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Ataques aéreos em cidade da Etiópia preocupam ONU

19 outubro 2021

O secretário-geral da ONU expressou preocupação diante de dois ataques aéreos realizados em áreas urbanas residenciais na região de Tigray, na Etiópia. Os bombardeios provocaram a morte de três crianças, feriram 10 pessoas e deixaram danos nas infraestruturas da cidade de Mekele.

O episódio representa a escalada de um conflito civil no noroeste do país que começou há um ano, envolvendo os militares etíopes e a Frente de Libertação do Povo Tigray, a principal força política na região.

A região enfrenta hoje uma grave crise humanitária. A falta de suprimentos essenciais, como dinheiro e combustíveis, está afetando as operações de ajuda humanitária ao Tigray, onde mais de 90% das pessoas precisam de ajuda e cerca de 400 mil estão vivendo em condições semelhantes à fome.

Legenda: A crise humanitária em Tigray é uma das maiores do mundo, com cerca de 400 mil pessoas vivendo em condições semelhantes à fome
Foto: © Saviano Abreu/OCHA

Na segunda-feira (18), áreas residenciais na região do Tigray, na Etiópia, sofreram bombardeios aéreos, segundo informes recebidos pelas Nações Unidas. Os ataques provocaram a morte de três crianças, feriram 10 pessoas e deixaram danos nas infraestruturas da cidade.

Os ataques ocorreram nos arredores da área urbana de Mekele. De acordo com relatos, o primeiro ataque teria causado a morte de três crianças e uma pessoa ficou ferida. Mais tarde na segunda-feira, um segundo ataque aéreo teria ferido nove pessoas e causado danos a casas e a um hotel próximo.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que a organização está verificando os detalhes, mas sua maior preocupação é com o impacto nos civis que moram e trabalham nessas regiões. 

De acordo com agências de notícias estatais, as autoridades confirmaram os ataques. O objetivo era atingir “as instalações de comunicações e armas dos rebeldes” da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF).

O conflito - Segundo Dujarric, o secretário-geral está preocupado com a escalada do conflito no nordeste da Etiópia. Os combates tiveram início há um ano atrás, na região Tigray, entre os militares do país e a forças separatistas da Frente de Libertação Povo Tigray, a principal força política na área. Milhares de pessoas temem a morte em meio a alegações de abusos generalizados contra os direitos humanos, com mais de dois milhões de deslocados.

Nos últimos meses, a necessidade de ajuda humanitária aumentou devido aos assassinatos, saques e destruição de centros de saúde e de infraestruturas agrícolas, que inclui os sistemas de irrigação vitais para a agricultura.

Consequências para os civis - O Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) pediu acesso humanitário irrestrito e contínuo a todas as pessoas que precisam de suprimentos, combustível, dinheiro e outros tipos de apoio em Tigray.

De acordo com o escritório, existem centenas de trabalhadores humanitários no norte da Etiópia “prontos para responder às necessidades existentes e crescentes, independentemente de onde se encontram”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, frisou que todas as partes devem evitar atingir a população e infraestruturas civis e reforçou seu pedido para o fim dos combates, segundo o porta-voz da organização.

Stéphane Dujarric informou que “Guterres solicitou que as partes priorizem o bem-estar das pessoas e forneçam o suporte necessário para o fluxo da assistência humanitária, incluindo o apoio no transporte de combustíveis e medicamentos”.

A falta de suprimentos essenciais, especialmente de dinheiro e combustíveis, está afetando as operações de ajuda humanitária no Tigray, onde mais de 90% das pessoas precisam de ajuda e cerca de 400 mil estão vivendo em condições semelhantes à fome.

Segundo Dujarric, a população está “em meio ao fogo cruzado e o conflito em si está nos forçando a reduzir as operações de ajuda quando as pessoas mais precisam da distribuição de alimentos, água e serviços de saúde”.

Assistência humanitária - A comunidade humanitária, que atua na região do Tigray, alertou nesta terça-feira (19) que a intensificação do conflito é alarmante na área do extremo norte. Por isso, as agências voltam a pedir acesso irrestrito e contínuo aos necessitados.

O OCHA lembrou que “as partes em conflito têm que cumprir suas obrigações com o Direito Internacional Humanitário de proteção da população e da infraestrutura civil”.

De acordo com o Direito Internacional Humanitário, todas as partes têm obrigação de proteger os civis e as infraestruturas civis. Isso inclui os empregados humanitários que trabalham incansavelmente para assistir milhões de civis.

O conflito se alastrou para as áreas vizinhas, Amhara e Afar, onde a capacidade de se chegar a pessoas em extrema necessidade de assistência também está prejudicada.

Nas três regiões (Tigray, Amhara e Afar), mais de sete milhões de pessoas precisam urgentemente de ajuda alimentar, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (WFP). A maior parte deles, cerca de 5,2 milhões, estão no Tigray.

A ONU está pedindo que todas as partes permitam e facilitem a passagem livre e rápida da ajuda humanitária e de seus trabalhadores, para todas as áreas que precisam, incluindo aquelas afetadas pelos combates recentes.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OCHA
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários
ONU
Organização das Nações Unidas
WFP
Programa Mundial de Alimentos

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