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Moçambique: diretor do UNICEF visita Cabo Delgado e relata drama dos que fogem da violência

15 abril 2021

  • O diretor de emergências do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Manuel Fontaine, visitou a província de Cabo Delgado, em Moçambique. A região, no norte do país africano, vive um confronto entre tropas do governo e extremistas islâmicos desde 2017.
  • Em entrevista a jornalistas, nesta terça-feira (13), o diretor de emergência do UNICEF afirmou que a crise humanitária deve durar muito tempo. Ele disse que em anos de experiência com crises humanitárias, a impressão é de existe uma crise grande e longa. Um terço da população em Cabo Delgado está vivendo fora de suas casas. Em algumas cidades que acolheram os que fugiam da violência, a população chegou a triplicar.
Em Moçambique, pessoas deslocadas internamente que fogem da insegurança em Cabo Delgado chegam de barco na praia de Paquitequete, em Pemba.
Legenda: Em Moçambique, pessoas deslocadas internamente que fogem da insegurança em Cabo Delgado chegam de barco na praia de Paquitequete, em Pemba.
Foto: © Sandra Black/OIM

O diretor de emergências do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Manuel Fontaine, visitou a província de Cabo Delgado, em Moçambique. A região, no norte do país africano, vive um confronto entre tropas do governo e extremistas islâmicos desde 2017.

Em entrevista a jornalistas, nesta terça-feira (13), o diretor de emergência do UNICEF afirmou que a crise humanitária deve durar muito tempo. Ele disse que em anos de experiência com crises humanitárias, a impressão é de existe uma crise grande e longa. Um terço da população em Cabo Delgado está vivendo fora de suas casas. Em algumas cidades que acolheram os que fugiam da violência, a população chegou a triplicar.

O diretor do UNICEF afirmou que a situação da má nutrição preocupa especialmente entre os deslocados internos.  A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o UNICEF já cadastraram mais de 16,5 mil pessoas chegando de Palma em busca de abrigo.

Uma outra ameaça é o cólera, que havia começado a diminuir na região, mas que pode aumentar com as condições atuais.

O diretor de emergência do UNICEF ouviu diretamente os deslocados internos, as famílias que acolhem os que fogem dos confrontos e autoridades locais. Ele disse estar alarmado com os relatos de violência como sequestros, violência de gênero e histórias terríveis de sofrimento por pessoas que passaram dias tentando escapar a pé, e que chegaram a Pemba com os pés inchados e marcas de ferimentos. Para ele, a crise é também de proteção.

O UNICEF já identificou 220 crianças desacompanhadas. Muitas famílias foram separadas quando os grupos armados invadiram a cidade de Palma.

Uma das crianças contou ao UNICEF que viu a mãe ser assassinada e correu para fugir dos criminosos. O pai dele, que estava em outra parte da cidade na hora do ataque, até agora não foi encontrado. 

Muitas crianças sequer conseguem articular o que aconteceu com elas por causa do trauma sofrido.

O diretor do UNICEF elogiou a solidariedade de famílias de cinco pessoas que abrigam entre 20 e 30 deslocados em casa. 

O UNICEF contou que precisa de assistência alimentar, água e itens básicos para os moçambicanos que estão fugindo da violência em Cabo Delgado. O UNICEF também quer apoiar o retorno dos alunos às aulas. 

O diretor do UNICEF disse que partes de Palma continuam inseguras para os profissionais de ajuda humanitária.

O porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (WFP), Tomson Phiri, informou que a agência está pedindo 82 milhões de dólares para levar ajuda a população. No momento, existem 950 mil pessoas passando fome severa no norte de Moçambique. 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OIM
Organização Internacional para as Migrações
UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
WFP
Programa Mundial de Alimentos

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa