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Assembleia Geral aprova resolução condenando negação do Holocausto

21 janeiro 2022

A Assembleia Geral da ONU adotou por consenso uma resolução condenando, sem reservas, qualquer negação do Holocausto.

A resolução é um sinal importante para condenar e confrontar tendências perturbadoras de diminuição, distorção ou negação do Holocausto. 

As Nações Unidas continuarão a desenvolver e implementar programas educacionais e de sensibilização destinados a combater a negação e a distorção do Holocausto por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Após a adoção da resolução, a agência prometeu “continuar a ensinar história e combater todas as formas de antissemitismo, online e offline”.

O antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia
Legenda: O antigo campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia
Foto: © Jean Carlo Emer/Unsplash

A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou na quinta-feira (20), por consenso, uma  resolução que condena a negação e a distorção do Holocausto. O documento foi aprovado na presença de um grupo de pessoas de sobreviventes do genocídio nazista.

A votação da resolução ocorreu exatamente 80 anos depois da Conferência de Wansee. Ns ocasião, altos funcionários nazistas discutiram e coordenaram o genocídio do povo judeu, estabelecendo o sistema de campos de extermínio nazistas que mataram cerca de seis milhões de judeus - o equivalente a dois terços da população judaica da Europa.

Apresentando a resolução, o embaixador de Israel nas Nações Unidas, ele próprio neto de vítimas do Holocausto, Gilad Erdan, disse que o mundo vive “numa era em que a ficção está se tornando fato e o Holocausto está se tornando uma memória distante”.

“A negação do Holocausto se espalhou como um câncer, se espalhou sob nossa vigilância”, alertou.

A resolução - De acordo com a resolução, esse genocídio “será para sempre um aviso a todas as pessoas sobre os perigos do ódio, intolerância, racismo e preconceito”. No texto, os  Estados-membros expressam preocupação com “a crescente prevalência da negação ou distorção do Holocausto através do uso de tecnologias de informação e comunicação”.

O texto também insta todos os Estados-membros a “rejeitarem sem reservas qualquer negação ou distorção do Holocausto como um evento histórico, total ou parcialmente, ou quaisquer atividades para esse fim”.

Educação - A resolução elogia os países que “se engajaram ativamente na preservação dos locais que serviram como campos de extermínio nazistas, campos de concentração, campos de trabalhos forçados, locais de extermínio e prisões durante o Holocausto, bem como locais semelhantes operados por regimes aliados nazistas, seus cúmplices ou auxiliares”.

Também pede aos Estados-membros que desenvolvam programas para educar as gerações futuras e insta as empresas de mídia social a tomar medidas ativas para combater o antissemitismo e a negação ou distorção do Holocausto.

Papel da UNESCO - Nas Nações Unidas, a maioria dos esforços educacionais para combater o antissemitismo acontece por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

As atividades da agência incluem o treinamento de professores, o desenvolvimento de diretrizes de políticas para ministérios da educação em todo o mundo, bem como atividades para abordar e prevenir o antissemitismo contemporâneo, inclusive online.

No ano passado, a agência e o Congresso Judaico Mundial assinaram um acordo com o Facebook para redirecionar os usuários que pesquisam termos relacionados ao Holocausto ou negação do Holocausto para um site conjunto que está disponível em 19 idiomas (incluindo o português). 

Após a adoção da resolução, a agência prometeu “continuar a ensinar história e combater todas as formas de antissemitismo, online e offline”.

Direitos humanos - Também na quinta-feira (20), a chefe do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Michelle Bachelet, falou à Comissão Extraordinária do Senado italiano contra a intolerância, o racismo, o antissemitismo e o incitamento ao ódio e à violência. 

Em seu discurso, Bachelet recomendou reformas específicas para construir políticas e narrativas que enfatizem nossa humanidade e direitos comuns. Também disse que o antissemitismo e o preconceito antimuçulmano parecem estar crescendo em toda a Europa, destacando uma pesquisa da Agência dos Direitos Fundamentais que mostra que 89% dos entrevistados sentiram que o antissemitismo aumentou em seu país.

Lucro político - Segundo Bachelet, os movimentos políticos que lucram com o ódio ganharam força em muitos países.

“Ao exacerbar as emoções de seus apoiadores por meio de campanhas de desinformação e notícias falsas, eles ganham atenção da mídia e votos – mas também causam fraturas profundas, violentas e extremamente prejudiciais nas sociedades”, alertou. 

A alta-comissária disse aos senadores italianos que o impacto desse tipo de discurso de ódio é devastador. “Isso os expõe à humilhação, violência, discriminação e exclusão – exacerbando as desigualdades sociais e econômicas subjacentes e alimentando queixas profundas”, explicou. 

A oficial de Direitos Humanos da ONU também se lembrou de uma citação de Primo Levi, renomado escritor italiano e sobrevivente do Holocausto judeu, que disse: "Aconteceu, então pode acontecer de novo".

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ONU
Organização das Nações Unidas
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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