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Deixar vírus circular livremente é estratégia antiética para COVID-19, alerta OMS

13 outubro 2020

  • Usar o princípio da chamada “imunidade de rebanho” para conter a pandemia COVID-19 é “antiético” e “não é uma opção” que os países deveriam buscar para derrotar o vírus, alertou o chefe da agência de saúde da ONU na segunda-feira (12).
  • “A imunidade de rebanho é um conceito usado para vacinação, em que uma população pode ser protegida de um determinado vírus se um patamar de vacinação for atingido”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), em coletiva de imprensa em Genebra. Mas, explicou ele, isso é conseguido protegendo as pessoas do vírus, “não as expondo a ele”.
  • "Nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a um surto”, disse o chefe da OMS, chamando essa ideia de “cientificamente e eticamente problemática”.
Legenda: As fortes chuvas de monções, como em Bangladesh, deixam as pessoas já vulneráveis ​​com menos acesso aos tratamentos para a COVID-19. Foto: WFP/Mehedi Rahman

Usar o princípio da chamada “imunidade de rebanho” para conter a pandemia COVID-19 é “antiético” e “não é uma opção” que os países deveriam buscar para derrotar o vírus, alertou o chefe da agência de saúde da ONU na segunda-feira (12).

“A imunidade de rebanho é um conceito usado para vacinação, em que uma população pode ser protegida de um determinado vírus se um patamar de vacinação for atingido”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), em coletiva de imprensa em Genebra. Mas, explicou ele, isso é conseguido protegendo as pessoas do vírus, “não as expondo a ele”.

"Nunca na história da saúde pública a imunidade coletiva foi usada como estratégia para responder a um surto”, disse o chefe da OMS, chamando essa ideia de “cientificamente e eticamente problemática”.

Para obter imunidade coletiva contra o sarampo, por exemplo, cerca de 95% da população deve ser vacinada. No entanto, de acordo com estimativas da OMS, menos de 10% da população global tem alguma imunidade ao coronavírus, deixando a “grande maioria” do mundo suscetível.

“Deixar o vírus circular sem controle, portanto, significa permitir infecções desnecessárias, sofrimento e morte”, disse Tedros.

Casos em alta

Tedros observou que, nos últimos dias, o mundo estava testemunhando o aumento mais rápido de infecções durante o curso de toda a pandemia, especialmente na Europa e nas Américas.

“Cada um dos últimos quatro dias foi o maior número de casos registrados até agora”, afirmou. “Muitas cidades e países também estão relatando um aumento nas hospitalizações e na ocupação de leitos em terapia intensiva”.

O chefe da OMS também lembrou que, como uma “pandemia desigual”, cada país está respondendo de forma diferente e destacou que os surtos podem ser controlados por meio de medidas específicas, como evitar realização de eventos de grande porte, isolamento e testes. “Não é uma escolha entre deixar o vírus correr livremente e fechar nossas sociedades”, declarou ele.

Mais uma vez: ‘Não existe bala de prata’

A OMS observou que muitos países aproveitaram o tempo de quarentena para desenvolver planos, treinar profissionais de saúde, aumentar a capacidade dos testes e melhorar o atendimento ao paciente.

E as tecnologias digitais estão ajudando a tornar as ferramentas de saúde pública testadas e comprovadas ainda mais eficazes, como melhores aplicativos de smartphone para apoiar os esforços de rastreamento de contatos.

“Compreendemos bem a frustração que muitas pessoas, comunidades e governos estão sentindo à medida que a pandemia se arrasta e os casos aumentam novamente”, disse Tedros. No entanto, “não existem atalhos e nem balas de prata”, acrescentou.

Apenas uma abordagem abrangente, usando todas as ferramentas da caixa de ferramentas, se mostrou eficaz. “Minha mensagem para todos os países que estão avaliando suas opções é: você também pode fazer isso.”

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OMS
Organização Mundial da Saúde

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