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UNAIDS divulga pesquisa sobre estigma em relação a pessoas com HIV e AIDS em Porto Alegre, Recife e Salvador

21 dezembro 2020

  • Em Porto Alegre, o diagnóstico positivo influencia a maneira como as pessoas se veem e se relacionam com parentes e amigos. Na capital baiana, as pessoas vivendo com HIV e Aids entrevistadas declararam terem perdido a fonte de renda ou o emprego por ser soropositivo. Em Recife, a maioria das pessoas entrevistadas relatou que é difícil contar para a família que vive com HIV e Aids.
  • O UNAIDS, a Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero e a PUC-RS estão realizando uma série de webinários para apresentar as análises em profundidade do Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e AIDS.
Desde o início da pandemia, inúmeras formas de estigma e discriminação foram relatadas, incluindo xenofobia dirigida a pessoas consideradas responsáveis por trazer a COVID-19 para os países.
Legenda: Desde o início da pandemia, inúmeras formas de estigma e discriminação foram relatadas, incluindo xenofobia dirigida a pessoas consideradas responsáveis por trazer a COVID-19 para os países.
Foto: © Agência Brasil

Em Porto Alegre, o diagnóstico positivo influencia a maneira como as pessoas se veem e se relacionam com parentes e amigos. Na capital baiana, as pessoas vivendo com HIV e Aids entrevistadas declararam terem perdido a fonte de renda ou o emprego por ser soropositivo. Em Recife, a maioria das pessoas entrevistadas relatou que é difícil contar para a família que vive com HIV e Aids.

O UNAIDS, a Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero e a PUC-RS estão realizando uma série de webinários para apresentar as análises em profundidade do Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e AIDS.

“Estamos entrando na quarta década e não considero que tenhamos avançado em relação ao estigma e ao preconceito em relação às pessoas vivendo com HIV e Aids. Diante das pesquisas científicas e de tudo o que já se avançou em relação à prevenção e ao tratamento, é injustificável que exista ainda um estigma tão forte em relação ao HIV e à Aids, que faz com que as pessoas reduzam sua vida social e reduzam sua existência por medo de serem discriminadas e excluídas”, considera Jô Meneses, coordenadora de Programas Institucionais da Gestos.

“Desejo que as pessoas que vivem com HIV e AIDS tenham suas vozes ouvidas, seus direitos assegurados e suas demandas atendidas”, destaca Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS.

Porto Alegre - De acordo com a pesquisa, 23,8% das pessoas entrevistadas em Porto Alegre afirmam que se isolam de amigos e família em função do diagnóstico; 32,7% decidiram não fazer sexo e 26,4% decidiram não se candidatarem para uma vaga de emprego. Na cidade, 29% das pessoas que vivem com HIV perderam a fonte de renda ou emprego, ou foram rejeitadas em uma oferta de emprego em função de sua sorologia. Os dados completos da análise em profundidade de Porto Alegre encontram-se neste link.

Segundo o Boletim Epidemiológico de HIV/AIDS publicado pelo Ministério da Saúde em 2020, o Rio Grande do Sul é o estado que apresenta a maior taxa de detecção de AIDS do Brasil: 28,3 para 100 mil habitantes. A capital, Porto Alegre apresenta uma taxa ainda maior: 58,5 a cada 100 mil habitantes. Este valor é mais que o dobro do estado e 3,3 vezes maior que a taxa média do Brasil, que é de 17,8%. 

Salvador - Em Salvador, a pesquisa mostrou que 27,2% das pessoas vivendo com HIV e Aids entrevistadas declararam terem perdido a fonte de renda ou o emprego por ser soropositivo para o HIV nos últimos 12 meses. Outras 20,8% revelaram já terem sofrido assédios verbais e agressões físicas (6,8%) por viverem com HIV e Aids. As pessoas entrevistadas relataram que a forma de discriminação mais experienciada foi saber de outras pessoas que não são membros da família fazendo comentários discriminatórios ou fofocando porque se é soropositiva(o) para o HIV (53,0%). Essa forma de discriminação também aconteceu entre membros da família (50,2%).

A revelação da sorologia sem o consentimento das pessoas – um crime previsto em lei – também foi relatada. Além disso, 82,9% das entrevistas apontaram dificuldades das pessoas em revelarem que vivem com HIV e Aids. Os dados completos da análise em profundidade de Salvador encontram-se neste link.

Recife - Para 87% das pessoas entrevistadas no Recife é difícil contar para a família que vive com HIV e Aids. Entre as pessoas vivendo com HIV e Aids entrevistadas, a forma mais experienciada foi saber de outras pessoas que não são membros da família fazendo comentários discriminatórios ou fofocando porque se é soropositiva(o) para o HIV (44,7%). Mesmo entre membros da família essa forma de discriminação foi bastante relatada (42,9%), além de assédios verbais (19,3%), agressões físicas (4,3%) e até mesmo perda de fonte de renda ou emprego por ser soropositivo para o HIV (8,7%).

A discriminação provoca uma atitude de isolamento das pessoas soropositivas para o HIV. Isolamento da família ou dos amigos e não fazer sexo por ser soropositivo para o HIV são relatados por pouco menos de 30% dos participantes. Os dados completos da análise em profundidade de Recife encontram-se neste link.

Divulgação - Desde o início de novembro, o UNAIDS, a Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero e a  PUC-RS realizaram uma série de webinários para apresentação das análises em profundidade de cinco cidades (Manaus/AM, São Paulo/SP, Recife/PE, Salvador/BA e Porto Alegre/RS); e quatro populações-chave: mulheres cis, população trans, população negra, homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens.

Os webinários foram direcionados para movimentos sociais e pessoas que atuam em defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV e Aids; para profissionais de saúde; para parlamentares e profissionais que trabalham nos Poderes Legislativo e Judiciário.

Índice - O Índice de Estigma em Relação às Pessoas Vivendo com HIV e Aids no Brasil é promovida pelas Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e AIDS (RNP+); Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP); Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV e AIDS (RNAJVHA); Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans vivendo e convivendo com HIV/AIDS (RNTTHP). A pesquisa foi apoiada pelo Programa das Nações Unidas para o HIV e a Aids (UNAIDS), pela Gestos — Soropositividade, Comunicação e Gênero, e pela PUC do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Foi realizada em sete capitais: Manaus-AM; São Paulo-SP; Recife-PE; Rio de Janeiro-RJ; Brasília-DF; Salvador-BA; e Porto Alegre-RS.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNAIDS
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa