de guerras e perseguições.
Artista e ilustradora de livros infantis, Iryna é uma dessas pessoas. Ela deixou a Ucrânia com seu filho de 10 anos após a invasão russa, em fevereiro, para buscar segurança na Polônia e depois na Holanda, onde atualmente está hospedada por uma família local.
“Quando fomos abrigados pela primeira vez por uma família polonesa, meu filho e eu entramos no quarto que eles nos deram. Sentei-me na cama e exalei. Tudo está seguro. Eu estou segura. Estou realmente segura. Senti o mesmo três semanas depois, quando estávamos na Holanda com uma família holandesa”, recordou a artista em relato ao ACNUR.
Foi esse o sentimento que a levou a criar o símbolo do Dia do Refugiado: “Quando abrimos a porta de nossa casa para alguém que busca proteção, abrimos nosso coração. Porque a casa é o coração da família”, sintetiza.
Leia o relato completo da artista:
“Antes da guerra, eu realmente não pensava sobre segurança. Eu morava em uma cidade linda e tranquila, pintava muito, me encontrava com amigos, viajava. Eu tenho uma família maravilhosa, um apartamento com uma linda vista para a floresta.
A guerra mudou tudo e me fez pensar rapidamente e emocionalmente. Quando a guerra chega, o que você mais deseja é que ela termine o mais rápido possível. Você só quer paz. Todos os outros medos e experiências desaparecem. Ela varre tudo que estiver em seu caminho – deixa um vazio.
Meu filho e eu decidimos deixar tudo para trás rumo a um país seguro, onde ele dormirá e viverá em paz, onde não haverá necessidade de se esconder no porão durante a noite porque mísseis estão voando no céu.
Fui movida pelo medo e desejo de proteção. Me senti como uma ave migratória voando para terras mais quentes, escapando do inverno. Levei com meu filho apenas uma mala simples e amor, amor pela criança, pelo país, pela vida, pelas pessoas e pelo mundo. Acho que a paz e o amor são os maiores valores e a base para o desenvolvimento harmonioso da sociedade.
Quando uma família nos abrigou na Holanda, eu queria fazer algo que fazia em casa. Fiz pássaros brancos, dois pássaros brancos. Usei o que tinha em mãos – uma folha do caderno do meu filho e uma faca de cozinha.
Ajuda e apoio - Na vida cotidiana, podemos confiar muito em nós mesmos, podemos planejar, fazer um esforço. Com o início da guerra, tudo muda – a sensação de segurança desaparece, há incerteza, medo, desamparo. Então, mesmo a menor ajuda é inestimável. Quando alguém dá chá quente, um cobertor, comida, um brinquedo para uma criança ou até mesmo diz algo encorajador e sorri.
Nunca esquecerei a sensação de quando meu filho e eu cruzamos a fronteira polaco-ucraniana, assustados e cansados, e fomos recebidos com sorrisos e abraços por guardas da fronteira e pessoas polonesas. Eles nos perguntaram se precisávamos de algo, se estávamos com fome ou se tínhamos um lugar para passar a noite. As crianças receberam brinquedos e doces. Um sorriso finalmente apareceu nos rostinhos assustados das crianças. Foi um grande sentimento de apoio e união, apesar da nacionalidade e do status diferente.
Casa, teto sobre sua cabeça - Um teto sobre sua cabeça é muito importante para dar uma sensação de proteção. Este teto é a sua casa, mas quando os mísseis disparam ou voam ao seu redor, você tem que deixá-lo.
Eu amo viajar. É fácil para mim me comunicar com as pessoas, mas nunca pensei que algum dia na minha vida chegaria ao ponto em que você precisa sair de casa rapidamente, somente com o seu filho e o essencial. E começar uma jornada que não foi requisitada e que não se sabe quando e onde terminará. Nesse momento você quer levar toda a sua casa com você, porque até as paredes são importantes, o cheiro é importante, a vista da janela.
Quando fomos abrigados pela primeira vez por uma família polonesa, meu filho e eu entramos no quarto que eles nos deram. Sentei-me na cama e exalei. Tudo está seguro. Eu estou segura. Estou realmente segura. Senti o mesmo três semanas depois, quando estávamos na Holanda com uma família holandesa. A princípio é inusitado, tudo é novo, quando você arruma suas coisas, faz os rituais habituais do dia a dia, mas o mais importante é que essa casa é sua – mesmo que ela seja temporária.
Quando abrimos a porta de nossa casa para alguém que precisa de segurança, abrimos nosso coração.
Porque a casa é o coração da família.”
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24 junho 2022
No Rio de Janeiro, agências da ONU debatem crise alimentar e fome
Na quarta-feira (22), as representações no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), do Programa Mundial de Alimentos (WFP), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Pacto Global da ONU, fizeram parte do painel “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Segurança Alimentar”, onde debateram a importância de trabalhar para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; e o ODS 17 – Parcerias e meios de implementação.
A atividade aconteceu no Rio de Janeiro, durante o Encontro Nacional contra a Fome, organizado pela Ação da Cidadania em parceria com 20 entidades e movimentos representativos na luta contra a fome e as desigualdades no país.
Segundo a FAO, entre 2016 e 2021, em todo o mundo, a população em crise de fome aumentou por volta de 80%, dando um salto de 108 milhões para 193 milhões de pessoas. Os choques econômicos são responsáveis por 30,2 milhões de pessoas com fome em 21 países (16% do total), e o número de países afetados por choques econômicos quase triplicou entre 2019 e 2021, devido aos impactos adversos da pandemia de COVID-19 nos meios de subsistência, rendimentos e preços dos alimentos. Já os conflitos armados representam a causa de insegurança alimentar para 139,1 milhões de pessoas.
“Existem quatro causas possíveis por trás da fome. A primeira e a mais forte é o conflito armado. Depois o choque econômico, choques climáticos, e choques sanitários, como epidemias e pragas. Hoje, estamos vivendo uma tempestade perfeita, porque estão acontecendo as quatro causas ao mesmo tempo, de diferentes maneiras, em diferentes regiões”, destacou o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala.
Já o diretor do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) no Brasil, Daniel Balaban, destacou que no mundo, atualmente, o WFP atende diversas pessoas em situações de conflito, situações climáticas adversas, entre outras situações que agravam a fome, mas infelizmente, o trabalho não é o suficiente.
Outro fator levantado pelo diretor como agravante da fome no planeta foram as guerras e conflitos armados, que, de acordo com o Instituto Estocolmo para a Paz Mundial (SIPRI), consumiram 2,2% do PIB mundial em 2021, o que representa aproximadamente dois trilhões de dólares. O valor equivale a cerca de 40 vezes o orçamento anual do WFP para levar assistência alimentar a mais de 120 países.
“O mundo tem capacidade de acabar com a pobreza. Se hoje todos os governantes do mundo fizessem um pacto de pegar 10% do dinheiro que é gasto com armas, bombas e mísseis, para construir, para dar cidadania, para fazer investimentos em políticas públicas, para ajudar crianças, investir em educação, quem sabe não teríamos mais conflitos no mundo, pois os conflitos estão relacionados com guerras, pobreza e fome”, explicou o diretor do WFP.
Em sua apresentação durante o painel, o UNICEF destacou que um dos caminhos estratégicos para acabar com a fome no mundo é apostar na primeira infância. Uma criança que tenha garantido seu desenvolvimento físico, psíquico e emocional é uma criança que vai atingir o seu desenvolvimento pleno, e um cidadão ou cidadã que tem seu direito pleno garantido certamente é quem vai quebrar o ciclo da pobreza.
Vulneráveis - O estudo “Alimentação na primeira Infância”, publicado pelo UNICEF em 2021, entrevistou 1.343 cuidadores de 1.647 crianças menores de seis anos, apoiadas pelo Bolsa Família em 21 estados brasileiros. Os resultados mostraram que 80% das crianças consumiram ultraprocessados no dia anterior à pesquisa, e que 72% das pessoas entrevistadas afirmaram que alguma criança deixou de fazer alguma refeição.
“Existe um deserto alimentar próximo as casas e domicílios das famílias mais vulneráveis, não só nos centros urbanos, mas incluindo zonas rurais, populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas”, explicou a coordenadora do território sudeste e chefe do escritório do Rio de Janeiro do UNICEF, Luciana Phebo. “O que nós queremos é que nenhuma criança ou adolescente seja deixado para trás e que a Agenda 2030 seja um farol, mas que esse caminho é agora, é hoje, tem que acontecer”, completou.
ODS - Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) só será possível se todos os agentes envolvidos no setor agroalimentar cumprirem seu papel, e o Pacto Global nasce no início dos anos 2000, justamente com o objetivo de reforçar a importância do engajamento o setor privado e das empresas nessa agenda.
A gerente sênior de Direitos Humanos e Gênero do Pacto Global da ONU no Brasil, Tayná Leite, considera que as empresas têm uma função estratégica na defesa e na implementação dos direitos humanos. “Temos um mapa bastante claro do que precisamos fazer, sabemos o que precisamos fazer, mas precisamos efetivamente agir. Precisamos que as empresas e suas lideranças entendam que não temos um planeta B, que não temos outra solução”.
O Movimento Salário Digno, uma iniciativa do Pacto Global com a ONU Mulheres, pretende garantir 100% de salário digno para todos os funcionários e funcionárias, trazendo para as famílias não só a garantia da alimentação de qualidade, mas também de diversos outros direitos essenciais como saúde, moradia, lazer e qualidade de vida. No Brasil, até o momento, mais de 10 empresas privadas assinaram esse compromisso com o Pacto Global.
O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da Ação da Cidadania e pode ser visto aqui:
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24 junho 2022
ONU lança plano de ação para enfrentar crise de deslocamento interno
Nesta sexta-feira (24), as Nações Unidas lançaram a Agenda de Ação sobre Deslocamento Interno, uma resposta ao número recorde de pessoas deslocadas devido a conflitos, desastres, emergência climática e outras tragédias. O plano descreve 31 compromissos do sistema da ONU para melhor resolver, prevenir e abordar o deslocamento interno, e pede ação de países, instituições financeiras internacionais, setor privado e outros.
No lançamento do documento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que mais deve ser feito para acabar com a crise de deslocamento. “Deixe-me ser claro: o dever de acabar com o deslocamento cabe, em primeiro lugar, aos governos. No entanto, todos nós temos a responsabilidade de agir ”, disse Guterres em uma mensagem de vídeo.
A nova agenda se baseia em um relatório de 2021 feito por um painel de alto nível convocado pelo secretário-geral para identificar e recomendar ações concretas capazes de resolver a crise de deslocamento interno.
No ano passado, um recorde de 59,1 milhões de pessoas foram deslocadas dentro de seus países, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O número divulgado em maio, através do Relatório Global sobre Deslocamento Interno (GRID), representa quatro milhões a mais do que em 2020.
Muitos estão longe de casa há anos ou mesmo décadas, e muitas passaram pelo processo de deslocamento várias vezes. Outros foram forçados a fugir mais recentemente. “Em apenas três meses, a guerra na Ucrânia expulsou 13 milhões de pessoas de suas casas e comunidades, sendo que aproximadamente dois terços deles permanecem dentro do país”, disse o chefe da ONU.
Mudanças - A Agenda de Ação pede que a ONU e seus parceiros façam mudanças fundamentais na forma como trabalham juntos para que seja feito um o progresso real. O chefe da ONU deixou claro no relatório que “mais do mesmo não é bom o suficiente”.
Os três objetivos principais são ajudar as pessoas deslocadas internamente a encontrar soluções duradouras, prevenir futuras crises de deslocamento e garantir proteção e assistência mais fortes para aqueles que atualmente estão em situação de deslocamento.
Alguns dos compromissos da ONU incluem intensificar os esforços para garantir que deslocados internos e membros de comunidades locais participem mais ativamente da tomada de decisões e soluções.
A ONU também colocará o deslocamento de forma mais sistemática em seu trabalho relacionado às mudanças climáticas, trabalhando com autoridades nacionais e locais para garantir que o deslocamento seja considerado nas políticas e planos de redução de risco de desastres.
Questões interligadas - Os três objetivos estão interligados, conforme explicado no relatório. Nenhuma solução é sustentável se outra crise estiver se aproximando. Nenhuma assistência será suficiente se os fatores subjacentes permanecerem sem solução, e a prevenção não poderá ser bem-sucedida se as crises anteriores não tiverem sido abordadas.
“A situação dos deslocados internos é mais do que uma questão humanitária”, disse o secretário-geral. “É preciso uma abordagem integrada – combinando desenvolvimento, construção da paz, direitos humanos, ação climática e esforços de redução de risco de desastres.”
Ele pediu aos parceiros que apoiem a ONU na promoção de mudanças, dizendo que “juntos, podemos aliviar o sofrimento humano e proporcionar um futuro melhor para os deslocados internos em todo o mundo”.
