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Jovens são exemplos da mudança durante Cúpula da Juventude da ONU

19 novembro 2021

Jovens se reuniram em Genebra, na Suíça, para a Cúpula da Juventude da ONU, onde compartilharam exemplos e histórias sobre ação e mudança em comunidades pelo mundo.

Seis jovens receberam destaque por seus projetos. É o caso das desenvolvedoras de aplicativos, Gitanjali Rao (EUA) e Stacy Dina Adhiambo Owino (Quênia), que criaram apps contra bullying online e mutilação feminina, respectivamente. 

A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em sua mensagem de abertura, destacou a importância da juventude para desafiar a discriminação, a injustiça e as desigualdades no mundo, e reforçou o compromisso da ONU na proteção de jovens ativistas pelo mundo. 

Angelina Jolie, também registrou sua mensagem de apoio à juventude e garantiu que são os jovens a geração que pode “realmente ser capaz de tirar nosso mundo do abismo e nos colocar em um caminho melhor”.

Legenda: Na foto estão cinco dos seis jovens agentes de mudança que foram homenageados na Cúpula de Jovens Ativistas de 2021, realizada em Genebra
Foto: © Magali Girardin

Jovens ativistas trocaram histórias inspiradoras e exemplos sobre como impulsionar mudanças positivas em comunidades e para o meio ambiente durante a Cúpula da Juventude da ONU na quinta-feira (18).

Seis convidados foram homenageados no evento em Genebra, incluindo o restaurador de recifes de coral de 22 anos, Titouan Bernicot, e a inventora de um aplicativo anti-cyberbullying de 15 anos, Gitanjali Rao.

O encontro da ONU também proporcionou reuniões bilaterais e workshops que ajudaram os jovens ativistas a desenvolverem seus projetos de uma forma que seja mais significativa.

Representando a América Latina, o peruano José Quisocala, de 16 anos, afirmou que a grande vitória da Cúpula foi falar sobre meio ambiente - o que inclui seu projeto Banco Verde, que ajuda os alunos a economizar dinheiro e reciclar. 

“O melhor da cúpula é que mostra que o que estou fazendo é importante, isso significa muito para mim. E significa também que mais pessoas no mundo terão a chance de aprender sobre o que eu faço”, revelou o jovem ativista peruano.

Verificação contra bullying - A jovem Rao, que é norte-americana e também a primeira Kid Of The Year (Criança do Ano) da revista TIME, disse ao público presente na cidade suíça e online que seu novo aplicativo para smartphone, chamado Kindly, foi projetado para fazer os agressores reconsiderarem o envio ou a revisão de mensagens potencialmente prejudiciais online. O aplicativo está em teste final e estará disponível em questão de semanas.

O aplicativo de Rao funciona através de algoritmos que identificam frases ou termos que podem ser considerados bullying quando alguém está enviando uma mensagem de texto, e-mail e postagens nas redes sociais.  

“É quase como a verificação ortográfica do bullying; o app alerta: 'Isso pode não ser a coisa certa a dizer', mas dá a você a chance de enviar ou não. Eu li um artigo que diz que leva apenas sete segundos para um adolescente reavaliar o que está enviando - e vamos dar a eles esses sete segundos por meio do Kindly”, explica Rao. 

Segundo a jovem, a criatividade construtiva é necessária para resolver os muitos desafios imprevistos que estão impedindo o desenvolvimento sustentável e o respeito pelos direitos e bem-estar das pessoas, como as mudanças climáticas e o assédio digital. 

Coral milagroso - O restaurador de recifes de coral de 22 anos, Titouan Bernicot, explicou como ele encontrou sua missão aos 16 anos, depois de ver a vida marinha “desaparecer diante de meus olhos” enquanto nadava na Polinésia Francesa. 

Depois de convencer seus pais de que precisava salvar os recifes, o jovem de 18 anos deu uma pausa nos estudos e transformou seu quarto em um escritório para criar o Coral Gardners, um movimento global para proteger os oceanos.

O ativista insistiu que é bastante simples “cultivar” ramos de coral, mesmo quando parte da biodiversidade de coral esteja perdida com o branqueamento, fenômeno que causa perda de coloração devido a diversos fatores como mudanças de temperatura, luz ou nutrientes nos oceanos.

Titouan visa coletar os chamados “super corais”, que são mais resistentes às mudanças climáticas. Até o momento, mais de 15.000 corais foram replantados em Moorea, na Polinésia Francesa.

Compaixão queniana - Stacy Dina Adhiambo Owino, de 21 anos, do Quênia, explicou como ela e seus amigos, The Restorers, criaram um aplicativo iCut para prevenir a mutilação genital feminina. 

Apesar de ser ilegal no Quênia, a prática tradicional continua como um rito de passagem para a idade adulta antes que as meninas completem 15 anos.

Owino explicou que as normas de gênero estabelecidas há muito tempo e as atitudes patriarcais continuaram a impulsionar a prática. A pobreza, segundo ela, também continua a ser um fator fundamental, pois algumas famílias não podem ter esperança de casar suas filhas ou receber um dote a menos que estas sejam vítimas da prática. 

“A tradição é algo difícil de abordar e recusar, principalmente quando se é uma mulher e jovem, isso é uma desvantagem”, contou descrevendo a resistência encontrada à causa, e complementou otimista: “Mas então você se lembra das suas razões, por que você está fazendo isso, e é isso que nos manteve e nos estimulou a continuar lutando contra a mutilação: essas são meninas que precisam ser protegidas.”

Futuro da agricultura - Louise Mabulo criou uma iniciativa de agricultura sustentável nas  Filipinas, chamada The Cacao Project. Ela descreveu sua experiência na Cúpula como algo muito positivo: “Sei que tudo o que aprendi aqui posso retomar, inclusive redes e oportunidades, que vão beneficiar centenas de agricultores da minha cidade”.

O projeto consiste em fornecer mudas de cacau aos agricultores e ensiná-los a produzir o fruto de maneira sustentável. Até o momento, ela plantou 85 mil árvores em 85 hectares e treinou mais de 200 agricultores.

Visão dos refugiados - Para Lual Mayen, um refugiado do Sudão do Sul que criou um videogame para aumentar a conscientização sobre como é fugir da violência, a Cúpula permitiu que ele se conectasse através da Agência das ONU para Refugiados, o ACNUR . 

Ele insistiu e argumentou que os refugiados podem contribuir para a economia mundial.  

“As pessoas não precisam olhar para eles de uma forma que sejam um fardo. Podemos nos tornar quem somos, podemos nos tornar empreendedores, podemos nos tornar desenvolvedores, podemos tornar o mundo um lugar melhor,” reforçou o jovem refugiado. 

Um recado de Hollywood - Os ativistas até receberam uma mensagem especial de Hollywood. A atriz Angelina Jolie apareceu com palavras de encorajamento . 

“É aqui que reside a força de vocês, encontrar-se, crescer juntos, agarrar-se ao que é verdadeiro e justo e insistir nas soluções”, indicou a atriz. “Eu acredito que sua geração pode realmente ser capaz de tirar nosso mundo do abismo e nos colocar em um caminho melhor. Estamos ouvindo, então falem e falem alto”.

Compromisso da ONU - Em seu discurso na Cúpula, a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, elogiou jovens ativistas em todo o mundo por “desafiar a discriminação, a injustiça e as desigualdades e por gerar avanços no mundo”.

Ela alertou, no entanto, que o trabalho de campanha da juventude muitas vezes tem um custo. Em muitos países os jovens enfrentam ataques, intimidação e assédio. Os jovens ativistas geralmente têm menos meios para se proteger e também são desproporcionalmente atingidos pela violência durante as assembléias pacíficas, explicou a oficial dos Direitos Humanos da ONU.

Para resolver este problema, Bachelet observou que seu escritório está co-liderando os esforços das Nações Unidas para desenvolver orientações para a proteção dos defensores dos direitos humanos ambientais - incluindo os jovens.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos
UNDGC
United Nations Department of Global Communications

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa