Guterres: “Nunca devemos esquecer o custo humano insuportável deste conflito”
09 outubro 2025
Mensagem do secretário-geral da ONU, António Guterres, em coletiva de imprensa sobre Gaza, em 9 de outubro de 2025, em Nova Iorque.
Eu saúdo o anúncio, ontem à noite, de um acordo para garantir o cessar-fogo e a libertação de reféns em Gaza, com base na proposta apresentada pelo presidente Donald J. Trump.
E louvo os esforços diplomáticos dos Estados Unidos, do Catar, do Egito e da Turquia na mediação deste avanço tão necessário.
Legenda: O secretário-geral António Guterres discursa na abertura do debate geral da 80ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro de 2025.
Todos esperamos por este momento há muito tempo. Agora, temos de fazer com que valha realmente a pena.
Exorto todas as partes a respeitarem integralmente os termos do acordo e a aproveitarem plenamente as oportunidades que este oferece.
Todos os reféns devem ser libertados de forma digna.
Deve ser garantido um cessar-fogo permanente.
O derramamento de sangue deve cessar de uma vez por todas.
As Nações Unidas prestarão todo o seu apoio.
Nós e nossos parceiros estamos prontos para agir – imediatamente.
Temos o conhecimento, as redes de distribuição e as relações com as comunidades necessárias para agir.
Os suprimentos estão prontos e nossas equipes estão de prontidão.
Podemos aumentar imediatamente a assistência com alimentos, água, cuidados médicos e abrigo.
Mas, para transformar este cessar-fogo em progresso real, precisamos de mais do que o silenciamento das armas.
Precisamos de acesso total, seguro e sustentado para os trabalhadores humanitários; da remoção da burocracia e dos impedimentos; e da reconstrução das infraestruturas destruídas.
E precisamos que os Estados-membros garantam que as operações humanitárias sejam devidamente financiadas para atender às imensas necessidades.
Nunca devemos esquecer o custo humano insuportável deste conflito.
Lamento todas as vidas perdidas, incluindo as de funcionários das Nações Unidas e trabalhadores humanitários, e presto homenagem aos nossos colegas que continuam a servir com coragem e compaixão em condições de risco extremo.
Tanto para os israelenses quanto para os palestinos, este acordo oferece um vislumbre de alívio.
Esse vislumbre deve se tornar o amanhecer da paz; o início do fim desta guerra devastadora.
Exorto todos a aproveitarem esta oportunidade histórica para estabelecer um caminho político credível para o futuro.
Um caminho para acabar com a ocupação, reconhecer o direito à autodeterminação do povo palestino e alcançar uma solução de dois Estados.
Um caminho para uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinos — e para uma paz e segurança mais amplas no Oriente Médio.
Este avanço mostra-nos o poder e o potencial da diplomacia.
Que sirva de lembrete de que as soluções para os conflitos não se encontram no campo de batalha. Devem ser forjadas na mesa das negociações.
E, depois, fundamentalmente, devem ser plenamente implementadas.