Notícias

Violência de colonos israelense contra palestinos está aumentando, afirmam especialistas

15 abril 2021

  • Violência atribuída a colonos israelenses contra palestinos vivendo na Cisjordânia piorou nos últimos meses, no meio de “uma atmosfera de impunidade”, disseram os especialistas em direitos independentes nomeados pela ONU na quarta-feira (14).
  • Destacando mais de 210 incidentes e uma morte neste ano, os relatores especiais instaram as autoridades israelenses a investigarem cuidadosamente, afirmando que os militares israelenses estavam presentes “em muitos casos”.
  • Segundo os especialista, junto com a expansão das colônias israelenses, a violência dos colonos busca tornar o cotidiano dos palestinos “insustentável”.
  • Especialistas independentes em direitos fazem parte dos Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Eles trabalham de forma voluntária, não são funcionários e não recebem qualquer salário pelo trabalho.
Uma mulher palestina colhe azeitonas no território ocupado da Palestina.
Legenda: Uma mulher palestina colhe azeitonas no território ocupado da Palestina.
Foto: © Maha Kadadha

Violência atribuída a colonos israelenses contra palestinos vivendo na Cisjordânia piorou nos últimos meses, no meio de “uma atmosfera de impunidade”, disseram os especialistas em direitos independentes nomeados pela ONU na quarta-feira (14).

Destacando mais de 210 incidentes e uma morte neste ano, os relatores especiais instaram as autoridades israelenses a investigarem cuidadosamente, afirmando que os militares israelenses estavam presentes “em muitos casos”.

Crianças traumatizadas - Eles descreveram como uma família palestina foi atacada no sul de Hebrom, no dia 13 de março, por 10 colonos israelenses, alguns deles armados.

Os pais, feridos, foram tratados em um centro médico e seus oito filhos ficaram traumatizados, disseram os especialistas, incluindo o relator especial sobre a situação dos direitos humanos no Território Ocupado da Palestina desde 1967, Michael Lynk.

O alerta segue 771 incidentes de violência de colonos que causaram ferimentos a 133 palestinos e danificando 9.646 árvores e 184 veículos, principalmente nas áreas de Hebrom, Jerusalém, Nablus e Ramala, de acordo com os especialistas, citando dados coletados pelo Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Intimidação - Na declaração conjunta, Lynk disse que a violência dos colonos foi “motivada ideologicamente e principalmente destinada a dominar terras, mas também a intimidar e aterrorizar os palestinos”.

Mulheres grávidas, crianças pequenas e idosos não estavam fora de perigo, explicou o especialista em direitos, especialmente nas áreas rurais, onde o gado, as terras agrícolas, as árvores e as casas eram o alvo.

Junto com a expansão das colônias israelenses, a violência dos colonos busca tornar o cotidiano dos palestinos “insustentável”.

Aviso de despejo - Outra preocupação contínua são os relatos de que mais de 70 famílias na área de Karm Al-Ja'buni de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental, enfrentam o despejo forçado para abrir caminho para novas colônias, acrescentaram os especialistas em direitos.

Sete famílias já receberam ordens de despejo para desocupar as próprias casas até 2 de maio de 2021.

“Esses despejos forçados que levam transferências da população são estritamente proibidos pelo direito internacional”, afirmaram os especialistas.

Eles apontaram para dados da organização israelense de direitos humanos, Yesh Din, indicando que entre 2005 e 2019, 91% das investigações dos casos registrados por palestinos por crimes com motivação ideológica foram encerradas sem indiciar os militares israelenses.

“Impunidade sistêmica” - “Este número é terrível quando comparado ao número e à natureza dos crimes cometidos por colonos israelenses e comprova, mais do que qualquer coisa, a impunidade institucional e sistemática que prevalece no Território Ocupado da Palestina”, insistiram os especialistas.

Segundo o direito internacional, as potências ocupantes devem proteger a população ocupada, continuaram.

O Artigo 27 da Quarta Convenção de Genebra estipula que a população protegida “deve ser sempre tratada com humanidade, e deve ser protegida especialmente contra todos os atos de violência ou ameaças”, acrescentaram.

Especialistas independentes em direitos fazem parte dos Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Eles trabalham de forma voluntária, não são funcionários e não recebem qualquer salário pelo trabalho.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OCHA
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa