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Enviado especial da ONU para o Iêmen fala sobre negociações para cessar-fogo

22 junho 2021

  • “É com profundo pesar, senhor presidente, que eu relato hoje, a partir de agora, que as partes ainda não superaram suas diferenças”, disse ao Conselho de Segurança da ONU o enviado especial para o Iêmen, Martin Griffiths, a respeito do conflito protagonizado pela nação do Oriente Médio.
  • A guerra, iniciada há cinco anos, envolve as forças do governo, apoiadas pela Arábia Saudita, e o movimento Ansar Allah, também conhecido como Houthis. 
  • O enviado especial informou os embaixadores que, enquanto Ansar Allah insistiu em um acordo autônomo para portos cruciais como pré-condição para as negociações de um cessar-fogo nacional, o governo, por outro lado, deseja que todas essas questões sejam acordadas e implementadas como um pacote.
  • “Agora oferecemos soluções diferentes para unir essas posições”, disse Griffiths, sobre a mediação nas negociações. “Infelizmente, até o momento, nenhuma dessas sugestões foi aceita.”
  • Em média, pelo menos cinco civis são  mortos ou feridos no Iêmen a cada dia. Maio foi o mês mais sangrento deste ano, com mais de 60 pessoas mortas em todo o país.
Legenda: Uma família no campo de Al Dhale'e para pessoas deslocadas pelo conflito no Iêmen
Foto: © Mahmoud Fadel/UNOCHA

Na última semana, um enviado externo ao Conselho de Segurança das Nações Unidas fez um comunicado oficial sobre a situação do Iêmen. Martin Griffiths, que foi nomeado em 2018, descreveu o conflito civil protagonizado pela nação do Oriente Médio como uma "história de oportunidades falhadas e depois perdidas", referindo-se às esperanças de paz frustradas. 

Desde a nomeação, Griffiths trabalhou na mediação de esforços para encerrar cinco anos de combates entre as forças do governo, apoiadas pela Arábia Saudita, e o movimento Ansar Allah, também conhecido como Houthis. “Como vocês sabem, há um ano e meio tenho conduzido ciclos de diplomacia com as partes”, lembrou, no comunicado. “É com profundo pesar, senhor presidente, que eu relato hoje, a partir de agora, que as partes ainda não superaram suas diferenças”.  

Esperança de um cessar-fogo - Griffiths descreveu o Iêmen como "uma história de oportunidades falhadas e depois perdidas". Ele informou aos embaixadores que Ansar Allah insistiu em um acordo autônomo para os portos cruciais em Hudaydah e no aeroporto de Sana'a, como pré-condição para as negociações de um cessar-fogo nacional e o lançamento do processo político. 

O Governo, por outro lado, deseja que todas essas questões sejam acordadas e implementadas como um pacote, com foco particular em estabelecer o cessar-fogo. “Agora oferecemos soluções diferentes para unir essas posições”, disse ele. “Infelizmente, até o momento, nenhuma dessas sugestões foi aceita.” 

“Espero muito, muito mesmo, tenho certeza que todos nós, que os esforços empreendidos pelo Sultanato de Omã, assim como por outros, mas pelo Sultanato de Omã em particular, após minhas próprias visitas a Sana'a e Riade, vai dar frutos e que em breve veremos um rumo diferente no destino do Iêmen”. 

Sensação de segurança - O enviado da ONU enfatizou que o cessar-fogo “teria um valor humanitário inegável”, pois abriria estradas vitais e criaria uma sensação de segurança para os cidadãos. “Deixe-me ser claro, o fechamento contínuo do aeroporto de Sana'a, assim como as extensas restrições de combustível nos portos de Hudaydah, não são justificáveis ​​e devem ser resolvidos com urgência”, acrescentou. 

Griffiths destacou a necessidade de um processo político inclusivo no Iêmen, e um acordo, para escapar dos ciclos de violência e conflito. 

“Um acordo político precisará refletir os interesses das diversas partes do conflito. Deve garantir os interesses e os direitos dos mais afetados pelo conflito, e não apenas daqueles que o perpetuam e lideram”, afirmou. 

No mês passado, foi anunciado que Griffiths assumirá o cargo de coordenador humanitário da ONU. Ele começou seu comunicado observando que o Iêmen continua sendo a pior crise humanitária do mundo provocada pelo homem e que encerrar a guerra é uma escolha.  

“Homens, mulheres e crianças iemenitas sofrem todos os dias porque as pessoas com poder perderam as oportunidades que lhes foram apresentadas, de fazer as concessões necessárias para acabar com a guerra”, disse ele.  

“Como resultado, os iemenitas são obrigados a viver sob a violência, a insegurança e o medo, com limites à sua liberdade de movimento e de expressão. E talvez o mais trágico de tudo, somos uma testemunha das esperanças e aspirações de uma geração de jovens iemenitas com um futuro de paz sendo destruído”.

“Dê uma chance à paz” - Em média, pelo menos cinco civis são  mortos ou feridos no Iêmen a cada dia, disse o coordenador humanitário da ONU, Mark Lowcock, ao Conselho. Maio foi o mês mais sangrento deste ano, com mais de 60 pessoas mortas em todo o país. 

Enquanto isso, embora as agências humanitárias estejam ajudando mais de 10 milhões de pessoas todos os meses, elas ainda enfrentam muitos obstáculos, principalmente nas áreas sob o controle Houthi. 

Lowcock lembrou que pouco depois de assumir o cargo de "chefe de socorro" da ONU em 2017, ele apelou por cinco medidas para ajudar o Iêmen: parar a guerra, melhor proteção para os civis, maior acesso para trabalhadores humanitários, mais financiamento para operações de ajuda e mais apoio à economia. “Quase quatro anos depois, essas ainda são as coisas que pedimos todos os meses”, disse ele . 

“Há um amplo acordo sobre o que fazer, inclusive no Conselho de Segurança, e precisamos traduzir esse acordo em ação”, continuou ele. “Isso significa que todos - especialmente as partes no conflito - devem agir em todos os cinco pontos que estamos discutindo aqui há anos”. Ele afirmou que não deveria haver quaisquer pré-condições para um cessar-fogo. 

“A guerra não resolveu nada. Experimente algo diferente. Dê uma chance à paz".

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OCHA
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários
ONU
Organização das Nações Unidas

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