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24 junho 2022
UNESCO e associação policial abrem curso sobre segurança de jornalistas
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e a Associação Internacional de Polícia (IPA, na sigla em inglês) oferecerão um curso online gratuito e aberto, em âmbito mundial, para policiais e membros de instituições judiciais e de segurança pública, sobre liberdade de expressão e segurança de jornalistas.
O curso, que tem duração de cinco semanas, ocorrerá das semanas de 11 de julho a 18 de agosto de 2022. Uma versão resumida do curso também será disponibilizada em árabe, chinês, francês, português, russo e espanhol. A programação e as inscrições podem ser feitas através do site oficial da iniciativa.
O conteúdo é fundamentado nas iniciativas de capacitação da UNESCO para agentes da lei que, desde 2017, treinaram mais de 8,6 mil oficiais de segurança pública de 20 países nos temas de liberdade de expressão e segurança de jornalistas. Esta iniciativa é baseada no manual de treinamento intitulado “Freedom of Expression and Public Order” (“Liberdade de Expressão e Ordem Pública”, em tradução livre), e tem como objetivo permitir que as forças de segurança estejam mais cientes de suas obrigações legais de proteger os profissionais da mídia e melhorar as relações profissionais de trabalho entre esses dois grupos.
A UNESCO convida todas as instituições de aplicação da lei, órgãos de segurança pública, academias de polícia, policiais, jornalistas, acadêmicos e advogados de todos os países e todas as regiões que possam se beneficiar deste debate ao participar deste curso de treinamento.
A intenção é marcar um primeiro passo para a criação de uma rede mundial de autoridades policiais e de segurança pública com capacidades e conscientização reforçadas para promover e proteger a liberdade de expressão.
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24 junho 2022
ACNUR saúda Roraima por criação de comitê de atenção a refugiados
O chefe do escritório da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em Roraima, Oscar Sanchez, parabenizou a decisão do estado de fundar o Comitê Intersetorial de Atenção aos Migrantes, Apátridas e Refugiados. Presente no lançamento da iniciativa, em 21 de junho, ele reforçou a importância da ação:
“Hoje, Roraima se junta a diversos estados brasileiros que estabeleceram espaços multilaterais para a implementação de ações referentes a pessoas refugiadas, migrantes e apátridas”, pontuou. “Enquanto política setorial, tal ação possibilita tratar o diferente de forma diferente para possibilitar acesso iguais a direitos e serviços – o que gera desenvolvimento para a sociedade como um todo.”
Idealizado como um instrumento de integração social, econômica e familiar, o comitê foi lançado justamente na semana em que se observa o Dia Mundial do Refugiado, celebrado em 20 de junho, período em que pessoas e organizações se unem para falar sobre a importância de proteção, acolhimento e reconhecimento de pessoas refugiadas e migrantes, sem distinções e discriminações.
Participaram do evento os principais atores da resposta humanitária no estado e autoridades locais de Roraima, que tem sido o principal ponto de entrada de pessoas refugiadas no Brasil nos últimos anos.
“A criação deste comitê é uma ação que Roraima considera prioritária, pois pessoas refugiadas, migrantes e apátridas precisam alcançar programas sociais e econômicos”, afirmou a secretária da Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social de Roraima (SETRABES), Tânia Soares. O órgão vai liderar o comitê, formado por diversas secretarias e instituições estaduais, além de organizações não-governamentais e internacionais.
“Muitos tópicos e pastas de diferentes secretarias são parte do processo, mas a SETRABES fará esse papel por principalmente criar instrumentos para trabalho, emprego e renda, algo fundamental quando falamos de refugiados, migrantes e apátridas”, acrescentou.
Futuro - Entre os próximos passos do comitê estão o reconhecimento de ações específicas para este público alvo e a articulação de ações intersetoriais, capazes de integrar as esferas de governo. “Sabemos que em nosso estado existem mais de 90 mil pessoas que são refugiadas e migrantes. Por isso, toda administração deve considerar esse público no momento da gestão”, discursou Soares.
Sanchez aprovou a parceria: “Já fazemos parte da família SETRABES, pois estamos em um espaço cedido no edifício da secretaria. O ACNUR reforça seu compromisso em continuar apoiando as instituições locais em suas ações para o acolhimento e provimento de soluções para a população refugiada e migrante no estado de Roraima, atuando em benefício tanto desse grupo quanto da população roraimense que vem acolhendo refugiados e migrantes que se estabeleceram”.
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