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Pesca e aquicultura global foram duramente atingidas pela pandemia, diz relatório da FAO

09 fevereiro 2021

  • O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) revela que a pesca e a aquicultura globais foram duramente atingidas pela pandemia da COVID-19 e podem enfrentar outras interrupções em 2021, à medida que os bloqueios afetam a oferta e a demanda em todo o setor.
  • O relatório “O impacto da COVID-19 nos sistemas alimentares da pesca e da aquicultura” foi apresentado durante a 34ª sessão do Comitê de Pesca (COFI).
O relatório da FAO indicou que na aquicultura há evidências crescentes de que a produção não vendida resultará em níveis crescentes de estoques de peixes vivos, criando custos mais altos para alimentação, bem como maior número de mortalidade de peixes.
Legenda: O relatório da FAO indicou que na aquicultura há evidências crescentes de que a produção não vendida resultará em níveis crescentes de estoques de peixes vivos.
Foto: © Tânia Rêgo/Agência Brasil

A pesca e a aquicultura globais foram duramente atingidas pela pandemia da COVID-19 e podem enfrentar outras interrupções em 2021, à medida que os bloqueios afetam a oferta e a demanda em todo o setor, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O relatório O impacto da COVID-19 nos sistemas alimentares da pesca e da aquicultura foi apresentado durante a 34ª sessão do Comitê de Pesca (COFI), organizado pela FAO.

É esperado que os dados relativos a oferta, o consumo e as receitas comerciais de peixe para 2020 diminuam devido às restrições de contenção, observou o relatório, enquanto a produção global da aquicultura deverá cair cerca de 1,3%, a primeira queda registrada pelo setor em muitos anos.

"A pandemia causou uma agitação generalizada na pesca e na aquicultura, já que a produção foi interrompida, as cadeias de abastecimento foram interrompidas e os gastos dos consumidores restringidos por vários bloqueios. As medidas de contenção provocaram mudanças de longo alcance, muitas das quais provavelmente persistirão no longo prazo", disse a diretora-geral adjunta da FAO, Maria Helena Semedo.

Embora o alimento em si não seja responsável pela transmissão da COVID-19 às pessoas, o relatório enfatizou que todas as fases da cadeia de abastecimento da pesca e da aquicultura são suscetíveis de serem interrompidas por restrições de contenção.

Os preços agregados para 2020, medidos pelo Índice de Preços de Peixes (Fish Price Index) caíram ano a ano para a maioria das espécies comercializadas. O fechamento de restaurantes e hotéis em muitos países também levou a uma queda na demanda por produtos de peixe fresco.

“O impacto foi significativo nos países em desenvolvimento, especialmente naqueles com grandes setores informais, onde os trabalhadores artesanais e de pequena escala e as comunidades dependem da pesca para sua segurança alimentar e subsistência. Eles suportaram o impacto das restrições”, disse a diretora-geral adjunta da FAO.

O relatório da FAO indicou que na aquicultura há evidências crescentes de que a produção não vendida resultará em níveis crescentes de estoques de peixes vivos, criando custos mais altos para alimentação, bem como maior número de mortalidade de peixes. Setores com ciclos de produção mais longos, como o salmão, não podem se ajustar rapidamente às mudanças na demanda.

As capturas globais de pesca selvagem também deverão ter diminuído ligeiramente em 2020, uma vez que, em geral, houve uma redução de mão-de-obra de pesca devido às restrições relacionadas à COVID-19 nas tripulações dos navios de pesca e às más condições do mercado.

Como resultado da COVID-19, as preferências do consumidor mudaram. Enquanto a demanda por peixe fresco diminuiu, a demanda do consumidor por produtos embalados e congelados cresceu à medida que as famílias procuram estocar alimentos não perecíveis.

Antes da pandemia, o setor apresentava uma tendência geral de crescimento. Em 2018, a produção global de pesca e aquicultura (excluindo plantas aquáticas) atingiu um recorde histórico de quase 179 milhões de toneladas. A pesca geral de captura, com 96,4 milhões de toneladas, representou 54% do total, enquanto a aquicultura, com 82,1 milhões de toneladas, representou 46%. E nas últimas décadas, o consumo de peixe cresceu significativamente para uma média de mais de 20 quilos por pessoa.

A FAO apelou para que as medidas de restrição disruptiva ao comércio de alimentos sejam minimizadas para a segurança alimentar. O relatório pede que as organizações setoriais e regionais trabalhem juntas para gerenciar a pesca e a aquicultura durante a pandemia, com medidas que apoiem a proteção do emprego e garantam uma recuperação rápida do setor sem comprometer a sustentabilidade.

O impacto da COVID-19 sobre as mulheres, já vulneráveis como produtoras, processadoras e vendedoras, também deve ser considerado com o apoio governamental fornecido às mulheres ao longo da cadeia de valor do pescado.

A incerteza continua a dominar as perspectivas para os setores de pesca e aquicultura, particularmente no que diz respeito à duração e gravidade da pandemia.

Este ano, o COFI 34 está comemorando o 25º aniversário do Código de Conduta para a Pesca Responsável, um instrumento de referência endossado pelos estados membros da FAO, que tem orientado os esforços para a pesca e a aquicultura sustentáveis em todo o mundo.

Com a incerteza no setor representada pela pandemia e outras questões, os princípios do código nunca foram tão vitais para garantir que o setor pesqueiro permaneça viável e sustentável.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

FAO
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

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