O novo Relatório sobre a Lacuna de Emissões, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, é claro e direto:
Se as Contribuições Nacionalmente Determinadas – os planos nacionais climáticos - forem plenamente implementadas até 2035, o aquecimento global atingirá 2,3 graus Celsius – uma redução face aos 2,6 graus projetados no relatório do ano passado.
É um progresso – mas está longe de ser suficiente.
Os compromissos atuais continuam a apontar para uma ruptura climática.
Os cientistas dizem-nos que um excedente temporário acima dos 1,5 graus é agora inevitável – começando, o mais tardar, no início da década de 2030.
E o caminho para um futuro sustentável torna-se mais íngreme a cada dia que passa. Mas isso não é motivo para desistir. É motivo para intensificar e acelerar a ação.
Manter o aumento da temperatura em 1,5 graus até ao final do século continua a ser a nossa referência.
E a ciência é clara: este objetivo ainda é alcançável.
Mas apenas se aumentarmos significativamente a nossa ambição.
A nossa missão é simples – mas não fácil:
Tornar qualquer excedente o mais pequeno e curto possível;
Alcançar emissões líquidas zero a nível global até 2050 e avançar rapidamente para um caminho progressivo e irreversível de emissões líquidas negativas;
E fazer com que o aumento da temperatura global volte a ficar abaixo dos 1,5 graus até ao final do século.
Isso significa fazer com que as emissões globais atinjam o pico imediatamente;
Reduzir drasticamente as emissões nesta década;
Cortar fortemente as emissões de metano;
Acelerar a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis;
E proteger as florestas e os oceanos – os nossos sumidouros de carbono.
Não tenhamos ilusões:
Qualquer período de excedente trará inevitavelmente consequências dramáticas – com vidas perdidas, comunidades deslocadas e retrocessos nos progressos alcançados.
Mas temos as soluções para tornar esse excedente o mais reduzido, curto e seguro possível.
Isso exige uma ampliação massiva das energias renováveis e da adaptação – apoiada por um aumento substancial do financiamento para os países em desenvolvimento.
As energias renováveis estão liderando essa transformação e reescrevendo as regras da energia.
Os custos estão caindo.
Os investimentos estão aumentando.
A inovação está acelerando.
As energias limpas são agora a fonte de eletricidade mais barata na maioria dos mercados – e a mais rápida de implementar.
Reforça a segurança energética, reduz a poluição e cria milhões de empregos dignos.
Os líderes devem aproveitar este momento e não perder tempo em:
Triplicar as energias renováveis e duplicar a eficiência energética até 2030;
Construir redes modernas e sistemas de armazenamento em larga escala;
E pôr fim à expansão de novas infraestruturas de carvão, petróleo e gás de forma justa e equitativa.
A revolução da energia limpa deve chegar a todas as pessoas, em todos os lugares.
Mas os países em desenvolvimento enfrentam custos de capital sufocantes e recebem apenas uma fração do investimento global.
Também precisam de muito mais apoio para se adaptarem aos impactos climáticos crescentes – protegendo vidas e construindo resiliência.
Precisamos de um salto quantitativo no financiamento climático para reduzir o custo do capital e expandir os empréstimos com condições mais favoráveis.
Os países desenvolvidos devem liderar na entrega de financiamento previsível e acessível – através da reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento, soluções eficazes para a dívida e instrumentos que atraiam investimento privado em larga escala.
A COP30 em Belém deve ser o ponto de virada – onde o mundo apresenta um plano de resposta ousado e credível para fechar as lacunas de ambição e implementação;
Para mobilizar 1,3 biliões de dólares por ano até 2035 em financiamento climático para os países em desenvolvimento;
E promover a justiça climática para todas as pessoas.
O caminho para os 1,5 graus é estreito mas está aberto.
Aceleremos para manter esse caminho vivo – pelas pessoas, pelo planeta e pelo nosso futuro comum.
Para saber mais, visite a página especial da ONU Brasil sobre a COP30 e acompanhe a cobertura da ONU News em português: https://news.un.org/pt/tags/cop30