Mali vive 'momento crucial' e tem futuro democrático em risco, alerta chefe de missão da ONU
21 junho 2021
- A situação de segurança no Mali é mais preocupante do que nunca e o país requer uma ação imediata para iniciar reformas cruciais e estabelecer as bases para eleições confiáveis.
- O relatou foi feito pelo chefe da Missão de Estabilização Integrada Multidimensional da ONU em Mali (MINUSMA), El-Ghassim Wane, ao Conselho de Segurança.
- A situação no país africano se agravou após um golpe militar em 24 de maio - o segundo golpe de Estado em menos de dez meses no país.
- "O Mali está em uma conjuntura crítica e nós não podemos permitir que deslize para mais instabilidade com drásticas consequências para a sub-região e arredores”, disse o chefe da missão da ONU.
O chefe da Missão de Estabilização Integrada Multidimensional da ONU em Mali (MINUSMA), El-Ghassim Wane, apresentou um informe ao Conselho de Segurança na última segunda-feira (14). Segundo Wane, a situação de segurança no Mali é mais preocupante do que nunca e uma ação imediata é exigida agora para iniciar reformas cruciais e estabelecer as bases para eleições confiáveis no país.
Os 15 membros do Conselho ouviram, via videoconferência, que o golpe de 24 de maio - o segundo golpe de Estado em menos de dez meses no país - lançou uma sombra sobre os esforços para restaurar um governo democrático e eleito.
Uma abordagem inclusiva, um forte líder maliense e um compromisso político são todos ingredientes vitais para o sucesso das reformas, junto de um auxílio firme vindo dos parceiros internacionais como a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, informou Wane.
Instabilidade frequente - “Mali está em uma conjuntura crítica e nós não podemos permitir que deslize para mais instabilidade com drásticas consequências para a sub-região e arredores”, disse o representante da ONU.
Segundo Wane, tanto o presidente e quanto o primeiro-ministro do governo em transição, coronel Assimi Goïta e Choguel Maiga, disseram que respeitarão um calendário de transição que prevê eleições até fevereiro de 2022 e que não serão candidatos. Eles também se comprometeram a trabalhar com movimentos armados para acelerar a implementação do acordo de paz de 2015 no Mali.
‘Ação concreta’ - “Estes compromissos agora precisam se traduzir em ações urgentes e concretas, o que requer a contribuição construtiva de todos as partes envolvidas malinesas'', disse o chefe da MINUSMA.
“É chegado o tempo dos líderes malineses se erguerem acima do partidarismo político e dos interesses pessoais e trabalharem juntos de forma séria para enfrentar a crise em interesse de seu país e de seu futuro”, completou.
Sob esse aspecto, o apoio da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali permanecerá crucial, enfatizou.
Voltando à situação de segurança, afirmou que essa continua a ser uma grande preocupação no norte e centro do país, com um impacto devastador na rotina dos civis.
Já há mais malineses refugiados agora do que durante o pico da crise em junho de 2013, com muitas pessoas vivendo em condições muito difíceis.
Escolas fechadas - Wane chamou atenção aos relatos profundamente perturbadores de violações dos direitos humanos, acrescentando que as ameaças de grupos armados forçaram quase metade das escolas no centro do país a fechar.
Muitas pessoas desejam que a MINUSMA faça mais e isso é compreensível, disse o chefe da Missão. Ele afirmou que em partes remotas do país, há pouca ou nenhuma presença do Estado – deixando a missão da ONU como a única provedora de segurança e outros serviços básicos. No entanto, a Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização do Mali não tem condições de cumprir a todas as expectativas das populações locais.
Wane contou que a missão está intensificando seus esforços para informar melhor os malineses sobre seu trabalho, enquanto também incentiva uma ação mais centrada e abordagem orientada nas pessoas. Isso inclui um plano de ação para o centro do Mali, chamado An Ka Baro Kè (Vamos Conversar Juntos), que focalizará na promoção do engajamento político; aumentar a proteção de civis; fomentar o envolvimento da comunidade; coesão social e reconciliação; e facilitar o retorno da administração e dos serviços do Estado.