Lançamento do Relatório de Síntese das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs)
Discurso do secretário executivo da ONU Mudança Climática, Simon Stiell.
Estamos em uma nova era de ação e ambição climática. Os países estão estabelecendo metas climáticas nacionais — e planos para alcançá-las — que diferem em ritmo e escala de tudo o que já foi feito antes.
Dez anos após a adoção do Acordo de Paris, podemos afirmar com simplicidade – ele está gerando progressos reais. Mas ele precisa funcionar de forma muito mais rápida e justa, e essa aceleração deve começar agora.
A escala e a gravidade da crise climática nunca foram tão claras. Secas, inundações, tempestades e incêndios florestais brutais causados pelo clima estão atingindo todas as nações com mais força a cada ano, destruindo milhões de vidas e infraestruturas vitais, reduzindo o PIB e elevando os preços.
Ao mesmo tempo, as oportunidades na ação climática são gigantescas.
As recompensas para aqueles que adotam ações climáticas sólidas são medidas em milhões de novos empregos e trilhões em novos investimentos. À medida que a transição global para a energia limpa continua crescendo, os dividendos que se seguirão serão ainda maiores, uma vez que a ação climática surge como o motor do crescimento econômico e do emprego do século 21.
A lógica do mercado dita que essa transição para a energia limpa continuará em grande escala e ritmo acelerado. Mas uma transição global equitativa — em que todos os países se beneficiem da energia limpa e da resiliência climática — requer políticas e planos claros, em todos os países e setores, e mais apoio a muitas nações, especialmente aquelas que menos contribuíram para causar essa crise global.
O Relatório de Síntese das NDCs lançado hoje fornece novos dados valiosos, tanto sobre o progresso que está sendo feito quanto sobre os principais desafios que ainda permanecem, embora esses dados se limitem aos planos climáticos nacionais formalmente apresentados até 30 de setembro.
Começando pelo primeiro:
Esta nova geração de NDCs mostra uma mudança radical em termos de qualidade, credibilidade e amplitude econômica.
As NDCs estão respondendo cada vez mais ao Balanço Global, com 88% dos países afirmando que suas NDCs foram informadas pelos resultados do GST e 81% indicando especificamente como isso ocorreu.
Os países estão cada vez mais adotando uma abordagem que abrange toda a economia e toda a sociedade, com 89% deles contendo metas para toda a economia.
A adaptação e a resiliência estão se tornando cada vez mais importantes. Quase três quartos (73%) das novas NDCs incluem componentes de adaptação.
As partes — especialmente os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento — também estão cada vez mais integrando Perdas e Danos como um componente central de suas NDCs.
Também foram feitos progressos significativos na integração nas NDCs de elementos relacionadosao gênero, ao envolvimento das partes interessadas e dos jovens, às transições justas, ao papel das florestas e dos oceanos e ao artigo 6.º, relativos aos mercados de carbono.
As NDCs apresentadas são, em geral, consistentes com uma trajetória linear desde as metas para 2030 até às metas de zero emissões líquidas a longo prazo.
Embora seja preciso ter cautela ao tirar conclusões globais a partir deste relatório, ele ainda contém alguns sinais positivos: os países estão fazendo progressos e estabelecendo etapas claras para alcançar emissões líquidas zero.
Também sabemos que a mudança não é linear e que alguns países têm um histórico de superação de metas.
Estamos igualmente cientes de que o conjunto de dados do relatório de hoje fornece uma visão bastante limitada, uma vez que as NDCs que sintetiza representam cerca de um terço das emissões globais.
A fim de fornecer uma visão mais ampla do progresso global antes da COP30, fizemos alguns cálculos adicionais que também incluem novas NDCs ou metas apresentadas ou anunciadas até a publicação deste relatório, incluido na Cúpula do Clima do Secretário-Geral em Nova Iorque.
Este panorama mais amplo, embora ainda incompleto, mostra que as emissões globais cairão cerca de 10% até 2035.
Por meio da cooperação climática convocada pela ONU e dos esforços nacionais, a humanidade está agora claramente reduzindo a curva de emissões pela primeira vez, embora ainda não com a rapidez necessária.
Portanto, embora a direção da jornada esteja melhorando a cada ano, temos uma séria necessidade de aumentar a velocidade e de ajudar mais países a tomarem medidas climáticas mais fortes.
Mas é por isso que o Acordo de Paris tem um mecanismo de engrenagem, para continuar aumentando a ambição climática, até que coletivamente estejamos no caminho certo para evitar os piores impactos climáticos, limitando o aquecimento a 1,5 °C neste século, como exige a ciência.
A ciência é igualmente clara que as temperaturas podem e devem ser reduzidas para 1,5 °C o mais rápido possível após qualquer ultrapassagem temporária, acelerando substancialmente o ritmo em todas as frentes.
Essa aceleração deve começar agora. Será necessário muito mais apoio para muitos, especialmente aqueles que menos contribuíram para causar esta crise global.
Mas não estamos começando do zero. Na verdade, devemos nos inspirar e nos motivar com o vasto movimento na economia real, particularmente os enormes fluxos de investimento em energia limpa em quase todas as principais economias.
Dados recentes, por exemplo, mostram que as energias renováveis ultrapassaram o carvão como a maior fonte de energia do mundo neste ano.
A história recente mostra como as coisas podem mudar rapidamente e cada vez mais rápido.
O boom da energia limpa, da infraestrutura, da eficiência e das tecnologias inovadoras baseadas em dados, necessárias para conectá-las ao nosso dia a dia, devem superar tudo o que já vimos antes.
Portanto, o panorama geral é o de um mundo que já está pagando um preço altíssimo pelo aquecimento global, mas que também está se aproximando de pontos de inflexão econômicos positivos – rumo a um mundo mais seguro, saudável e próspero, movido por energia limpa e resiliência climática.
Portanto, agora cabe à COP30 e ao mundo responder e mostrar como vamos acelerar o processo. É preciso fazer três coisas:
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É preciso enviar um sinal claro: as nações ainda estão totalmente comprometidas com a cooperação climática, porque ela funciona, mas precisa funcionar mais rapidamente, e isso significa alcançar resultados concretos e sólidos em todas as questões-chave.
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É preciso acelerar a implementação em todos os setores de todas as economias e em todas as partes do Acordo de Paris.
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E é preciso conectar a ação climática à vida das pessoas, com o objetivo de garantir que todos compartilhem seus vastos benefícios.
Ainda estamos na corrida, mas para garantir um planeta habitável para todos os oito bilhões de pessoas hoje, precisamos urgentemente acelerar o ritmo, na COP30 e em todos os anos seguintes.
Para saber mais, siga @onucambioclimatico e @unclimatechange nas redes e baixe o Relatório de Síntese das NDCs na página da ONU Mudança Climática: https://unfccc.int/documents/650664