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PNUMA propõe nova estrutura de medição para sistemas alimentares

21 julho 2021

  • Impulsionar a produção de alimentos positivos para a natureza pode favorecer a economia. Para ressaltar isso, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) propõe uma mudança na forma de avaliar a produção de alimentos e seu impacto.
  • O foco atual unicamente na produção por hectare nas fazendas negligencia os impactos ecológicos, sociais e econômicos decorrentes da produção agrícola insustentável, como poluição por fertilizantes, aumento dos riscos de propagação de doenças humanas e animais, perda de biodiversidade, degradação do solo e emissões de gases de efeito estufa.
  • A mudança proposta busca tornar visíveis esses impactos negativos muitas vezes ocultos e promover sistemas alimentares que fornecem benefícios para as pessoas e o planeta, dando visibilidade aos seus impactos positivos positivos.
  • O tema será discutido na ONU em setembro, na primeira Cúpula Internacional de Sistemas Alimentares.
Legenda: A produção de alimentos positivos para a natureza pode favorecer a economia
Foto: © Aude Rossignol 2017/PNUD

A primeira Cúpula Internacional de Sistemas Alimentares do mundo está marcada para setembro de 2021 e visa incentivar o compromisso e a ação global para transformar nossos sistemas alimentares. Com quase 690 milhões de pessoas passando fome em 2019, e a maioria das práticas agrícolas atuais levando à perda de biodiversidade e ao aquecimento global, há uma necessidade urgente de fazer um balanço e mudar de direção.

A chefe de Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (TEEB) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Salman Hussain, explica que impulsionar a produção de alimentos positivos para a natureza pode favorecer a economia. Ela propõe uma nova maneira de medir a produção de alimentos e seu impacto.

“As ações revolucionárias para impulsionar a produção de alimentos positivos para a natureza incluem soluções que têm efeitos positivos na garantia de oportunidades de subsistência equitativas, no avanço da saúde humana e na regeneração da integridade ambiental”, defende a chefe da iniciativa que busca dar visibilidade ao valor da natureza nos sistemas agrícolas.

Hussain afirma que a agricultura intensiva tem desvantagens ambientais e econômicas, que incluem poluição de nutrientes pelo escoamento de fertilizantes, aumento dos riscos de propagação de doenças humanas e animais, perda de biodiversidade devido à monocultura e remoção de árvores e sebes, degradação do solo e emissões de gases de efeito estufa. Estes impactos, geralmente não são mensurados. No entanto, o relatório Fazer as Pazes com a Natureza do PNUMA constata que a perda de polinizadores como as abelhas e outros insetos ameaça a produção anual de safras globais entre US$ 235 bilhões e US$ 577 bilhões.

Para ela, o desenvolvimento das últimas décadas ocorreu às custas na natureza, o capital produzido e o capital humano, como estradas e habilidades, aumentaram 13% desde o início da década de 1990. No entanto, o estoque de recursos naturais renováveis e não renováveis do planeta diminuiu quase 40% no mesmo período.

“Se não mudarmos de direção, os agricultores e consumidores perderão”, alerta Hussain.

“A produção de alimentos positivos para a natureza consiste em repensar como avaliamos e, em seguida, transformamos os sistemas alimentares para incentivar uma mudança desses impactos negativos muitas vezes ocultos e promover sistemas alimentares que fornecem benefícios positivos ocultos”, afirma a especialista do PNUMA.

O TEEB para Agricultura e Alimentos propõe uma nova estrutura de medição, que retire o foco único na produção por hectare nas fazendas - uma medida que negligencia os impactos ecológicos e sociais decorrentes da produção agrícola insustentável. A proposta inclui a miríade de impactos positivos e negativos e dependências que o sistema alimentar tem sobre a natureza (e vice-versa) e traz à tona trade-offs que são tipicamente invisíveis.

“Sempre que for possível e apropriado fazer isso, estimamos o valor desses impactos e dependências em termos monetários, o que muitas vezes direciona a tomada de decisões. Mas tentamos garantir que outras avaliações (não monetárias) também sejam incluídas”, explica Hussain.

Para ela, essas ações precisam ser implementadas em escala suficiente para atingir uma grande parcela da população com resultados claros, oportunos e verificáveis que produzam impactos significativos até 2030.

“Alimentar a humanidade, garantindo a segurança hídrica e energética e aprimorando a conservação, restauração e sustentabilidade o uso da natureza são Objetivos de Desenvolvimento Sustentável complementares e interdependentes”, defende Hussain. “Alcançar esses objetivos requer sistemas alimentares que trabalhem com a natureza, reduzam o desperdício e sejam adaptáveis às mudanças e resilientes a choques”.

Sobre a Cúpula – O secretário-geral da ONU, António Guterres, convocará a Cúpula dos Sistemas Alimentares das Nações Unidas em setembro de 2021, durante a Assembleia Geral, em Nova Iorque.

A Cúpula tem cinco objetivos principais: garantir o acesso a alimentos seguros e nutritivos para todos; mudar para padrões de consumo sustentáveis; promover meios de subsistência equitativos; construir resiliência a vulnerabilidades, choques e estresse; e aumentar a produção positiva para a natureza.

Um evento preparatório para a Cúpula será realizado em Roma na próxima semana, de 26 a 28 de julho.

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