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Para Bachelet, Ucrânia e insegurança global são teste para humanidade

15 junho 2022

A alta comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse em uma reunião do Conselho de Direitos Humanos, na segunda-feira (13), que a guerra na Ucrânia continua causando caos e "destruindo a vida de muitos".

Além disso, a chefe de direitos humanos alertou ainda que a falha em cumprir o que foi acordado no plano pós-COVID-19 ameaça deixar pessoas e economias ainda menos capazes de resistir a novos desafios. "A comunidade internacional concordou em mudar de rumo: construir, juntos, sociedades com economias mais verdes, que serão mais resilientes às crises. Estamos passando por um teste vital desse compromisso neste momento", disse.

Michelle Bachelet anunciou que não irá se candidatar a um segundo mandato como alta comissária.  

A Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, participa da 50ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.
Legenda: A Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, participa da 50ª sessão do Conselho de Direitos Humanos.
Foto: © Jean Marc Ferré/ONU

A alta comissária de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse em sua última reunião no Conselho de Direitos Humanos, na segunda-feira (13), que a guerra na Ucrânia continua causando caos e "destruindo a vida de muitos", e é responsabilidade de todos controlar a crise global de alimentos, combustível e financeira que a guerra sustentou.

Após quase quatro meses da invasão russa, Michelle Bachelet usou seu discurso final no fórum de Genebra para instar os Estados-membros a não desistirem do plano pós-COVID-19 "Recuperar-se melhor" e não repetirem o mesmo tipo de colapso financeiro global devastador que ocorreu em 2008.

A falha em cumprir o que foi acordado durante os dias sombrios da pandemia - ignorando suas lições e, acima de tudo, não colocando as pessoas em primeiro lugar nessa recuperação global - ameaça deixar pessoas e economias ainda menos capazes de resistir a novos choques do que agora, reforçou a chefe de direitos humanos da ONU.

“Nós nos reunimos em fóruns multilaterais, em debates de alto nível e em reuniões com doadores e falamos de soluções globais e de colocar as pessoas no centro dos nossos esforços. Nós nos comprometemos a aprender as lições da pandemia e a nos recuperar melhor. Determinados a evitar as consequências devastadoras da austeridade que se seguiu à crise financeira de 2008, a comunidade internacional concordou em mudar de rumo: construir, juntos, sociedades com economias mais verdes, que serão mais resilientes às crises. Estamos passando por um teste vital desse compromisso neste momento. E precisamos cumpri-lo”, disse Bachelet.

Influência de Bachelet – Em resposta ao anúncio de que Michelle Bachelet não irá se candidatar a um segundo mandato como alta comissária, o secretário-geral da ONU, António Guterres, emitiu um comunicado elogiando seu "serviço incansável" no cargo.

"Desde o início, no Chile, fazendo um enorme sacrifício pessoal, ela esteve na linha de frente da luta pelos direitos humanos", disse o chefe da ONU. Ele prosseguiu: "Michelle Bachelet vive e respira direitos humanos em tudo o que ela faz. Ela mudou a situação em um contexto político extremamente desafiador, e ela fez toda diferença pelas pessoas no mundo. Ela continua tendo meu total apoio. Eu sempre irei valorizar sua sabedoria, grande influência e sucesso em garantir que os direitos humanos apoiem as ações das Nações Unidas".

O mandato de Bachelet termina em 31 de agosto.

Conselho de Direitos Humanos – No início da maratona de quatro semanas do Conselho, uma semana a mais do que o normal para lidar com uma carga de trabalho cada vez maior, Bachelet destacou a necessidade de todos os países respeitarem os compromissos climáticos assumidos em 2015 em Paris, e também a Agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030, cujo déficit financeiro aumentou para cerca de US$ 4,3 trilhões por ano.

"Sem um aumento significativo nos recursos financeiros, não seremos capazes de alcançar os ODS", explicou a alta comissária da ONU, acrescentando que uma maior cooperação e solidariedade internacional para as nações em desenvolvimento é fundamental, principalmente no que diz respeito aos pagamentos de alívio da dívida que elas enfrentam.

"O papel das instituições financeiras internacionais é fundamental no apoio aos países endividados", disse ela, observando que a lei internacional de direitos humanos "fornece a estrutura para este apoio, garantindo que as medidas adotadas não resultem em desfechos discriminatórios, em particular para os mais marginalizados".

Na quinta-feira (16), a alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, estará presente para apresentar uma atualização sobre a situação na cidade ucraniana de Mariupol. 

Alguns dados marcantes – Criado em 2006 para abordar situações preocupantes de direitos humanos no mundo e para promover o cumprimento das liberdades fundamentais de todos, o Conselho já se reuniu 50 vezes em sessão ordinária.

O Conselho marcou 2.007 reuniões formais, incluindo 34 Sessões Especiais, sete Debates Urgentes, 932 Diálogos Interativos e 232 Painéis de Discussão.

O Conselho adotou 1.372 resoluções que consagraram 18 representantes de Procedimentos Especiais sobre albinismo, direitos culturais, desenvolvimento, pessoas com deficiência, meio ambiente, ordem internacional, travessias de fronteira, hanseníase, orientação sexual, escravidão, sanções, água e saneamento e discriminação contra as mulheres, entre outros tópicos.

O presidente do órgão para 2022, Federico Villegas, explicou que, além disso, o Conselho criou oito Procedimentos Especiais de Países e 35 Mecanismos de Investigação e que, desde a primeira sessão, a participação da sociedade civil aumentou mais de 150%.

Homenagem às Avós da Praça de Maio – Para marcar a 50ª sessão, está acontecendo um evento comemorativo com a participação de vários palestrantes, incluindo a presidente da Associação das Avós da Praça de Maio, Estela Carlotto, uma organização de direitos humanos que procura crianças raptadas e desaparecidas durante os anos da ditadura na Argentina.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos
ONU
Organização das Nações Unidas

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa