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OPAS lidera resposta regional à COVID-19 e trabalha para proteger ganhos em saúde a longo prazo

29 setembro 2020

  • Desde muito antes do início da pandemia da COVID-19, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem uma área-chave de cooperação técnica, que trabalha para o fortalecimento das capacidades de seus países-membros para que se preparem e respondam a surtos de doenças e epidemias.
  • Quando a pandemia chegou às Américas, a OPAS continuou esse trabalho, ao mesmo tempo em que oferece liderança e coordenação regional da resposta à COVID-19 e ajuda os países-membros a protegerem os ganhos em outras áreas vitais, incluindo imunização, prevenção de doenças não transmissíveis e maior acesso a serviços de saúde de qualidade.
  • A reunião de ministros da saúde das Américas teve início nesta segunda-feira (28) e a diretora da OPAS pediu cooperação na luta contra a pandemia.
Relatório da OPAS 19 aponta que a pandemia expôs graves desigualdades dentro e entre os países e destacou as vulnerabilidades específicas de certos grupos populacionais.
Legenda: Relatório da OPAS aponta que a pandemia expôs graves desigualdades dentro e entre os países.
Foto: © Agência Brasil

Desde muito antes do início da pandemia da COVID-19, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem uma área-chave da cooperação técnica, que trabalha para o fortalecimento das capacidades de seus países-membros para que se preparem e respondam a surtos de doenças e epidemias.

 

Quando a pandemia chegou às Américas, a OPAS continuou esse trabalho, ao mesmo tempo em que oferece liderança e coordenação regional da resposta à COVID-19 e ajuda os países-membros a protegerem os ganhos em outras áreas vitais, incluindo imunização, prevenção de doenças não transmissíveis e maior acesso a serviços de saúde de qualidade.

Estes e outros destaques da cooperação técnica da OPAS entre meados de 2019 e meados de 2020 são descritos no Relatório Anual de 2020: “Salvar Vidas e Melhorar a Saúde e o Bem-estar”.

A diretora da OPAS, Carissa F. Etienne, apresentou o relatório nesta segunda-feira (28) às autoridades de saúde de todas as Américas, que estão reunidas virtualmente esta semana para o 58º Conselho Diretor da OPAS.

O relatório observa que a COVID-19 “afetou a saúde, a economia e o modo de vida em quase todos os países” das Américas. A pandemia expôs graves desigualdades dentro e entre os países e destacou as vulnerabilidades específicas de certos grupos populacionais. Também “revelou profundas fragilidades estruturais nos mecanismos de saúde e proteção social na região, destacando a necessidade de reformas e ações substantivas para garantir que os países continuem rumo ao cumprimento da ambiciosa meta de saúde universal até 2030”. 

Nesse contexto, o relatório resume as estratégias, intervenções e realizações da OPAS em suas principais áreas de cooperação técnica durante o período. Entre essas áreas estão: sistemas e serviços de saúde; doenças transmissíveis e determinantes ambientais da saúde; emergências de saúde; família, promoção da saúde e curso de vida; doenças crônicas não transmissíveis e saúde mental; e evidências e inteligência para ação em saúde.

 



O documento destaca os esforços especiais para garantir a melhoria da saúde para todos durante e após a pandemia, especialmente àqueles em condições de vulnerabilidade, refletindo o compromisso da Organização de “não deixar ninguém para trás”. O relatório também descreve os esforços da OPAS para melhorar sua eficiência interna e garantir transparência e responsabilidade contínuas em todas as suas operações.

“Os impactos da pandemia na saúde, sociais e econômicos terão efeitos de longo prazo sobre o progresso para o cumprimento das metas de saúde nacionais, sub-regionais, regionais e globais; sobre financiamento da saúde e mobilização de recursos; e sobre nossos esforços e aspirações para o desenvolvimento da saúde com equidade”, afirmou a diretora da OPAS ao apresentar o relatório.

“Reconhecemos plenamente que intervenções massivas e sustentadas serão necessárias - tanto no futuro imediato quanto mais adiante - para controlar e conter a COVID-19, enfrentar o aumento dos níveis de pobreza, reduzir as desigualdades sociais e de saúde e, muito importante, para posicionar a saúde no centro do desenvolvimento equitativo e sustentável”, acrescentou a diretora da OPAS.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) trabalha com os países das Américas para melhorar a saúde e a qualidade de vida de sua população. Fundada em 1902, é a agência internacional de saúde pública mais antiga do mundo. Atua como Escritório Regional da OMS para as Américas e é a agência de saúde especializada do Sistema Interamericano. 

Clique aqui para acessar o relatório.

Reunião de ministros da Saúde das Américas tem início com chamado à unidade e solidariedade para enfrentar pandemia da COVID-19

Foto: © OPAS

Os países devem cooperar na luta contra a pandemia da COVID-19 e adaptar, inovar e reorientar o trabalho de saúde pública, afirmou nesta segunda-feira (28) a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, na sessão de abertura do 58º Conselho Diretor - reunião de todos os ministros da saúde das Américas.  

“O mundo pós-COVID-19 será moldado pelas decisões tomadas na luta contra o vírus. A profunda incerteza sobre o vírus e sua trajetória, e sobre como outros países responderão, só aumenta a importância da liderança. No mínimo, os líderes de nossa região e de todo o mundo devem cooperar para lutar contra o vírus e eliminá-lo coletivamente”, disse Etienne.

A diretora da OPAS disse que os países devem argumentar aos seus cidadãos que a segurança em casa requer cooperação fora dela. “A perda monumental de vidas humanas resultante desta pandemia deve ser um lembrete suficientemente poderoso da necessidade imperativa de mudanças significativas e equitativas no nível da sociedade e dos indivíduos”.

A cerimônia de abertura do Conselho Diretor também contou com a participação da primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley; do presidente da Colômbia, Ivan Duque; do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro; e do presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno. O ministro da Saúde da Costa Rica, Daniel Salas, deu as boas-vindas aos participantes junto ao diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Orientação personalizada da OPAS na região

A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, agradeceu à OPAS por seu papel único no tratamento da pandemia da COVID-19 na região das Américas. “A OPAS tem servido bem aos nossos estados por mais de 100 anos e continuará sendo a grande dama da saúde pública por pelo menos mais 100”.

A região deve se unir “apesar de nossos idiomas, tamanhos, diferenças culturais e dificuldades socioeconômicas para superar esse catalisador microscópico e mudar a ordem mundial da qual a Mãe Terra tanto precisava. O vírus deixou grandes países em todo o mundo de joelhos”, disse Mottley. E por isso é vital que a OPAS “adapte sua orientação a todos nós - os grandes, os não tão grandes e os países pequenos, como meu próprio Barbados”.

A primeira-ministra também destacou a necessidade urgente de impulsionar as economias, especialmente no Caribe, para facilitar um retorno seguro ao turismo de cruzeiros, do qual dependem as economias de muitos países. “Mas isso deve ser feito de forma a garantir a segurança dos nossos trabalhadores”, preconizando o acesso prioritário às vacinas e à terapêutica, quando disponíveis, aos trabalhadores do turismo.

Uma resposta em fases e baseada na ciência

O presidente da Colômbia, Iván Duque, descreveu os esforços de seu país para enfrentar o que chamou de "o maior desafio de nossa história recente". A Colômbia, disse ele, enfrentou a crise "cedo, por fases e com informações confiáveis, acompanhada por especialistas e cientistas".

O presidente da Colômbia explicou que o país trabalhou em três eixos: “proteger a saúde de todos, incluindo os mais vulneráveis, proteger o tecido social para evitar a perda de conquistas de décadas na superação da pobreza e desenvolver ferramentas para reavivar nossa capacidade produtiva”.

Duque descreveu como o país passou de um laboratório no início da crise para 100 laboratórios públicos e privados que processam testes. A Colômbia dobrou os leitos de terapia intensiva em cinco meses e treinou dezenas de milhares de profissionais de saúde. Também criou o Fundo de Mitigação de Emergências e uma reserva com milhões de equipamentos de proteção individual e implementou medidas sociais que hoje alcançam cerca de 10 milhões de famílias.

Além disso, o presidente destacou que a Colômbia também elaborou um plano de reativação com o objetivo de mitigar os impactos da COVID-19 na atividade produtiva e lançar as bases para uma recuperação econômica rápida, sustentável e socialmente consciente, com um eixo transversal de fortalecimento da saúde pública. “Sabemos que a pandemia não vai acabar logo, assim como sabemos que só iremos para frente se fizermos isso juntos”.

Solidariedade e unidade na região

“Hoje, nós, como líderes das Américas, enfrentamos um desafio de saúde sem precedentes em nossas vidas. A COVID-19 causou mortes e destruição econômica em todos os nossos países. Mas continuaremos a combater a pandemia juntos, no espírito de família e no espírito das Américas, disse o secretário de saúde dos Estados Unidos, Alex Azar II. “Ninguém nas Américas está a salvo deste vírus até que todos nas Américas estejam seguros.”

Azar afirmou que os Estados Unidos “estenderão uma mão amiga a todos os necessitados. Continuaremos a ser, como temos sido durante a era do pós-guerra, o maior doador humanitário e global de saúde do planeta. Dentro desse trabalho, nosso próprio hemisfério é sempre uma prioridade”. Ele disse ainda que seu país já enviou dezenas de milhões de dólares em assistência ao desenvolvimento para ajudar no combate à pandemia, bem como assistência técnica a pelo menos 24 países nas Américas.

Azar disse que seu país espera “trabalhar com os Estados-membros e a liderança da OPAS para mais melhorias no futuro próximo”. E acrescentou: “Vamos nos comprometer novamente com o espírito que lançou a cooperação em saúde nas Américas: o espírito aberto e honesto de que precisamos para proteger a todos nós das doenças”.

O ministro da Saúde da Costa Rica e presidente cessante do Conselho Diretor, Daniel Salas, disse que, "em meio a esta pandemia, nenhuma decisão foi fácil". Ele lamentou que os países estivessem competindo na corrida para adquirir equipamentos de proteção individual, suprimentos de laboratório, tecnologias de diagnóstico e outros insumos.

Para avançar, “temos de recorrer à solidariedade e à unidade”, disse, instando os países “a não se deixarem levar pelo desejo de adquirir todas as vacinas” contra a COVID-19 quando disponíveis, se isso impedir outros de terem acesso a esta ferramenta que reduzirá a carga sobre os sistemas de saúde e reabrirá gradualmente as economias". O ministro lembrou que “com resiliência, empatia e união” a batalha contra a COVID-19 pode ser vencida.

O papel das organizações multilaterais

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou que o trabalho da OPAS foi fundamental em 2020 em face da pandemia da COVID-19. “A perda de vidas, empregos e incertezas sobre o futuro imediato nos colocam numa situação em que a capacidade de resposta das instituições públicas e dos nossos governos, bem como a eficácia e resposta dos atuais sistemas de governança, são postos à prova”.

Almagro observou que, para a OEA, “a ação urgente é uma prioridade, especialmente em apoio aos mais pobres e vulneráveis” e, nesse sentido, “a cooperação e a coordenação entre organismos internacionais e interamericanos podem ajudar a responder às necessidades de apoio apresentadas por países”.

Ele destacou o trabalho da OEA e da OPAS para gerar uma coordenação e resposta multissetorial em apoio aos países da região. “Os desafios que temos pela frente como região e de ajuda multilateral são imensos. E o papel da OPAS será central para cumprir esses objetivos”.

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, ressaltou que “a pandemia demonstrou a fragilidade dos sistemas de saúde” e alertou sobre um risco significativo de retrocessos tanto na pobreza e desigualdades quanto nos resultados de saúde.

Moreno indicou que a superação da crise pandêmica exigirá liderança, trabalho conjunto entre os países e inovação na região. Também destacou o COVAX, mecanismo para facilitar o acesso à vacina contra a COVID-19, como um “excelente exemplo de como países e agências multilaterais podem trabalhar em soluções inovadoras”.

O BID está trabalhando com os países para financiar sua participação nesse mecanismo, explicou, e aprovou mais de US$ 20 bilhões em empréstimos para que os países possam enfrentar o impacto da pandemia na saúde e em outras áreas. Moreno pediu o fortalecimento dos sistemas de saúde e o aumento dos gastos com saúde pública, entre outras medidas, para garantir que os países estejam preparados para futuras emergências.

“Salvar vidas com as ferramentas que temos agora”

O diretor-geral da OMS, Tedros, disse que “a única saída da pandemia é por meio da unidade nacional e da solidariedade global”, destacando que “o nacionalismo só vai prolongar a pandemia”.

Tedros também alertou que não podemos esperar por uma vacina: “devemos salvar vidas com as ferramentas que temos agora”. Para isso, ele propôs que os países adotassem quatro prioridades: prevenir a amplificação de eventos com uma abordagem baseada no risco em nível local; proteger os vulneráveis para salvar vidas e reduzir a carga sobre os sistemas de saúde; educar e capacitar comunidades para proteger a si mesmas e aos outros com uma abordagem integral; e fazer bem o fundamental – buscar casos, testar, isolar, colocar em quarentena e rastrear seus contatos.

“Temos um enorme desafio para controlar a pandemia, mas o desafio ainda maior será o que faremos quando a pandemia terminar”, disse Tedros, enfatizando que “investir em saúde não é apenas a coisa certa a se fazer, é a coisa mais inteligente a se fazer”.

O diretor-geral da OMS destacou que, embora haja muitos relatórios, análises e recomendações sobre a resposta à pandemia, “todos nós devemos nos olhar no espelho. Quaisquer que sejam as lições a serem aprendidas desta vez, devemos aprendê-las. Quaisquer mudanças que precisem ser feitas, nós devemos mudar. Quaisquer erros que tenhamos cometido, devemos ter a humildade de reconhecê-los. Precisamos de um julgamento honesto".

“A história nos julgará - não apenas pelo que fizemos durante a pandemia, mas pelo que fizermos quando ela acabar. Não é desculpa para não cumprirmos os compromissos que assumimos”, enfatizou Tedros.

As discussões sobre a resposta dos países à pandemia da COVID-19 serão abordadas em profundidade nesta terça-feira, 29 de setembro.

O Conselho Diretor da OPAS reúne ministros da saúde e delegados de alto nível dos países-membros da OPAS e OMS para discutir e analisar políticas regionais de saúde e definir prioridades para cooperação técnica e colaboração entre países.

Acompanhe o 58º Conselho Diretor: https://www.paho.org/pt/orgaos-diretores

Mais informações: https://www.paho.org/pt/orgaos-diretores/conselho-diretor/58o-conselho-diretor

 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OPAS/OMS
Organização Pan-Americana da Saúde

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa