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Adolescentes e jovens da periferia trazem propostas para secretários municipais do Rio

31 março 2021

  • Apresentar ações protagonizadas por jovens nas comunidades e trazer propostas para a gestão municipal. Este foi o objetivo do encontro virtual entre 30 adolescentes e jovens de diferentes favelas das zonas norte e oeste do Rio de Janeiro no último sábado (27).
  • Eles integram o projeto Geração que Move. A atividade é uma iniciativa do UNICEF e da Agência de Redes para Juventude.
  • Além dos jovens, participaram do encontro Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação; Laura Carneiro, secretária municipal de Assistência Social; Marcus Faustini, secretário municipal de Cultura; e Douglas Almeida, subsecretário municipal da Juventude.
Foto: © UNICEF

Apresentar ações protagonizadas por jovens nas comunidades e trazer propostas para a gestão municipal. Este foi o objetivo do encontro virtual entre 30 adolescentes e jovens de diferentes favelas das zonas norte e oeste do Rio de Janeiro no último sábado (27). Eles integram o projeto Geração que Move. A atividade é uma iniciativa do UNICEF e da Agência de Redes para Juventude.

Além dos jovens, participaram do encontro Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação; Laura Carneiro, secretária municipal de Assistência Social; Marcus Faustini, secretário municipal de Cultura; e Douglas Almeida, subsecretário municipal da Juventude.

O ponto central da discussão foi a garantia de oportunidades para adolescentes e jovens mais vulneráveis. “Muito se fala de jovens e adolescentes ‘nem-nem’, que ‘não estudam, nem trabalham’, como se a decisão fosse deles. Propomos mudar essa visão para: ‘nem educação, nem trabalho’. É a realidade que fecha as portas”, explica Cesar Varella, 22 anos e morador do complexo do Chapadão, na Pavuna.

“Com o projeto Geração que Move, buscamos exatamente fortalecer jovens e adolescentes mais vulneráveis no seu poder de participação. É uma geração que quer exercer o direito de se mover com segurança e também ser reconhecida como protagonista de sua cidade”, aponta Luciana Phebo, chefe do escritório do UNICEF no Rio de Janeiro.

“Jovens e adolescentes são uma potência para seu território e para a cidade”, completa Veruska Delfino, da coordenação da Agência de Redes para Juventude. “Fizemos questão de encerrar um ciclo de 11 meses de trabalho com 40 jovens e adolescentes com este encontro com os gestores municipais para que possamos ter novos desdobramentos”.

Jovens se reuniram com secretários municipais do Rio de Janeiro
Legenda: Jovens se reuniram com secretários municipais do Rio de Janeiro
Foto: © UNICEF

Diálogo  – O subsecretário da Juventude da Cidade do Rio de Janeiro, Douglas Almeida, falou sobre os desafios e medos trazidos pela pandemia. “A juventude tem medo de morrer, de ficar desconectada, de ficar de fora. Queremos combater as causas desses medos”, afirmou. Ele anunciou que serão inauguradas cinco Casas da Juventude e a primeira delas será na Pavuna – notícia recebida com animação pelos jovens e adolescentes participantes do encontro.

Junto com Cesar, a jovem Moana Couto, de 20 anos, trouxe propostas em nome do grupo. Entre elas, sugeriram que as novas Casas da Juventude dialoguem e trabalhem junto com os Centros de Referência da Juventude (do governo estadual) já existentes e muitos inativos.

Para Laura Carneiro, o grupo perguntou como melhorar o acesso e a relação do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) com os jovens dos territórios das zonas norte e oeste. “Temos muito para fazer juntos”, afirmou a secretária. “É importante lembrar que cada um dos 47 CRAS tem um orientador voltado a adolescentes”. Ela destacou também o projeto Resenha contra a COVID-19, em que estão dialogando com as lideranças comunitárias para ajudar a enfrentar a desinformação que se espalha pela comunidade.

O secretário municipal de Educação foi questionado sobre a estratégia de conectividade para atender estudantes que estão saindo do ensino fundamental para o ensino médio. Renan Ferreirinha destacou o contexto da pandemia: “Temos o compromisso de que as escolas sejam as primeiras a reabrir – uma reabertura gradual e segura. Mas precisamos assumir que vamos ter uma realidade híbrida. Precisamos dos recursos digitais. 2020 foi um fracasso em democratizar o ensino remoto”, admitiu. Ele concluiu pedindo ajuda dos jovens e adolescentes para pensar a escola do amanhã: “Precisamos de uma escuta ativa dos estudantes para termos políticas que façam sentido e tragam resultados”.

Nesse sentido, uma proposta concreta já foi trazida pelo grupo: fortalecer a conexão entre educação e cultura e criar, em uma escola de cada região representada no encontro, uma iniciativa piloto de formação e tutoria nas áreas técnicas da produção cultural.

O encontro terminou com uma pergunta sobre o programa primeiro emprego na área cultural. “Não temos neste momento uma cidade próspera, mas em reconstrução – o que abre uma grande chance de participação. Precisamos da juventude dando novo significado aos espaços culturais, como espaço de convivência e também de ajuda para resolver os problemas da comunidade”, explicou o secretário Marcus Faustini. Assim, ele destacou a proposta de promover a oportunidade de os jovens terem seu primeiro emprego na área da cultura, com isso começando a acontecer dentro da própria Secretaria.

Geração que Move – O Geração que Move é uma iniciativa do UNICEF em parceria global com a Fundação Abertis e Arteris e parceria técnica da Agência de Redes para Juventude, no Rio de Janeiro. Durante os últimos 11 meses, um grupo de 10 jovens e 40 adolescentes participaram de mais 40 encontros virtuais de formação e criação de conteúdos e ações em suas comunidades. Entre outras ações, produziram vídeos e cards para falar com outros jovens e adolescentes sobre como se prevenir em relação ao coronavírus. Também alcançaram mais de 1.000 famílias vulneráveis em suas comunidades com doações de produtos de higiene, limpeza, cestas básicas, livros, além de produzir e distribuir informação confiável de como se prevenir contra a COVID-19. No início de 2021, o grupo se dedicou a organizar a ação “Direito Não é Favor”, com produção de cartazes espalhados em pontos-chave de suas comunidades, seis murais e uma ativação digital para falar da dificuldade de acesso a direitos. Mais informações no @direitonaoefavor_rj

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa