Notícias

Empreendedorismo social: ferramenta para autoempoderar a comunidade LGBTI+

22 abril 2022

O impacto econômico da pandemia de COVID-19 nas pessoas da comunidade LGBTI+ tem sido enorme. Uma pesquisa de 2020 com mais de 20 mil pessoas LGBTI+ de 138 países mostrou que muitas haviam perdido seus empregos por causa da pandemia. Além disso, membros da comunidade sofreram com mais episódios de discriminação, crimes de ódio e prisões.

A criminalização, combinada com o estigma e a discriminação de pessoas LGBTI+ em alguns países, têm dificultado sua capacidade de buscar apoio econômico e em serviços essenciais saúde.

Várias das 23 ONGs beneficiadas pelo Fundo Solidário do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) no Brasil, Gana, Índia, Madagascar e Uganda estão apoiando organizações LGBTI+ na construção de capacidades econômicas e no estímulo ao impacto social para suas respectivas comunidades por meio de diversos projetos de empreendedorismo social; confira aqui.

Legenda: Simma montou a loja de artesanato Rainbow Drift Craft que apoia mulheres e adolescentes LGBTI+ e jovens mulheres de campos de pessoas refugiadas e comunidades de acolhimento em Uganda. A loja comercializa bens criativos e culturais, incluindo joias com contas finas e de latão, sapatos artesanais de couro feitos à mão e roupas de tecido Ankara.
Foto: © UNAIDS

O impacto econômico da pandemia de COVID-19 nas pessoas da comunidade LGBTI+ tem sido enorme. Uma pesquisa de 2020 com mais de 20 mil pessoas LGBTI+ de 138 países mostrou que muitas haviam perdido seus empregos por causa da pandemia. Além disso, membros da comunidade sofreram com mais episódios de discriminação, crimes de ódio e prisões.

A criminalização, combinada com o estigma e a discriminação de pessoas LGBTI+ em alguns países, têm dificultado sua capacidade de buscar apoio econômico e em serviços essenciais saúde.

Várias das 23 ONGs beneficiadas pelo Fundo Solidário do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) no Brasil, Gana, Índia, Madagascar e Uganda estão apoiando organizações LGBTI+ na construção de capacidades econômicas e no estímulo ao impacto social para suas respectivas comunidades por meio de diversos projetos de empreendedorismo social.

Uganda possui mais de 1,5 milhão de pessoas refugiadas. As relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são ilegais no país, e ser uma pessoa refugiada gera uma série de outros desafios, sendo a exclusão social um deles. Além disso, a pandemia de COVID-19 destruiu a subsistência de muitas pessoas de populações-chave que buscaram refúgio em Uganda.

Uganda

Por meio de uma doação do Fundo Solidário, a Simma Africa Creative Arts Foundation criou o Projeto Rainbow Drip Craft Shop, que comercializa bens criativos e culturais, incluindo joias com contas finas e de latão, sapatos artesanais de couro feitos à mão e roupas de tecido Ankara, tradicionais da cultura africana feitas por pessoas LGBTI+, adolescentes e jovens mulheres de campos que abrigam pessoas refugiadas e comunidades anfitriãs. “A loja se tornou um espaço seguro e uma saída criativa para a comunidade canalizar suas habilidades e talentos para a construção de meios de sobrevivência autossustentáveis”, disse Natasha Simma, da Simma África.

Também trabalhando com as comunidades Ugandesas LGBTI+ e de profissionais do sexo, a Vijana Na Children’s Foundation (VINACEF Uganda) criou um salão administrado pela comunidade que oferece diversos serviços de tratamento de beleza.

Cerca de 80 pessoas integradas à comunidade foram ligadas a serviços sociais e treinadas em empreendimentos sociais e gestão financeira. “O projeto de empreendedorismo social aumentou o envolvimento da comunidade e fortaleceu a capacidade das comunidades LGBTI+ e de profissionais do sexo, ao mesmo tempo em que lhes permitiu adquirir e praticar novas habilidades para obter uma renda sustentável”, disse Bernard Ssembatya, diretor-executivo da VINACEF Uganda.

Inspirada por esta iniciativa, a VINACEF Uganda está formando uma rede de salões para melhorar o acesso à informação sobre HIV, direitos sexuais e reprodutivos, tuberculose, câncer e doenças não transmissíveis para participantes da comunidade.

Brasil

Da mesma forma no Brasil, aproveitando talentos da comunidade LGBTI+ e profissionais do sexo no tratamento da beleza, a Associação Social Anglicana de Solidariedade do Cerrado (Casa A+) implementou o Projeto Empodera Mais.

“Motivamos pessoas de origens vulneráveis a participar do projeto de empreendedorismo social através do fornecimento do Kit Empodera Mais, com equipamentos básicos e suprimentos para o ingresso na profissão de cabeleireira e tratamento de beleza”, disse Maurício Andrade, Bispo Anglicano e fundador da Casa+.

Legenda: Bispo Anglicano Maurício Andrade, fundador da Casa+, e Jéssica Lorraine Ferreira Barros, uma das beneficiárias do projeto EmpoderaMais.
Foto: © UNAIDS

As habilidades técnicas proporcionaram e encorajaram integrantes a iniciar negócios em tratamento de beleza e sobreviver às dificuldades da pandemia de COVID-19. As parcerias técnicas com profissionais, um estúdio de beleza e instituições como a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano de Palmas proporcionaram às participantes uma experiência no local antes de lançarem seus próprios negócios e geraram uma rede profissional para trocar experiências e conseguir novos negócios.

Gana

Em Gana, a Hope Alliance Foundation e a Iniciativa OHF lançaram o Programa de Empoderamento Econômico Comunitário para criar empreendimentos sociais liderados por pessoas vivendo com HIV e LGBTI+ para apoiá-las economicamente para enfrentar desafios políticos complexos e relacionados à COVID-19. A iniciativa forneceu treinamento de habilidades vocacionais para a produção de alimentos e produtos de higiene para 30 jovens, apoiou a criação de empreendimentos sociais em design de moda e apoiou a reforma e renovação de 10 pequenas empresas selecionadas e afetadas adversamente pela COVID-19.

Índia

Na Índia, a plataforma online de artistas Nachbaja.com foi criada para superar os desafios da discriminação, remuneração injusta e segurança de artistas da comunidade LGBTI+. Enquanto isso, o Gaurav Trust abriu suas portas para que integrantes fizessem parte de um salão liderado pela comunidade, La Beauté and Style, e mobilizou fundos adicionais para sustentabilidade e escalabilidade.

As histórias de crescimento continuam com Let’s Walk Uganda, cujo projeto Jump Start foi estabelecido para receber pequenas empresas de moda, design e produção de sabão líquido lideradas por homens gays e outros homens que fazem sexo com homens.

Legenda: A equipe da Gaurav Trust, liderada por pessoas trans, La Beaute and Style com Laxmi Narayan Tripathi e Aryan Pasha, integrantes da diretoria da Gaurav Trust. Para manter a visão de criar um espaço seguro e um ambiente de trabalho confortável, 70% das pessoas empregadas no salão La Beauté and Style farão parte da comunidade trans.
Foto: © UNAIDS

Participantes da comunidade provaram sua capacidade de crescimento, ampliação diversificando seus empreendimentos, reinvestindo com sucesso a receita do primeiro lote de produtos em novos empreendimentos empresariais. Isto levou ao desenvolvimento e lançamento do aplicativo Stall App, apoiado pelo UNAIDS, que ajuda a impulsionar a venda de produtos desenvolvidos por vários empreendimentos liderados pela comunidade, incluindo outros beneficiários do Fundo Solidário.

“Devemos reconhecer que enquanto o resto do mundo se recupera do impacto econômico da pandemia de COVID-19, seus efeitos durarão mais tempo para as comunidades marginalizadas. Portanto, é da maior importância continuar a apoiar empreendimentos sociais inovadores liderados pela comunidade, concebidos para apoiar a subsistência e superar desafios especiais”, disse Pradeep Kakkattil, diretor de Inovação do UNAIDS.

A restauração da autoconfiança e dignidade da comunidade LGBTI+ deve ser fundamentada em iniciativas lideradas por ela mesma, com foco no enfrentamento das desigualdades.

Um fio comum que liga essas diversas empresas é o empenho das pessoas LGBTI+ diante das dificuldades. As pessoas beneficiadas demonstraram o potencial de empoderamento por meio da arte, criatividade e habilidades profissionais apoiadas pelo financiamento inicial do Fundo Solidário.

Reconhecer e abraçar a diversidade na orientação sexual e identidade de gênero em todas as áreas é crucial para tornar a comunidade visível, a protegendo do estigma, discriminação e violência, e a engajando na resposta a pandemias.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNAIDS
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa