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Fome em Madagascar é 'face humana' da crise climática

22 novembro 2021

Mais de 1,3 milhão de pessoas estão enfrentando fome severa em Madagascar devido aos impactos da crise climática, com a pior seca dos últimos 40 anos, combinada com tempestades de areia e pestes.

Apesar de estar sendo duramente afetada, o país e a região estão entre os que menos contribuíram para as mudanças climáticas.

O coordenador humanitário enviado pela ONU para a região fez um apelo à comunidade internacional para que dê suporte ao país para evitar uma catástrofe humanitária.

Uma mãe alimenta seu filho em casa no distrito de Tshombe, Madagascar, onde quase 55 por cento da população enfrenta grave insegurança alimentar.
Legenda: Uma mãe alimenta seu filho em casa no distrito de Tshombe, Madagascar, onde quase 55 por cento da população enfrenta grave insegurança alimentar
Foto: © Viviane Rakotoarivony/OCHA

O coordenador humanitário das Nações Unidas em Madagascar, Issa Sanogo, declarou, na quinta-feira (18), em um novo apelo de solidariedade e financiamento, que a comunidade internacional precisa dar suporte ao país, onde mais de um milhão de pessoas estão enfrentando fome severa.

Os impactos da pior crise de seca nos últimos 40 anos, combinada com tempestades de areia e pestes, tornou quase impossível que as pessoas no sul do país plantassem sua própria comida nos últimos três anos.

“O mundo não pode deixar de lado. As pessoas em Madagascar precisam de apoio agora e no futuro”, reforçou Sanogo, que visitou recentemente a região do Grand Sud, onde viu a “face humana” da crise climática global.

Crise humanitária - O Programa Mundial de Alimentos (WFP) alertou recentemente que a situação no sul do país pode se tornar a primeira de fome causada por mudanças climáticas.

A seca deixou mais de 1,3 milhão de pessoas enfrentando fome severa, incluindo cerca de 30.000 pessoas que enfrentam condições semelhantes à fome com risco de vida.

“Mulheres, crianças e famílias estão comendo cactos ou gafanhotos para sobreviver a esta seca e mais de meio milhão de crianças sofrem de desnutrição aguda”, informou o chefe do OCHA.

A crise obrigou as famílias a tirar os filhos da escola para que possam ajudar em tarefas como encontrar comida e água. A violência de gênero e o abuso infantil aumentaram e as pessoas foram deslocadas das áreas rurais para os centros urbanos em busca de sustento e serviços.

“Isso está acontecendo em um país e uma região que menos contribuíram para as mudanças climáticas”, lamentou o representante da ONU em Madagascar.

Ajuda internacional - O coordenador humanitário relatou ter conhecido famílias, que tiveram que vender todos os seus pertences, até panelas e frigideiras, para comprar pequenas quantidades de comida. “É imprescindível que o mundo aja agora para ajudar essas familias”, afirmou.

Organizações humanitárias expandiram significativamente suas operações em Madagascar esse ano, chegando a 900 mil pessoas com assistência, em conjunto com os esforços do governo. A ONU e parceiros estão coletando 231 milhões de dólares para pagar as operações até maio de 2022. 

Apesar de quase 120 milhões de dólares já terem sido arrecadados, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), salientou que mais dinheiro é necessário para providenciar comida, água, serviços de saúde e tratamento nutrição para salvar vidas nos meses que virão. O pico da estação improdutiva vai de janeiro a abril.

“Peço à comunidade internacional que mostre solidariedade com as pessoas no Grand Sud, que estão lidando com os impactos da crise climática, e adiante o financiamento necessário para evitar uma catástrofe humanitária hoje e que permita que as pessoas se tornem mais resilientes amanhã”, disse Sanogo, em seu apelo pela necessidade crítica de aumentar a resposta agora.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OCHA
Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa