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Conheça cinco desafios enfrentados pelo mecanismo COVAX

06 abril 2021

  • Vacinas são uma parte fundamental na solução para o fim da pandemia de COVID-19 e, desde os estágios iniciais da crise, a Organização Mundial da Saúde (OMS) argumentou que há a necessidade de uma abordagem coordenada para garantir que todos, não só aqueles que vivem em países ricos, recebam a proteção adequada contra o vírus, que se espalhou rapidamente ao redor do mundo.
  • Por meio dessa preocupação, surgiu o mecanismo COVAX, a única iniciativa global que está trabalhando com governos e fábricas para garantir que as vacinas contra a COVID-19 estejam disponíveis mundialmente para países com renda alta e baixa. Saiba os desafios que o COVAX enfrenta e como eles podem ser superados.
Os idosos estão entre os primeiros peruanos a receber vacinas contra a COVID-19 em um posto de vacinação em Lima, Peru.
Legenda: Os idosos estão entre os primeiros peruanos a receber vacinas contra a COVID-19 em um posto de vacinação em Lima, Peru.
Foto: © Jose Vilca/UNICEF



Vacinas são uma parte fundamental na solução para o fim da pandemia de COVID-19 e, desde os estágios iniciais da crise, a Organização Mundial da Saúde (OMS) argumentou que há a necessidade de uma abordagem coordenada para garantir que todos, não só aqueles que vivem em países ricos, recebam a proteção adequada contra o vírus, que se espalhou rapidamente ao redor do mundo.

Por meio dessa preocupação, surgiu o mecanismo COVAX, a única iniciativa global que está trabalhando com governos e fábricas para garantir que as vacinas contra a COVID-19 estejam disponíveis mundialmente para países com renda alta e baixa.

O objetivo do mecanismo COVAX é conseguir duas bilhões de doses de vacinas nos braços de cerca de um quarto da população dos países mais pobres até o final de 2021. Quais são os principais desafios que precisam ser superados, se esse esforço global histórico for alcançado?

1) Controles de exportação: o elo mais fraco?

No início da pandemia, o UNICEF acumulou um estoque de meio bilhão de seringas em depósitos fora dos países que as produziram. Sua previsão valeu a pena: países aplicaram controles de exportação das seringas, os preços dispararam e os recursos eram limitados.

Vários países também estabeleceram controles de exportação das vacinas, estimulando a OMS a alertar contra o “nacionalismo de vacinas”, que encoraja acumulação e tem o efeito de aumentar os preços e, assim, prolongar a pandemia.

Colocar doses nos braços das pessoas requer uma cadeia complexa e global de fornecimento. Desde os componentes necessários para produzir a vacina, até as seringas e tubos de vidro e plástico. Por causa disso, proibições e controles de exportações de qualquer um destes produtos pode causar grandes interrupções no lançamento e fornecimento das vacinas.

Em função das muitas maneiras pelas quais os controles de exportação podem limitar a oferta, países mais pobres terão uma chance muito maior de proteger seus cidadãos se eles próprios forem capazes de fabricar as vacinas.

“A OMS apoia os países em seus esforços para adquirir e manter a tecnologia e a capacidade de produção de vacinas”, disse a líder de comunicação do COVAX, Diane Abad-Vergara. “Por meio de iniciativas como a Rede de Fabricantes de Vacinas dos Países em Desenvolvimento  (DCVMN, na sigla em inglês) é possível ajudá-los a construir fábricas adicionais - especialmente na África, Ásia e América Latina - que serão essenciais para atender a demanda contínua por doses de reforço da COVID-19 e futuras vacinas.

“Expandir a produção globalmente tornaria os países pobres menos dependentes de doações dos países ricos”.

2) Conseguir vacinas para aqueles que precisam não é fácil

Embora todos os países que fazem parte do COVAX tenham a infraestrutura necessária para retirar os paletes de vacina dos aviões cargueiros e levá-los até depósitos refrigerados, as próximas etapas podem ser mais complicadas.

O coordenador global do COVAX da UNICEF, Gian Gandhi, disse que Gana, o primeiro país a receber doses do COVAX, tem um  bom histórico de distribuição de vacinas. “Mas outros países, como os da África Ocidental francófona, têm dificuldade em reunir os recursos necessários para dividir as doses e distribuí-las pelo território nas cidades e vilarejos onde elas são necessárias. Isso significa que, em muitos países pobres, a maioria das doses estão sendo distribuídas em grandes centros urbanos”.

“Nós queremos garantir que ninguém fique de fora”, disse o coordenador global do COVAX da UNICEF. “Mas, a curto prazo, a concentração de doses nas cidades significa, pelo menos, que a vacinação de profissionais da saúde e de outros trabalhadores na linha de frente nas áreas urbanas, onde a maior densidade populacional os coloca em maior risco de exposição, está sendo priorizada”.

3) Mais financiamento é necessário para ajudar a implementação nos países mais pobres

Para acelerar a distribuição das vacinas e o envio dos centros urbanos para áreas remotas é necessário recursos. "Financiamento é uma preocupação perene, mesmo na resposta à pandemia”, disse a líder de comunicação do COVAX. “Para continuar fornecendo vacinas para os 190 membros, o COVAX precisa de pelo menos 3,2 bilhões de dólares em 2021. Quanto mais rápido essa meta de financiamento for alcançada, mais rápido as vacinas podem chegar nos braços das pessoas”.

Contribuições de diversos países, especialmente da União Europeia, Reino Unidos e Estados Unidos, percorreram um longo caminho para diminuir a lacuna de financiamento da vacina. Entretanto, o financiamento para a entrega dessas vacinas é mais problemático.

O UNICEF estima que 2 bilhões de dólares adicionais são necessários para ajudar os 92 países mais pobres a pagar por itens essenciais, como geladeiras, treinamento dos trabalhadores de saúde, gastos com profissionais que aplicam as vacinas e combustível para os caminhões refrigerados; e está pedindo aos doadores que disponibilizem 510 milhões de dólares imediatamente como parte de um apelo humanitário para atender às necessidades urgentes.

4) Países mais ricos devem compartilhar as doses em excesso

O COVAX está competindo com países individualmente, fazendo negócios diretos com indústrias farmacêuticas, pressionando ainda mais sobre a oferta disponível de vacinas da COVID-19. Ao mesmo tempo, países mais ricos podem ter uma oferta excessiva de doses.

O coordenador global do COVAX da UNICEF pede que esses países compartilhem suas doses em excesso e se engajem com o COVAX o mais rápido possível. “Porque demandará uma ginástica jurídica, administrativa e operacional para levá-los onde eles são necessários. Infelizmente, atualmente, não estamos vendo muitos países de alta renda dispostos a compartilhar”.

“A atual abordagem do ‘eu primeiro’ favorece aqueles que podem pagar mais e, em última análise, custarão mais financeiramente e em termos de vidas”, alertou a líder de comunicação do COVAX. “Mas é importante observar que acordos bilaterais não evitam que um país receba doses ou contribua com o COVAX, principalmente através do compartilhamento de doses”.

5) Hesitação vacinal: um motivo contínuo de preocupação

Apesar da evidência esmagadora de que a vacinação salva vidas, a hesitação vacinal, que existe em todos os países, ainda é um problema que precisa ser constantemente abordado.

Esse fenômeno é parcialmente impulsionado pela desinformação que cerca todos os aspectos da COVID-19, que era uma preocupação antes mesmo da emergência sanitária global ser declarada e, em maio de 2020, a ONU lançou a campanha Verificado, que combate notícias falsas e mensagens distorcidas, através do compartilhamento de informações confiáveis sobre a pandemia.

“Durante a pandemia, houve uma grande quantidade de desinformação circulando”, disse a líder de comunicação do COVAX. “A OMS está trabalhando duro para combatê-la, assim como para ampliar a confiança nas vacinas e engajar diferentes comunidades.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
OMS
Organização Mundial da Saúde

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa