Novo relatório analisa salários regionais durante a pandemia
17 junho 2022
Foi publicada nesta sexta-feira (17) a edição número 26 do relatório “Conjuntura Laboral na América Latina e no Caribe”, cujo tema é salários reais durante a pandemia, suas evoluções e desafios.
O relatório é feito em conjunto pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Entre os principais destaques do documento está o dado de que os salários reais médios na região em 2021 ficaram 6,8% abaixo dos níveis anteriores à pandemia.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgaram hoje (17) um novo relatório conjunto no qual destacam o crescimento de 6,6% nas economias da região em 2021. Neste contexto, os principais indicadores do trabalho da região também registraram melhorias, no entanto, não alcançaram o mesmo patamar da recuperação econômica, evoluindo de forma lenta, incompleta e desigual.
Na 26ª edição da publicação “Conjuntura Laboral na América Latina e no Caribe. Os salários reais durante a pandemia: evolução e desafios”(disponível em espanhol), ambas as agências das Nações Unidas ressaltam o atraso na recuperação dos níveis de emprego pré-pandemia em relação à recuperação da atividade econômica nos países. Até o final de 2021, vários países haviam recuperado seu nível de PIB anterior à crise, enquanto os níveis de emprego, em muitos casos, ainda permaneciam baixos.
Tal como aconteceu em outras situações de crise, a dinâmica entre o emprego e a atividade econômica desempenha um papel fundamental na implementação de políticas laborais melhores e mais oportunas, pelo que as eventuais defasagens no emprego sugerem a necessidade de reforçar os instrumentos que facilitem a reintegração das pessoas ao mercado de trabalho, destaca o documento.
De acordo com o relatório, entre o quarto trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, registou-se uma taxa de contração no número de pessoas ocupadas na região de 6,8%. Somente a partir do quarto trimestre de 2021 o número de pessoas ocupadas na região atingiu o mesmo patamar registrado no final de 2019.
Outro aspecto ressaltado pelo relatório é o impacto da evolução recente da inflação nos salários mínimos reais, diminuindo o poder de compra dos trabalhadores. Os salários reais médios na região em 2021 ficaram 6,8% abaixo dos níveis anteriores à pandemia. De acordo com o relatório esta situação pode até se agravar em 2022, período para o qual são esperados aumentos ainda maiores da inflação.
“A ativação de instrumentos institucionalizados, como a negociação coletiva e a fixação do salário mínimo, é fundamental para que, no nível das unidades produtivas e dos ramos de atividade, sejam discutidos os reajustes salariais que permitam responder às necessidades dos trabalhadores e das empresas”, destacam no prólogo do documento o secretário-executivo interino da CEPAL,Mario Cimoi, e a diretora regional interina da OIT para a América Latina e o Caribe,Claudia Coenjaerts.
Acrescentam que as políticas que facilitam a inserção de pessoas assalariadas —como subsídios à contratação— dirigidas aos grupos mais vulneráveis não só contribuirão para uma recuperação mais rápida do emprego para esses grupos, mas também favorecerão condições salariais que não impliquem uma precarização em relação aos níveis anteriores à pandemia.
Gênero - As disparidades trabalhistas entre homens e mulheres se aprofundaram em 2021. A crise gerada pela pandemia de COVID-19 teve um efeito mais significativo no emprego feminino, registrando um retrocesso equivalente a mais de 18 anos nos níveis da taxa de participação das mulheres.
A lenta recuperação das atividades que concentram o emprego feminino e o maior peso que recai sobre as mulheres nas tarefas de cuidados de doentes, crianças e idosos ajudam a explicar essa diferença marcante na dinâmica da taxa de participação global.
2022 - De acordo com o documento, para 2022, espera-se uma desaceleração do ritmo de criação de empregos, ao passo que os avanços no processo de vacinação, menores restrições à mobilidade e a reabertura das escolas devem impulsionar a recuperação dos níveis de participação, especialmente para mulheres. No entanto, a ação conjunta de uma maior participação da força de trabalho e de um baixo ritmo de geração de empregos pode levar ao aumento da taxa de desocupação ao longo do ano.
Segundo a CEPAL e a OIT, em um contexto no qual ainda há espaço para a recuperação do emprego para os níveis pré-pandemia, é fundamental a possibilidade de realizar reajustes nominais dos salários mínimos para compensar as perdas causadas pelo aumento da inflação.
Nesse sentido, a reativação de mecanismos de diálogo entre governos, trabalhadores e empregadores para definir reajustes dos salários mínimos tem um grande potencial para conciliar as necessidades dos atores trabalhistas. Isso serviria para aplicar os reajustes do salário mínimo que permitam compensar o aumento da inflação, considerando também seu impacto tanto nos custos de produção —especialmente para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs)— quanto na geração e recuperação do emprego.