Notícias

Pesquisa lançada pelo Fundo de População da ONU aponta importância do enfrentamento à violência de gênero

21 outubro 2020

  • Brasileiras e mulheres refugiadas e migrantes residentes em Pacaraima e Boa Vista relataram já ter sofrido algum tipo de violência física, psicológica ou sexual ao longo da vida. O dado aparece na pesquisa "Violência de gênero, nacionalidade e raça/etnia em duas cidades de Roraima", divulgada em evento online no último dia 13.
  • A pesquisa foi realizada pela Datamétrica Pesquisa & Consultoria, coordenada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil, e financiamento da União Europeia.
  • O levantamento traça um perfil da violência de gênero entre brasileiras e mulheres refugiadas e migrantes nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, em Roraima. Pelo menos 20% das mulheres entrevistadas relataram ter sofrido algum tipo de violência física ao longo da vida, como empurrão, soco, tapa, chute e até estrangulamento. Deste mesmo quantitativo, 30,3% também relataram ter sofrido violência psicológica, como insulto, intimidação, humilhação ou ameaça. O levantamento mostra, ainda, que um total de 7,4% das entrevistadas sofreu violência sexual.
20% de brasileiras e venezuelanas ouvidas na pesquisa coordenada pelo UNFPA, com apoio do ACNUR e financiada pela União Européia relataram ter sofrido algum tipo de violência física ao longo da vida
Legenda: 20% de brasileiras e venezuelanas ouvidas na pesquisa coordenada pelo UNFPA, com apoio do ACNUR e financiada pela União Européia relataram ter sofrido algum tipo de violência física ao longo da vida
Foto: © Pixabay

Brasileiras e mulheres refugiadas e migrantes residentes em Pacaraima e Boa Vista relataram já ter sofrido algum tipo de violência física, psicológica ou sexual ao longo da vida. O dado aparece na pesquisa "Violência de gênero, nacionalidade e raça/etnia em duas cidades de Roraima", divulgada em evento online no último dia 13. A pesquisa foi realizada pela Datamétrica Pesquisa & Consultoria, coordenada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), com apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil, e financiamento da União Europeia.

O levantamento traça um perfil da violência de gênero entre brasileiras e mulheres refugiadas e migrantes nas cidades de Pacaraima e Boa Vista, em Roraima. Entre os dados compilados, há um índice de ao menos 20% de mulheres que relataram ter sofrido algum tipo de violência física ao longo da vida, como empurrão, soco, tapa, chute e até estrangulamento. Deste mesmo quantitativo, 30,3% também relataram ter sofrido violência psicológica, como insulto, intimidação, humilhação ou ameaça. O levantamento mostra, ainda, que um total de 7,4% das entrevistadas sofreu violência sexual.

No total, foram entrevistadas 530 mulheres, sendo que 303 eram brasileiras e 227 venezuelanas. Enquanto 77% das entrevistadas moravam em domicílio, 22,1% viviam em situação de rua ou em abrigos, nessa última categoria todas elas venezuelanas.

O evento de lançamento foi mediado pela oficial para Equidade de Gênero, Raça e Etnia do UNFPA, Luana Natielle Silva. Ela relembrou que aproximadamente 300 mil pessoas venezuelanas já ingressaram no Brasil em busca de refúgio ou residência e destacou que os resultados da pesquisa podem “gerar debates e proporcionar uma análise dos principais desafios de mulheres refugiadas, migrantes e brasileiras, possibilitando propor soluções interinstitucionais não apenas em Roraima, mas em todo o Brasil”.

Evento online contou com a participação da Representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, do Representante do ACNUR no Brasil, José Egas, e do Embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ibáñez
Legenda: Evento online contou com a participação da Representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, do Representante do ACNUR no Brasil, José Egas, e do Embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ibáñez
Foto: © UNFPA

A representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, destacou que “mulheres que vivem em contextos de emergência humanitária encontram-se particularmente mais vulneráveis a situações de violência, seja praticada por alguém da família, do círculo pessoal ou por pessoas desconhecidas”. Ela afirmou que o apoio e o financiamento de parceiros internacionais é fundamental para ajudar a compreender e enfrentar essa questão.

Astrid ainda lembrou que o contexto de Roraima é especialmente sensível, sendo um dos estados com maior índice de feminicídio do país. “Depois de vários anos de trabalho em Roraima, hoje temos um programa de desenvolvimento, não apenas na ação humanitária, justamente para poder trabalhar esses condicionantes com o governo do Estado”, afirmou.

O representante do ACNUR no Brasil, José Egas, ressaltou a importância do estudo: “Ter dados ajuda a trabalhar, não só para elaborar políticas, mas para ajustar projetos e programas”. Egas reforçou o compromisso do ACNUR com o enfrentamento à violência baseada em gênero e destacou a atuação conjunta com o UNFPA e com outros parceiros da sociedade civil, trabalhando na resposta a esse tipo de violência.

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, disse que durante o surto de COVID-19 houve um aumento exponencial de casos de violência baseada em gênero em todo o mundo. Ele reforçou a importância de se trazer novos dados referentes ao assunto e afirmou que “a violência baseada em gênero é uma das maiores preocupações da União Europeia". "É uma situação que ocorre em todo o mundo e com nosso pequeno esforço queremos contribuir para enfrentar esse problema”, finalizou.

Acesse aqui a pesquisa completa.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNFPA
Fundo das Nações Unidas para a População
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa