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2021 é um ano crucial para ação climática

04 agosto 2021

  • 2021 tem sido um ano de eventos climáticos extremos, como as ondas de calor e inundações no verão europeu. Para a diretora executiva adjunta do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Joyce Msuya, o clima extremo já é o "novo normal".
  • Esta semana, cientistas e representantes de 195 países estão reunidos na 54ª Sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para revisar a avaliação mundial mais abrangente sobre o nosso clima - o Sexto Relatório de Avaliação, que terá sua primeira parte lançada em breve.
  • Além disso, neste ano está sendo discutido o futuro e o desenvolvimento pós-pandemia, com planos de recuperação sendo lançados em todo mundo. No final do ano, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), em Glascow, deve reunir líderes de todo mundo para discutir metas e ações para o clima.
  • Para a funcionária do PNUMA, 2021 deve marcar o início da "era da ação": "não é tarde demais, mas precisamos recuperar o tempo perdido".
inundação cobre placa de trânsito
Legenda: Com intensificação dos eventos climáticos extremos, como enchentes e inundações, a adaptação climática precisa estar entre as prioridades de ação
Foto: © Kelly Sikkema/Unsplash

Esta semana, cientistas e representantes de 195 países estão reunidos na 54ª Sessão do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para revisar a avaliação mundial mais abrangente sobre o nosso clima - o Sexto Relatório de Avaliação. Os relatórios do IPCC sustentaram historicamente a ação climática global e influenciaram as decisões para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Olhar para a crise climática neste momento é em que os países investindo quantidades sem precedentes de recursos para impulsionar a economia global é essencial para um recuperação segura e sustentável. De acordo com o Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2020 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), investir na recuperação verde pós-pandemia poderia cortar 25% das emissões de gases de efeito estufa até 2030.

"Embora a crise climática - junto com a perda de biodiversidade e poluição - esteja em curso há décadas, a pandemia de COVID-19 colocou em foco esta tripla crise planetária", analisa a diretora executiva adjunta do PNUMA, Joyce Msuya.

"É um aviso do planeta que algo muito pior está reservado, a menos que mudemos nossos hábitos", afirma Msuya. "Essas crises ameaçam nosso futuro coletivo e é hora de agir".

De acordo com a especialista do PNUMA, o clima extremo já é o "novo normal". Da Alemanha à China, ao Canadá ou aos Estados Unidos - incêndios florestais, inundações, ondas de calor extremas foram vistas neste verão no hemisfério norte. "É uma lista trágica e sempre crescente", alerta a diretora da agência.

Msuya considera 2021 um ano crucial para a ação climática. Além das decisões sobre o desenvolvimento pós-pandemia,  é o ano da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26). É também o ano para chegar a um acordo sobre um Quadro Global da Biodiversidade Pós-2020 e marca o início da Década da ONU da Restauração de Ecossistemas.

"2021 deve marcar o início da era da ação. E deve ser o ano em que a ciência reina suprema", defende.

Ela destaca que um número crescente de países está se comprometendo com metas líquidas de zero, mas que, para permanecer dentro do limite de 2°C e ter uma chance na meta de 1,5°C, os compromissos precisam ser traduzidos em políticas e ações.

"Não é tarde demais, mas precisamos recuperar o tempo perdido", reforça, destacando três áreas de ação: financiamento para adaptação, foco em soluções baseadas na natureza nas  Contribuições Nacionalmente Determinadas atualizadas e união das agendas da natureza e do clima.

Clima e saúde - A emergência climática é também uma questão de saúde. Estudos relatam que a maioria (aproximadamente 60%) das doenças infecciosas emergentes são de origem animal e, como a COVID-19, podem ser transferidas entre animais e humanos. À medida que a população mundial chega aos 8 bilhões, a mudança no uso da terra e o desenvolvimento colocam humanos e animais em contato mais próximo, tornando mais fácil para as doenças zoonóticas se espalharem para as populações humanas.

Segundo Msuya, isso ocorre à medida que os habitats são destruídos e as espécies especializadas nesses habitats são substituídas por espécies generalistas, como morcegos e roedores - ambos os quais são mais propensos a transportar patógenos zoonóticos do que a maioria dos outros grupos de mamíferos - aumentando assim o risco de transbordamento zoonótico. Isso ocorre porque as atuais espécies hospedeiras da doença estão menos disponíveis e, portanto, permitem que as doenças sejam transferidas para outras espécies e, por sua vez, para os humanos. Nos últimos 50 anos, a produção de carne também aumentou 260% e, hoje, represas, irrigação e fazendas industriais estão ligadas a 25% das doenças infecciosas.

"A pandemia é um lembrete da interconexão entre os humanos e o meio ambiente, e os impactos potenciais da transferência de doenças entre espécies - cujo risco aumenta significativamente com a degradação do meio ambiente", destaca a funcionária do PNUMA.

Sobre o IPCC - O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) é o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) para avaliar a ciência relacionada às mudanças climáticas. Foi estabelecido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988 para fornecer aos líderes políticos avaliações científicas periódicas sobre as mudanças climáticas, suas implicações e riscos; e propor estratégias de adaptação e mitigação. Tem 195 estados membros.

Todas as publicações do Painel representam um processo rigoroso da comunidade científica global. O relatórios anteriores ajudaram a estabelecer as ações humanas como causa do aquecimento global, a preparar um caminho para o histórico Acordo do Clima de Paris e a conquistar o compromisso de limitar o aumento da temperatura. 

O primeiro componente do relatório completo a ser lançado representa o maior esforço colaborativo já feito, com 234 autores, informações de 14.000 artigos científicos e revisões de 750 especialistas e 47 governos.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

PNUMA
Programa das nações Unidas para o Meio Ambiente

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa