140 milhões de alunos deixam de entrar na escola este ano, mostra UNICEF
26 agosto 2021
- Momento marcante na vida de uma criança, o primeiro dia de aula foi novamente adiado devido à pandemia de COVID-19, que fechou portas para 168 milhões de estudantes em diferentes regiões do mundo.
- Para cerca de oito milhões desses alunos, a espera pelo primeiro dia de aprendizagem presencial foi de mais de um ano, e continua contando.
- Quanto ao alcance do ensino remoto, o UNICEF diz que, mesmo com ampliação da modalidade, pelo menos 29% dos alunos do ensino fundamental foram deixados de fora.
- A diretora-executiva da agência lembra que, mesmo que as aulas estejam sendo retomadas em muitas partes do mundo, milhões de alunos da primeira série aguardam para ver o interior de uma sala de aula há mais de um ano.
- Os mais atingidos são os alunos em condição de vulnerabilidade, para quem o adiamento do retorno às escolas aumenta o risco de “nunca entrarem em uma sala de aula na vida”.

Mais de 140 milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo perderam o primeiro dia do ano letivo devido à pandemia de COVID-19. O dado é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que chama a atenção da comunicade internacional para os problemas causados pelo fechamento prolongado de instituições de ensino, especialmente para alunos em estágios de desenvolvimento considerados críticos.
Sofrimento - Para cerca de oito milhões desses alunos, a espera pelo primeiro dia de aprendizagem presencial foi de mais de um ano e continua contando. Quanto ao alcance do ensino remoto, o UNICEF diz que, mesmo com ampliação da modalidade, pelo menos 29% dos alunos do ensino fundamental foram deixados de fora.
A publicação revela também que muitas crianças sentirão o efeito da privação em diferentes áreas além do aprendizado. Desgaste mental, perda de vacinação e alto risco de abandono escolar são algumas das consequências. Outro ponto é que, quanto maior o adiamento para a estreia escolar, menor a probabilidade dessas crianças e adolescentes ingressarem no sistema educacional por ficarem mais expostos à violência e práticas como trabalho e casamento infantis.
Escolas fechadas - No ano passado, uma média de 79 dias de ensino foram perdidos no mundo devido ao fechamento das escolas. Para cerca de 168 milhões de alunos, as escolas ficaram fechadas durante 2020 inteiro.
Vários deles estão no segundo ano consecutivo de ausência num período em se “estabelecem os fundamentos para o futuro aprendizado, com introduções à leitura, escrita e matemática”, expõe o UNICEF. Fora das escolas, as crianças sofrem uma “perda da independência, da capacidade de se adaptar a novas rotinas e de desenvolver relacionamentos significativos com professores e alunos”.
Bem-estar - O estudo recomenda que docentes identifiquem e abordem atrasos de aprendizagem, além de problemas de saúde mental e abusos que podem afetar negativamente o bem-estar infantil.
Sobre o tema, a diretora-executiva do UNICEF, Henrietta Fore, conta que o primeiro dia de aula é um momento marcante na vida de uma criança, introduzindo-a em um caminho de mudança de vida de aprendizado e crescimento pessoal.
Para Fore, mesmo que as aulas estejam sendo retomadas em muitas partes do mundo, milhões de alunos da primeira série ainda aguardam para ver o interior de uma sala de aula há mais de um ano. Outros milhões podem não ter a oportunidade durante este ano letivo. Para os mais vulneráveis, aumenta o risco de “nunca entrarem em uma sala de aula na vida”.