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Inclusão digital das mulheres é indispensável para recuperação sustentável na América Latina e no Caribe

24 fevereiro 2021

  • A plena participação das mulheres nas estratégias de saída da crise derivada da pandemia da COVID-19, com ênfase na sua inclusão digital e na construção de uma sociedade do cuidado, é indispensável para uma recuperação igualitária e sustentável na América Latina e no Caribe.
  • Esta é a opinião de autoridades e funcionários internacionais na inauguração da Sexagésima Reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do  Caribe, que ocorre de forma virtual até 25 de fevereiro.
Inclusão digital das mulheres é considerada essencial para recuperação da crise
Legenda: Inclusão digital das mulheres é considerada essencial para recuperação da crise
Foto: © StockSnap/Pixabay

A plena participação das mulheres nas estratégias de saída da crise derivada da pandemia da COVID-19, com ênfase na sua inclusão digital e na construção de uma sociedade do cuidado, é indispensável para uma recuperação igualitária e sustentável na América Latina e no Caribe. Esta é a opinião de autoridades e funcionários internacionais na inauguração da Sexagésima Reunião da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do  Caribe, que ocorre de forma virtual até 25 de fevereiro.

A reunião, que conta com a participação das vice-presidentes da Colômbia, Costa Rica, Equador e Uruguai, além de chanceleres, ministras da Mulher e autoridades dos mecanismos para o avanço das mulheres, entre outros representantes, é organizada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que atua como Secretaria da Conferência, em coordenação com a ONU Mulheres.

Na sessão de abertura discursaram Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL; María-Noel Vaeza, diretora regional da ONU Mulheres para as Américas e o Caribe; e Mónica Zalaquett, ministra da Mulher e da Equidade de Gênero do Chile, na qualidade de presidenta da Mesa Diretiva da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe. Participou também, de forma especial, o ministro de Relações Exteriores do Chile, Andrés Allamand.

Alicia Bárcena recordou que a pandemia da COVID-19 revelou o caráter estrutural das desigualdades de gênero na América Latina e no Caribe e a grande exposição das mulheres aos impactos da crise. Somente no setor da saúde, fortemente pressionado pela pandemia, as mulheres representam 73,2% do total de pessoas ocupadas, com uma diferença salarial de 23,7% em relação aos homens.

“Devemos impulsionar ações, políticas e alianças para proteger os avanços alcançados em termos dos direitos das mulheres, evitar retrocessos e promover uma recuperação transformadora com igualdade de gênero”, afirmou Alicia. “Para isso é urgente avançar em três frentes de forma simultânea: fortalecer a institucionalidade de gênero na resposta à pandemia, consolidar os sistemas de informação de gênero e assegurar recursos suficientes para as políticas de igualdade”, defendeu. Ela considera que essa estratégia deve considerar a inclusão digital e a construção de uma sociedade do cuidado como bases indispensáveis.

A representante da ONU Mulheres afirmou que somente com a participação efetiva das mulheres, tanto na política, como na economia e no social, a região sairá exitosa dessa crise. Ela destacou a importância da Consulta Regional Intergovernamental anterior ao 65º Período de Sessões da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher (CSW65), que será realizada durante a reunião. “Nossa região terá uma voz conjunta, moderna, uma voz que sai de Santiago para dizer onde a mulher deveria estar para alcançar uma democracia paritária”, enfatizou María-Noel Vaeza.

Na mesma linha, a ministra Mónica Zalaquett disse que é "indispensável que todas as iniciativas e estratégias de resposta, recuperação e reativação assegurem a participação das mulheres em todos os âmbitos e níveis e que tenham uma clara perspectiva de gênero”. “Temos visto como a cada dia mais países da região tomam essa direção, usando sua criatividade, flexibilidade e resiliência para impulsionar a Agenda Regional de Gênero, apesar do atual contexto adverso: esforços fiscais direcionados às mulheres, modificações legislativas para impulsionar sistemas de cuidados integrais, campanhas de corresponsabilidade, estratégias para reduzir a brecha digital e o uso de ferramentas tecnológicas para aproximar os serviços de atendimento à violência contra as mulheres são apenas alguns dos exemplos”, considerou.

O ministro chileno Andrés Allamand lembrou que o pioneiro Compromisso de Santiago, adotado na última Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e do Caribe, mostrou-se mais atual do que nunca por reunir "plataformas que permitem impulsionar a coordenação, a cooperação regional e a implementação dos acordos alcançados com novos ímpetos e vigor”.  

Durante seu discurso, Alicia Bárcena alertou sobre o aumento da pobreza e a sobrecarga de trabalho não remunerado entre as mulheres. Ela lembrou que a crise gerou um retrocesso de mais de uma década nos avanços alcançados em termos de participação no mercado de trabalho das mulheres. “É urgente avançar para uma redistribuição social do cuidado e impulsionar a economia do cuidado como um setor dinamizador para a recuperação com igualdade”, afirmou.

Para a dirigente da CEPAL, enfrentar a crise exige "pactos sociais, políticos e econômicos que garantam o cuidado como um direito, incluam uma fiscalidade redistributiva, uma provisão de bens e serviços públicos de qualidade e um aumento do investimento com diversificação produtiva de um enfoque de gênero e interseccionalidade". "E isso só é possível por meio de amplos diálogos e alianças, com plena participação das mulheres, que nos permitam avançar para a implementação efetiva da Agenda Regional de Gênero e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, concluiu.

Mais informações sobre o encontro aqui.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UN ECLAC
United Nations Economic Commission for Latin America
ONU Mulheres
Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento da Mulher

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa