Notícias

Leia o relato da ucraniana que criou o emoji do Dia do Refugiado

24 junho 2022

Por meio de uma parceria entre o Twitter e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), um emoji especial para o Dia Mundial do Refugiado está disponível na plataforma até o dia 25 de junho, com a hashtag #ComOsRefugiados.

O objetivo da ação é prestar apoio às 100 milhões de pessoas que tiveram que deixar suas casas por causa de guerras e perseguições.

Um coração com uma porta aberta, para representar o amor e a solidariedade aos refugiados, o ícone foi criado pela artista ucraniana Iryna Morykvas, que precisou deixar seu país neste ano, após a invasão russa à Ucrânia. Ela também publicou um relato em primeira pessoa sobre sua jornada de migração.

 

Depois de deixar a Ucrânia com seu filho de 10 anos, a artista Iryna Morykvas encontrou segurança na Holanda. Ela criou o emoji do Twitter para o Dia Mundial do Refugiado de 2022.
Legenda: Depois de deixar a Ucrânia com seu filho de 10 anos, a artista Iryna Morykvas encontrou segurança na Holanda. Ela criou o emoji do Twitter para o Dia Mundial do Refugiado de 2022.
Foto: © ACNUR

Celebrado em 2o de junho, o Dia Mundo do Refugiado 2022 contou com um símbolo especial: um coração com uma porta aberta. Emoji único, o ícone foi criado pela refugiada ucraniana Iryna Morykvas para simbolizar o amor e a solidariedade que ela encontrou ao longo de sua jornada em busca de proteção.

Por meio de uma parceria entre o Twitter e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o emoji está disponível na plataforma até o dia 25 de junho, com a hashtag #ComOsRefugiados. O objetivo é prestar apoio às 100 milhões de pessoas que tiveram que deixar suas casas por causa de guerras e perseguições.

O emoji do Twitter para o Dia Mundial do Refugiado 2022
Legenda: O emoji do Twitter para o Dia Mundial do Refugiado 2022.
Foto: © Reprodução

Artista e ilustradora de livros infantis, Iryna é uma dessas pessoas. Ela deixou a Ucrânia com seu filho de 10 anos após a invasão russa, em fevereiro, para buscar segurança na Polônia e depois na Holanda, onde atualmente está hospedada por uma família local.

“Quando fomos abrigados pela primeira vez por uma família polonesa, meu filho e eu entramos no quarto que eles nos deram. Sentei-me na cama e exalei. Tudo está seguro. Eu estou segura. Estou realmente segura. Senti o mesmo três semanas depois, quando estávamos na Holanda com uma família holandesa”, recordou a artista em relato ao ACNUR. 

Foi esse o sentimento que a levou a criar o símbolo do Dia do Refugiado: “Quando abrimos a porta de nossa casa para alguém que busca proteção, abrimos nosso coração. Porque a casa é o coração da família”, sintetiza.

Leia o relato completo da artista:

“Antes da guerra, eu realmente não pensava sobre segurança. Eu morava em uma cidade linda e tranquila, pintava muito, me encontrava com amigos, viajava. Eu tenho uma família maravilhosa, um apartamento com uma linda vista para a floresta.

A guerra mudou tudo e me fez pensar rapidamente e emocionalmente. Quando a guerra chega, o que você mais deseja é que ela termine o mais rápido possível. Você só quer paz. Todos os outros medos e experiências desaparecem. Ela varre tudo que estiver em seu caminho – deixa um vazio.

Meu filho e eu decidimos deixar tudo para trás rumo a um país seguro, onde ele dormirá e viverá em paz, onde não haverá necessidade de se esconder no porão durante a noite porque mísseis estão voando no céu.

Fui movida pelo medo e desejo de proteção. Me senti como uma ave migratória voando para terras mais quentes, escapando do inverno. Levei com meu filho apenas uma mala simples e amor, amor pela criança, pelo país, pela vida, pelas pessoas e pelo mundo. Acho que a paz e o amor são os maiores valores e a base para o desenvolvimento harmonioso da sociedade.

Quando uma família nos abrigou na Holanda, eu queria fazer algo que fazia em casa. Fiz pássaros brancos, dois pássaros brancos. Usei o que tinha em mãos – uma folha do caderno do meu filho e uma faca de cozinha.

Ajuda e apoio - Na vida cotidiana, podemos confiar muito em nós mesmos, podemos planejar, fazer um esforço. Com o início da guerra, tudo muda – a sensação de segurança desaparece, há incerteza, medo, desamparo. Então, mesmo a menor ajuda é inestimável. Quando alguém dá chá quente, um cobertor, comida, um brinquedo para uma criança ou até mesmo diz algo encorajador e sorri.

Nunca esquecerei a sensação de quando meu filho e eu cruzamos a fronteira polaco-ucraniana, assustados e cansados, e fomos recebidos com sorrisos e abraços por guardas da fronteira e pessoas polonesas. Eles nos perguntaram se precisávamos de algo, se estávamos com fome ou se tínhamos um lugar para passar a noite. As crianças receberam brinquedos e doces. Um sorriso finalmente apareceu nos rostinhos assustados das crianças. Foi um grande sentimento de apoio e união, apesar da nacionalidade e do status diferente.

Uma ilustração da artista ucraniana e autora de livros infantis Iryna Morykvas.
Legenda: Uma ilustração da artista ucraniana e autora de livros infantis Iryna Morykvas.
Foto: © Iryna Morykvas.

Casa, teto sobre sua cabeça - Um teto sobre sua cabeça é muito importante para dar uma sensação de proteção. Este teto é a sua casa, mas quando os mísseis disparam ou voam ao seu redor, você tem que deixá-lo.

Eu amo viajar. É fácil para mim me comunicar com as pessoas, mas nunca pensei que algum dia na minha vida chegaria ao ponto em que você precisa sair de casa rapidamente, somente com o seu filho e o essencial. E começar uma jornada que não foi requisitada e que não se sabe quando e onde terminará. Nesse momento você quer levar toda a sua casa com você, porque até as paredes são importantes, o cheiro é importante, a vista da janela.

Quando fomos abrigados pela primeira vez por uma família polonesa, meu filho e eu entramos no quarto que eles nos deram. Sentei-me na cama e exalei. Tudo está seguro. Eu estou segura. Estou realmente segura. Senti o mesmo três semanas depois, quando estávamos na Holanda com uma família holandesa. A princípio é inusitado, tudo é novo, quando você arruma suas coisas, faz os rituais habituais do dia a dia, mas o mais importante é que essa casa é sua – mesmo que ela seja temporária.

Quando abrimos a porta de nossa casa para alguém que precisa de segurança, abrimos nosso coração.

Porque a casa é o coração da família.”

 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa