Conflito Israel-Palestina corre risco de escalada mortal
02 dezembro 2021
O coordenador especial para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, alertou o Conselho de Segurança da ONU e a comunidade internacional que a situação entre Israel e Palestina teve recentes desenvolvimentos preocupantes que tornaram a escalada da violência iminente.
Só no último mês a violência na região ceifou quatro vidas de palestinos, incluindo duas crianças, e deixou mais 90 feridos. Um civil israelense também foi morto e nove feridos.
Uma crise fiscal e econômica devastadora está ameaçando a estabilidade das instituições palestinas na Cisjordânia, que é agravada por conflitos envolvendo assentamentos na região. Colonos e outros civis israelenses na Cisjordânia ocupada perpetraram cerca de 54 ataques contra palestinos. Os palestinos perpetraram 41 ataques contra colonos israelenses e outros civis.
Wennesland também informou que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) sofre com precariedade financeira e carece de 60 milhões de dólares para sustentar serviços essenciais neste ano. A Agência deve salários de novembro a mais de 28 mil funcionários da ONU, incluindo professores, médicos, enfermeiras e trabalhadores de saneamento.
Com a violência continuando diariamente em todo o Território Ocupado da Palestina, na terça-feira (30) o coordenador especial para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, instou o Conselho de Segurança a adotar uma abordagem mais coordenada para a região. Ele reforçou aos membros do Conselho que “os recentes desenvolvimentos no terreno são preocupantes”, apontando a situação na Cisjordânia e Gaza e os desafios enfrentados pela Autoridade Palestina.
Dados apresentados por Wennesland no último mês revelam que a violência resultou na morte de quatro palestinos, incluindo duas crianças, e deixou mais 90 feridos - incluindo 12 crianças - devido à ação das Forças de Segurança de Israel. Um civil israelense foi morto no mesmo período, e nove civis, incluindo uma mulher e uma criança, e seis membros da Força de Segurança Interna (ISF) palestina, ficaram feridos.
Desafios - O coordenador especial informou que uma grave crise fiscal e econômica está ameaçando a estabilidade das instituições palestinas na Cisjordânia. Ao mesmo tempo, ele acrescentou, "a violência contínua e as medidas unilaterais, incluindo a expansão dos assentamentos israelenses e demolições, continuam a aumentar as tensões, desesperança, corroer a posição da Autoridade Palestina e minar ainda mais a perspectiva de um retorno às negociações significativas".
Em Gaza, a cessação das hostilidades continua, mas o agente da ONU argumentou que “outras etapas são necessárias por todas as partes para garantir uma solução sustentável que, em última instância, permita o retorno das instituições legítimas do governo palestino à Faixa”.
Assentamentos - O Coordenador Especial também disse que “a violência relacionada aos colonos permanece em níveis alarmantes”. No geral, colonos e outros civis israelenses na Cisjordânia ocupada perpetraram cerca de 54 ataques contra palestinos, resultando em 26 feridos. Os palestinos perpetraram 41 ataques contra colonos israelenses e outros civis, resultando em uma morte e nove feridos.
Wennesland destacou alguns anúncios de unidades habitacionais em assentamentos, reiterando que "todos os assentamentos são ilegais segundo o direito internacional e continuam sendo um obstáculo substancial para a paz".
Uma grande parte dos assentamentos israelenses foi estabelecida nas décadas de 1970, 80 e 90. Mas, nos últimos 20 anos, a população dobrou. A política de assentamentos tem como efeito colateral a separação de cidades palestinas umas das outras, dificultando as conexões de transporte e o desenvolvimento de infraestrutura.
Enquanto isso, as autoridades israelenses também avançaram nos planos para cerca de 6mil unidades habitacionais para palestinos no bairro ocupado de Jerusalém Oriental de al-Issawiya, e cerca de 1.300 unidades habitacionais para palestinos que vivem na Área C (uma das áreas administrativas na Cisjordânia ocupada, acordada no Acordo de Oslo).
O coordenador especial saudou tais medidas, mas exortou Israel a avançar com mais planos e emitir licenças de construção para aquelas previamente aprovadas para palestinos na Área C e Jerusalém Oriental.
Ajuda humanitária entregue - Voltando-se para Gaza, o coordenador especial para o Processo de Paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, disse que os esforços humanitários, de recuperação e reconstrução continuaram, junto com outras medidas para estabilizar a situação no local.
Ele chamou a redução gradual das restrições à entrada de bens e pessoas de “encorajadora”, mas disse que a situação econômica, de segurança e humanitária “continua sendo uma grande preocupação”.
Ele também mencionou a situação financeira precária da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), que ainda carece de 60 milhões de dólares para sustentar serviços essenciais neste ano. A agência ainda não pagou os salários de novembro de mais de 28 mil funcionários da ONU, incluindo professores, médicos, enfermeiras e trabalhadores de saneamento, muitos dos quais sustentam famílias extensas, especialmente na Faixa de Gaza, onde o desemprego é alto.