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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.
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21 agosto 2023
Campanha pela #AmbiçãoClimática
A campanha apoia os jovens, influenciadores digitais e a sociedade civil a promover evidências científicas sobre a #MudançaClimática e participar em iniciativas globais relacionadas à #AçãoClimática.
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24 julho 2023
#PrometoPausar: Combata a desinformação nas redes sociais
Um simples compartilhamento pode ter consequências graves.
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Notícias
28 novembro 2023
COP28: A ação climática não pode esperar
A 28ª Cúpula da ONU sobre o Clima (COP28), que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, poderá se destacar com os resultados mais importantes desde a Conferência de Paris de 2015.
Acompanhe a #COP28 ao vivo no YouTube!
Com as temperaturas globais atingindo níveis recordes e eventos climáticos extremos afetando pessoas em todo o mundo, a COP28 acontece em um momento crucial para corrigir o rumo e acelerar as ações para enfrentar a crise climática.
Na COP28, o mundo fará um balanço do progresso do Acordo de Paris - o tratado climático histórico concluído em 2015 - e traçará um curso de ação para reduzir drasticamente as emissões e proteger vidas e meios de subsistência.
A COP28 reunirá líderes de governos, jovens, organizações da sociedade civil, empresas, pesquisadores e cientistas para encontrar soluções concretas para a questão definidora de nosso tempo.
"Ainda não é tarde demais. Nós podemos - vocês podem - evitar o colapso e a queima do planeta. Temos as tecnologias para evitar o pior do caos climático - se agirmos agora. Mas precisamos de liderança, cooperação e vontade política para agir. E precisamos disso agora."
- António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, durante a abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática, em 1º de dezembro de 2023.
A ciência é clara: para preservar um clima habitável, a produção de carvão, petróleo e gás deve diminuir rapidamente, e a capacidade global de energia renovável - incluindo energia eólica, solar, hidrelétrica e geotérmica - precisa triplicar até 2030. Ao mesmo tempo, o financiamento para adaptação aos efeitos da mudança global do clima e os investimentos em resiliência climática precisam de um salto quântico.
Durante sua recente visita à Antártida, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou de maneira contundente a aceleração do derretimento do gelo, alertando sobre as potenciais consequências catastróficas para as comunidades costeiras em todo o mundo.
O chefe da ONU também dirigiu sua mensagem aos líderes que participarão da COP28 e pediu ação imediata para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
António Guterres também espera que, na COP28, os países consigam tomar decisões concretas em relação à eliminação dos combustíveis fósseis, os quais ele identificou como a "causa profunda da mudança climática”.
"Não podemos enfrentar a catástrofe climática sem atacar sua causa principal: a dependência dos combustíveis fósseis. A COP28 deve enviar um sinal claro de que a era do combustível fóssil está sem gás - que seu fim é inevitável. Precisamos de compromissos confiáveis para aumentar as energias renováveis, eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética, garantindo ao mesmo tempo uma transição justa e equitativa."
- António Guterres, secretário-geral da ONU, 8 de novembro de 2023.
Por que a COP28 é importante?
Com base nos detalhes do Acordo de Paris sobre o Clima que foram negociados e acordados nos últimos anos, a COP 28 concentra-se principalmente na implementação do Acordo e no impulso à ambição e ação climáticas.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) destaca a necessidade de uma redução de 43% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030, em comparação com os níveis de 2019. Isso é vital para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus Celsius até o final do século e evitar os piores impactos das mudança climática, como secas, ondas de calor e eventos de chuvas mais frequentes e intensos.
"Parem com essa loucura. Temos de acabar com a era dos combustíveis fósseis. Temos de agir agora para proteger as pessoas que estão na linha da frente da mudança climática. Para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, e para evitar o pior do caos climático."
- António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, 30 de outubro de 2023.
A COP 28 é uma oportunidade para identificar soluções globais para limitar aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, informar os preparativos dos países para as Contribuições Determinadas Nacionalmente (planos climáticos nacionais) revisadas e ambiciosas, que devem ser apresentadas até 2025.
A meta é acelerar a transição verde já em andamento e, por fim, alcançar os objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris.
O que será discutido na COP28?
Dentre os tópicos a serem discutidos e as áreas que necessitam progredir durante a COP28, destacam-se:
Detalhar o financiamento para o Fundo de Perdas e Danos, estabelecido na COP27 para auxiliar as comunidades mais vulneráveis a eventos climáticos extremos nos países em desenvolvimento.
Estabelecer uma meta global de financiamento para apoiar países em desenvolvimento na luta contra a mudança climática.
Acelerar uma transição justa e equitativa para fontes de energia renováveis e um desenvolvimento de baixo carbono.
Abordar a lacuna de emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, na Conferência, será concluído o primeiro Balanço Global, revelando o progresso coletivo em relação às metas do Acordo de Paris.
Infelizmente, o Balanço indica que não estamos no caminho para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius. A urgência de agir é evidente, pois a janela para uma mudança significativa está se fechando. O Balanço Global identificou áreas de progresso lento, mas também destacou a diversidade de ferramentas e soluções propostas pelos países.
Espera-se que a COP28 seja uma "COP de ação", na qual os países demonstrem como implementarão essas ferramentas nos próximos dois anos, acelerando o ritmo com urgência.
Quais reuniões vão acontecer na COP28?
A COP28 compreende as reuniões anuais dos três órgãos decisórios da Convenção, do Acordo de Paris e do Protocolo de Quioto.
A 28ª sessão da COP, a 5ª do CMA (Acordo de Paris) e a 18ª do CMP (Protocolo de Quioto) abordarão os trabalhos do Acordo de Paris e do Protocolo de Quioto.
Os dois órgãos subsidiários da UNFCCC, o Órgão Subsidiário de Implementação (SBI) e o Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico (SBSTA), se reunirão para o SBI 59 e o SBSTA 59. Esses dois órgãos fornecem informações técnicas e consultoria à COP, ao CMA e ao CMP.
Além de negociações, reuniões técnicas e conferências de imprensa, a COP28 inclui um segmento de alto nível, eventos paralelos e um pavilhão internacional.
Outras reuniões que acontecem na COP28 incluem negociações a portas fechadas entre as várias delegações, reuniões técnicas obrigatórias, conferências de imprensa, um segmento de alto nível para líderes mundiais, eventos paralelos e eventos de pavilhão.
À medida em que a COP28 se aproxima é hora de transformar palavras em ações e intensificar o compromisso com a ambição climática para desencadear mudanças significativas. A ambição climática é uma responsabilidade compartilhada e que exige ação imediata.
Saiba mais sobre a #COP28:
Leia a matéria da ONU News em português: COP28: O que é e por que importa?
Para mais informações sobre o Conferência, visite a página oficial da COP28 e o calendário da COP28 (em inglês)
Acesse a página do país anfitrião: COP28 nos Emirados Árabes Unidos (em inglês)
Veja a galeria de fotos da COP28 no Flickr: https://www.flickr.com/photos/unfccc
Saiba mais sobre #MudançaClimática:
Visite a página da Campanha pela #AmbiçãoClimática para mais informações sobre mudança climática e dicas de campanhas e iniciativas da ONU: https://bit.ly/CampanhaAmbicaoClimatica
Leia as matérias da ONU Brasil sobre os principais relatórios publicados em 2023:
Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2023, do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado em 20 de novembro.
Boletim sobre Gases de Efeitos Estufa 2023, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado em 15 de novembro.
Relatório sobre as Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs) de 2023, da UNFCCC, publicado em 14 de novembro.
Relatório sobre a Lacuna de Produção 2023, do PNUMA, publicado em 8 de novembro.
Relatório sobre a Lacuna de Adaptação Climática 2023, do PNUMA, publicado em 2 de novembro.
Relatório sobre o Estado do Clima na América Latina e no Caribe 2022, da OMM, publicado em 5 de julho.
Relatório sobre o Estado do Clima Global 2022, da OMM, publicado em 24 de abril.
Sexto Relatório Síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática 2023 (IPCC), publicado em 20 de março.
Contato para imprensa:
Ana Rosa Reis, Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio): contato@onu.org.br
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Notícias
29 novembro 2023
UNESCO realiza Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação em São Paulo
No mundo, uma em cada seis pessoas sofre discriminação por diferentes motivos (ONU, 2023).
A UNESCO, reconhecendo a necessidade de catalisar ações coletivas para enfrentar o racismo e a discriminação, realiza a terceira edição do Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação de 29 de novembro a 1º de dezembro de 2023, em São Paulo.
Esta edição, que tem como tema Rumo ao avanço: a igualdade racial e a justiça no topo das agendas de desenvolvimento, vai abordar a importância de colocar as questões raciais no centro das estratégias do desenvolvimento socioeconômico.
Ministros de mais de 20 países e outros representantes de governos, formuladores de políticas, profissionais, acadêmicos, membros da sociedade civil e comunidades artísticas estão entre os convidados para discutir estratégias eficazes para combater o racismo sistêmico. A diretora-geral adjunta da UNESCO para Ciências Humanas e Sociais, Gabriela Ramos, e a Ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, estarão na sessão de abertura do Fórum, junto com outras autoridades.
"Com tanto ainda a ser feito para combater o racismo e a discriminação, é hora de transformar palavras em ação. Representantes de todo o mundo estão se juntando a nós em São Paulo para aprender, ouvir e apresentar soluções concretas para alcançar sociedades mais pacíficas e inclusivas", afirma Gabriela Ramos, diretora-geral adjunta para Ciências Humanas e Sociais da UNESCO.
Faça aqui sua inscrição para acompanhar o evento on-line.
Registre-se aqui para participação presencial em São Paulo.
Destaques do Fórum da UNESCO
A edição de 2023 do evento global marcará o lançamento da Rede da UNESCO de Formuladores de Políticas contra o Racismo, com o objetivo de reforçar o desenvolvimento de soluções políticas inovadoras e inclusivas para a paz, a equidade e a não discriminação
Durante o Fórum, será lançada o Panorama Global da UNESCO contra o Racismo e a Discriminação, um relatório que apresenta pontos de vista e dados regionais sobre a discriminação racial no campo digital.
O Fórum servirá, ainda, para fazer um balanço das contribuições da Recomendação da UNESCO sobre a Ética da Inteligência Artificial no combate aos estereótipos e à discriminação online.
O Fórum também vai estabelecer as bases para aprimorar o projeto da UNESCO "Rota dos Povos Escravizados", que lançará uma série de celebrações em 2024 para seu 30º aniversário. O programa fornecerá análises concretas e continuará documentando fatos históricos e lugares de memória, mas também conectará isso às tendências atuais sobre o racismo sistêmico.
A UNESCO lançará ainda a primeira edição da nova série Resiliência Baseada em Gênero, bem como a segunda edição da série Transforming MEN’talities.
O evento também promoverá a implantação do Guia Antirracismo da UNESCO, uma ferramenta elaborada para ampliar a qualificação e o compromisso dos governos no combate ao racismo e à discriminação e para desenvolver as condições legais, institucionais e governamentais para lidar efetivamente com essa questão.
Temas do Fórum Global
Com mais de 30 painéis e atividades paralelas, o Fórum reunirá especialistas em políticas públicas, acadêmicos, cientistas, agentes da sociedade civil, ONGs e organizações da sociedade civil, artistas e profissionais criativos, o setor privado e a mídia para discutir ideias e assumir compromissos concretos para construir sociedades mais inclusivas e sustentáveis.
Enfatizando o papel fundamental de centralizar as questões raciais na formulação e na execução de estratégias de desenvolvimento socioeconômico, o Fórum Global contará com mesas-redondas, oficinas/workshops e eventos paralelos que discutirão as narrativas que contribuíram para as várias formas de racismo e discriminação, assim como seus desdobramentos atuais.
Os debates se concentrarão em tópicos como:
Formulação de políticas inclusivas.
Promoção da igualdade de gênero.
Fortalecimento das capacidades da sociedade civil.
Métodos para abordar a inteligência artificial e seu papel na perpetuação do racismo.
Proteção dos direitos dos povos indígenas.
Reforço dos papéis de cidades, espaços cívicos, comunidades artísticas e acadêmicas.
Aproveitamento da filantropia social para tratar da desigualdade racial.
Desafios persistentes
Apesar do aumento da conscientização e da ação no mundo contra todos os tipos de discriminação, as evidências mostram que ainda há muito a ser feito:
A discriminação contra mulheres e meninas continua a ser alta. Atualmente, as mulheres ganham apenas 77 centavos para cada dólar ganho pelos homens em todo o mundo. Com os índices atuais, serão necessários 70 anos para fechar essa lacuna.
A violência dos homens contra as mulheres aumentou substancialmente em muitos lugares do mundo.
As meninas são impedidas de ir à escola no Afeganistão, e ainda há muitos países nos quais a discriminação contra as mulheres é legal e aplicada pelas autoridades públicas. Isso precisa mudar.
A ação contra a discriminação de gênero é urgente, e o apoio da UNESCO a isso e à igualdade de gênero é uma prioridade.
Sobre o trabalho da UNESCO contra o racismo e a discriminação
A UNESCO combate o racismo e todas as formas de discriminação por meio da educação, da ciência, da cultura e da comunicação há mais de 75 anos.
Em 1978, a Organização adotou a Declaração sobre Raça e Preconceito Racial, que reafirma que "todos os seres humanos pertencem à mesma espécie e têm a mesma origem. Nascem iguais em dignidade e direitos, e todos fazem parte da humanidade".
Desde 2021, a Organização vem intensificando seus esforços nesse sentido, após o lançamento da Chamada Global contra o Racismo, dos Estados-membros, que apresentou o Roteiro contra o Racismo e a Discriminação, entre outras ações, e estabeleceu o Fórum Global contra o Racismo e a Discriminação, um evento anual para debater e apresentar evidências de soluções eficazes para reforçar o combate à discriminação.
Saiba mais e participe:
Faça aqui o registro para participação online e/ou presencial.
Confira a agenda do evento global.
Leia o comunicado à imprensa da UNESCO no Brasil.
Contato para imprensa:
Unidade de Informação Pública e Imprensa da UNESCO no Brasil: brz-press@unesco.org
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Notícias
06 outubro 2023
Campanha digital celebra os 78 anos da Carta das Nações Unidas
“Nós, os Povos das Nações Unidas”
Diante dos horrores, crimes bárbaros e atrocidades da Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a humanidade buscou estabelecer instrumentos de diálogo e entendimento entre povos e nações para construir um futuro melhor, mais próspero, pacífico e justo para todas as pessoas.
Há 78 anos, 50 países se reuniram em São Francisco para elaborar a Carta das Nações Unidas, documento fundador da Organização.
No dia 26 de junho, último dia da Conferência, a Carta foi assinada pelos 50 países fundadores da ONU.
As Nações Unidas começaram a existir oficialmente em 24 de outubro de 1945, após a ratificação pela maioria dos países fundadores. Por esse motivo, 24 de outubro é comemorado em todo o mundo como o Dia das Nações Unidas.
Ao longo dos anos, muitos outros países se uniram a esse propósito de cooperar uns com os outros, e atualmente 193 Estados-membros compõem as Nações Unidas.
“A união de todos esses países tem o propósito de encontrar soluções coletivas para os grandes desafios enfrentados pela humanidade e, ao mesmo tempo, promover os direitos humanos e a igualdade”, explica Silvia Rucks, coordenadora residente da ONU no Brasil.
Bertha Lutz, diplomata e cientista brasileira, foi uma das quatro mulheres que assinaram a Carta. Integrante da delegação brasileira, Bertha Lutz também teve um papel central na promoção da igualdade de direitos entre homens e mulheres, liderando uma coalizão de diplomatas latino-americanas que conseguiu garantir a inclusão da igualdade de gênero no texto do documento:
“Nós, os Povos das Nações Unidas, resolvidos a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres (...)”
No decorrer deste mês de outubro, a ONU Brasil apresentará trechos marcantes da Carta, que representam as aspirações e conquistas da humanidade em direção à paz, dignidade e direitos humanos.
Participe:
Siga a @ONUBrasil nas redes e use as hashtags #ONU78 e #ONUBrasil!
Leia a íntegra da Carta da ONU em português: https://bit.ly/Carta_NacoesUnidas
Saiba mais sobre o impacto do trabalho das Nações Unidas:
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História
04 dezembro 2023
Eleita Miss Trans em Roraima, indígena Warao refugiada encontra segurança e acolhimento no Brasil
Quando decidiu deixar a Venezuela em 2019, tanto por causa da crise socioeconômica que o país enfrenta quanto pela discriminação dentro e fora de sua comunidade, devido o fato de ser uma mulher trans, Paola Abache buscava um lugar em que pudesse ser ela mesma.
“Desde pequenina eu sabia que era uma mulher. Eu me vestia e maquiava escondido para que minha família não soubesse. Sempre gostei das passarelas e de concursos de beleza, e sempre quis ser assim, igual àquelas pessoas que eu via”.
Paola vive no abrigo Waraotuma a Tuaranoko, nome dado pelos próprios moradores, que em português significa “local onde descansam os Warao”. O Tuaranoko é um abrigo que integra a Operação Acolhida, em Boa Vista, Roraima, e foi criado para responder às necessidades específicas da população indígena refugiada no Brasil que, em novembro deste ano, atingiu a marca de 10 mil pessoas. Desse total, 66% corresponde a etnia Warao, grupo étnico mais antigo da Venezuela, o qual vive na região delta do Orinoco há pelo menos oito mil anos. Outros 27% são da etnia Pemon, e o restante é composto pelas etnias Kariña, Eñepa e Wayúu.
Ao descobrir sobre o concurso de Miss em Boa Vista, Roraima, a jovem Warao de 23 anos se interessou muito. “Na minha cabeça eu pensava, participe, isso vai ser bom para você”, conta.
“Mas ao mesmo tempo eu me questionava, já que minha nacionalidade não é brasileira, e sim venezuelana: será que posso me inscrever, será que vão me aceitar?”.
O percurso desde a inscrição até a vitória, no etanto, teve seus percalços. Sem trabalho formal no Brasil, Paola não tinha dinheiro para comprar as roupas necessárias para o desfile ou para fazer sua maquiagem. Depois de muita mobilização, conseguiu dois vestidos emprestados com uma amiga e se preparou para o desfile com outra, também participante do concurso.
“Na hora eu estava muito nervosa”, conta. “Quando chegou a minha vez, e vi toda aquela gente, tremi muito, meu coração acelerou, e eu olhava para o lado, via as outras participantes mais bem vestidas e montadas. Eu pensava que queria estar como elas, mas não estava. Segui do jeito que estava, competi, fui mostrar que eu também podia estar ali. No fim participei, e ganhei” conta Paola, coroada Miss Trans Parada LGBTQIA+ 2023 de Roraima.
Nas palavras de Paola, ser uma mulher trans, indígena e refugiada é uma luta, como um desafio do qual ela se lembra todos os dias.
“Creio que significa mostrar às outras pessoas que nós trans somos iguais, pessoas como eles, carne e osso como eles”.
Ela afirma se sentir mais segura no Brasil, e diz que aqui aqui as pessoas são mas respeitosas e amáveis. Quando anda pelas ruas, diz não sentir medo.
“Agora onde vivo cada um respeita suas decisões, seu modo de viver, de se vestir”.
O caso de Paola se enquadra nas diretrizes do direito internacional dos refugiados, visto que qualquer pessoa com fundado temos de perseguição por raça, religião, nacionalidade, opinião política ou participação em um determinado grupo social deve ser protegida. Isso também se aplica à população LGBTQIAP+ quando seu país não tem capacidade ou disposição para garantir seus direitos sociais básicos, expondo essa comunidade a diversos riscos, inclusive de saúde e vida.
Mas ainda que distante de sua terra de origem, a jovem mantém uma relação estreita com sua comunidade indígena. No ano de 2021, por exemplo, foi eleita cacica de seu antigo abrigo, Nova Cañaa, também localizado em Boa Vista, Roraima, que acolheu a população indígena refugiada e migrante em Boa Vista. Durante sete meses sua responsabilidade foi manter o grupo firme e sem conflitos, aconselhar pessoas, além de garantir a organização e limpeza do espaço, o qual tinha capacidade para até 250 pessoas.
Ela conta que de início se sentiu insegura e achou que a escolha do restante do grupo não era uma boa ideia. “Eu era muito nova, não sabia como trabalhar com isso, me senti perdida”, diz. Com o tempo, e vendo outros colegas e caciques trabalhando, foi aprendendo mais e conseguiu manejar bem a situação, explica Paola.
“No fim foi uma experiência espetacular, ainda que muito difícil, pois me ensinou sobre como liderar um grupo”.
Uma de suas maiores inspirações é a deputada federal Joenia Wapichana, nascida em Roraima e pioneira em muitas frentes: primeira mulher indígena formada advogada no brasil, primeira mulher indígena eleita deputada federal e primeira mulher indígena no comando da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). “Quando eu a vejo, me chama atenção, quero ser como ela, quero defender o meu povo e lutar por ele. Como ela faz, eu quero fazer”, diz.
A jovem conta que também se inspira em Maria Wapichana, primeira miss indígena de Roraima, e Lilith Cairu, indígena Wapichana e eleita miss trans Roraima em 2020.
Daqui em diante, seu principal plano é acessar o ensino superior e estudar Direito, com foco em Direitos Humanos. Para isso, atualmente, está cursando a modalidade Educação de Jovens e Adultos – EJA, e o próximo passo é a universidade. “Na Venezuela em não consegui o que eu queria, mas aqui, se deus quiser, eu quero conseguir alcançar todos os meus objetivos”, diz.
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História
13 novembro 2023
É o momento das cidades: Não há saída sem investimento em desenvolvimento sustentável
Vivendo em cidades, 6,3 bilhões de pessoas precisarão, em 2050, de acesso a abastecimento de água limpa, saneamento funcional e sistemas adequados de esgoto e eliminação de resíduos.
São também 6,3 bilhões de pessoas que precisarão ser transportadas diariamente de forma sustentável e eficiente; abrigadas em assentamentos seguros e saudáveis; e hospedadas em cidades resistentes à mudança climática, eventos climáticos extremos e transmissão de doenças.
Para dizer claramente: nosso futuro é, sem dúvida, urbano. A urbanização tem sido e continuará sendo uma das megatendências mais poderosas do século 21. Não é de se surpreender, portanto, que cidades bem planejadas sejam fundamentais para o nosso desenvolvimento sustentável.
Durante décadas, as cidades têm sido o motor do crescimento econômico nacional e global. Elas contribuem com mais de 80% do PIB global e apresentam níveis de produtividade mais altos do que os das áreas rurais.
No entanto, as cidades também são uma importante fonte de problemas globais. Elas são a maior fonte de poluição do mundo, contribuindo com 70% das emissões globais de gases de efeito estufa. A rápida urbanização não está mais ocorrendo nos países desenvolvidos, mas é um fenômeno contínuo no mundo em desenvolvimento. Espera-se que cerca de 60% da população dos países em desenvolvimento viva em cidades até 2030 - e mais de 90% do futuro crescimento da população urbana ocorrerá na Ásia, na África e na América Latina.
No entanto, independentemente de onde estejam localizadas, a maioria das cidades não está conseguindo combinar produtividade econômica, inclusão social e sustentabilidade ambiental. Conforme discutido no Relatório Mundial sobre Cidades de 2022: Vislumbrando o Futuro das Cidades, essa atual incapacidade significa que a transformação das cidades e comunidades é necessária para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). As cidades podem, entretanto, desempenhar um papel fundamental no avanço dos ODS se a transformação necessária ocorrer.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico estima que dois terços dos ODS só podem ser alcançados por meio de ações nos níveis local e regional. O ODS No. 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis, que visa tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, não é exceção - mas alcançá-lo terá um custo.
Alcançando o ODS No. 11: o dinheiro fala
Não há uma maneira fácil de calcular os custos da realização do ODS No. 11. Países diferentes terão necessidades de investimento diferentes, dependendo de suas características específicas.
Ainda assim, os resultados de um estudo de 2020 do ONU-Habitat - a agência das Nações Unidas para assentamentos humanos e cidades sustentáveis - mostram que alcançar o ODS No. 11 em uma cidade pequena de um país em desenvolvimento pode custar de US$ 20 milhões a US$ 50 milhões por ano; de US$ 140 milhões a mais de US$ 500 milhões para uma cidade de médio porte em desenvolvimento na Colômbia, Índia ou Bolívia; e de US$ 600 milhões a mais de US$ 5 bilhões para grandes cidades em desenvolvimento como Kuala Lumpur ou Bogotá.
Somente em habitação, estima-se que sejam necessários US$ 4 trilhões por ano para atingir as metas estabelecidas pelo ODS No. 11 sobre habitação adequada para todas as pessoas.
Se não podemos calcular com exatidão o custo da realização do ODS 11, sabemos quanto nos custaria não alcançá-lo. Na pior das hipóteses, as regiões em desenvolvimento pagarão o preço da inação devido às vulnerabilidades e fragilidades estruturais existentes. Por exemplo, as grandes cidades da África perderiam até dois terços de seus recursos financeiros; as condições semelhantes às das favelas se expandiriam; milhões de pessoas seriam empurradas para a pobreza extrema; os efeitos climáticos seriam responsáveis por crises urbanas, com reversão nos ganhos de desenvolvimento alcançados nas últimas décadas,
Portanto, não há saída para o investimento sustentável: o mundo precisa investir em seu futuro urbano, e isso exigirá instrumentos de financiamento inovadores e fontes de financiamento novas e diversificadas.
Financiando o desenvolvimento urbano sustentável
Na atual situação econômica, os governos locais têm enfrentado cada vez mais dificuldades para obter acesso a recursos externos para financiar seu desenvolvimento. Os bancos multilaterais de desenvolvimento continuam sendo importantes provedores de recursos internacionais para o financiamento do desenvolvimento urbano sustentável para muitos governos locais, principalmente os de países de baixa renda e renda média-baixa. Em muitas cidades da África Subsaariana, recursos internacionais continuam sendo a principal fonte de financiamento, representando até 90% ou mais de sua receita local total.
Fechar a lacuna de financiamento da infraestrutura é fundamental para garantir que as cidades possam atender às suas necessidades de desenvolvimento de infraestrutura urbana. Existem métodos alternativos de financiamento que já foram adotados em todo o mundo, permitindo que as cidades e os governos locais desbloqueiem diferentes fontes de capital e, assim, se tornem mais atraentes para os investidores.
Uma das principais maneiras de as cidades gerarem mais financiamento é investir em si mesmas. Ao melhorar sua própria fonte de receita - ou receitas municipais diretas, como impostos sobre a propriedade, taxas e encargos de usuários - as cidades podem aumentar sua receita absoluta e melhorar sua autonomia fiscal, o que, por sua vez, permite que elas forneçam melhor infraestrutura e serviços urbanos.
O ONU-Habitat tem incentivado o uso de ferramentas como a Rapid Own-Source Revenue Analysis (ROSRA), projetada para ajudar os governos locais a aumentar suas receitas próprias. Para os governos de cidades pequenas cuja credibilidade não é muito forte, uma abordagem de financiamento agrupado pode ser usada para atender aos requisitos de investimento.
O financiamento combinado também pode ser usado para complementar os escassos fundos públicos com capital do setor privado, com o objetivo de realizar projetos de infraestrutura inovadores e de alto impacto que contribuam para o desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo em que proporcionam retornos financeiros adequados e reduzem os riscos para os investidores.
Da mesma forma, os fundos de desenvolvimento municipal estabelecidos em nível nacional podem canalizar recursos na forma de empréstimos, subsídios e, às vezes, financiamento misto para investimentos em infraestrutura urbana ou habitação. Mais de 60 países já estabeleceram esses fundos de desenvolvimento municipal em todo o mundo.
No entanto, o financiamento do desenvolvimento urbano sustentável não pode ocorrer sem estruturas favoráveis. Por mais que o investimento seja necessário em nossas cidades, o desenvolvimento de um sistema institucional e regulatório sólido será igualmente crucial para gerar e atrair financiamento.
Preparar o cenário para que isso ocorra requer vários ajustes e possíveis reformas, tais como:
Estabelecimento de um sistema jurídico e regulatório claro para autorizar e governar os empréstimos dos governos subnacionais e locais e para desenvolver sistemas eficazes e eficientes.
Garantia de que haja instituições adequadas, com as habilidades e a capacidade necessárias para estruturar e implementar instrumentos de financiamento e para aproveitar as oportunidades de investimento do setor privado.
Monitoramento dos níveis de gastos, das alíquotas de impostos e dos passivos com relação aos instrumentos de financiamento para afetar positivamente a disposição do setor privado de investir.
Uso de classificações de crédito para ajudar a demonstrar a credibilidade das cidades a fim de atrair financiamento dos mercados de capital e do setor privado.
No dia 2 de outubro, o mundo comemorou o Dia Mundial do Habitat, que deu início a um mês de atividades e discussões sobre desenvolvimento urbano sustentável, resiliência e crescimento. No Brasil, esse mês foi marcado pelas atividades do Circuito Urbano.
No Dia Mundial das Cidades, comemorado em 31 de outubro, nos concentramos na identificação de ferramentas e serviços necessários para liberar investimentos nas cidades e financiar o desenvolvimento urbano sustentável.
Se quisermos cumprir as promessas dos ODS, são necessárias mudanças e ações ousadas em nível local - e elas são necessárias agora.
Essa história foi publicada originalmente na série de Crónicas da ONU por Maimunah Mohd Sharif, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).
Saiba mais sobre o ODS No. 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis):
Organismos da ONU lançam catálogo com soluções inovadoras de sustentabilidade para assentamentos informais
Com foco na cooperação pelo Sul Global, Circuito Urbano reúne 14 mil espectadores com 203 eventos
Viva o Verde SP: ONU-Habitat e Secretaria do Verde iniciam avaliação dos parques de São Paulo
ONU-Habitat e Governo do Estado do Rio de Janeiro lançam ação para promover resiliência urbana e climática
Habitação é foco de seminário internacional promovido por ONU-Habitat e Agência Brasileira de Cooperação
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História
06 novembro 2023
COP28: Momento crítico em nossa luta coletiva contra a crise climática
A vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina J. Mohammed ressaltou que a próxima Cúpula Climática da ONU está sendo convocada em um momento crítico na luta contra a crise climática. A vice-chefe da ONU participou da reunião preparatória ministerial, ou Pré-COP, realizada entre os dias 30 e 31 de outubro em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
A 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática - a COP28 - deve responder de forma decisiva às alarmantes descobertas da ciência e às lacunas existentes em mitigação, adaptação e perdas e danos, destacou a vice-chefe da ONU na cerimônia de abertura da Pré-COP.
A COP28 finaliza a sequência de reuniões e eventos facilitados pela ONU no decorrer do ano para permitir que os países e outras partes interessadas vejam se estão - ou não - progredindo para atingir as metas do Acordo de Paris de 2015. Esse processo multilateral de revisão do progresso dos países é chamado de Global Stocktake (em inglês).
A Pré-COP teve como objetivo ajudar os países a estabelecer as bases para as negociações na COP28, que acontece entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro nos Emirados Árabes Unidos. A reunião preparatória de dois dias reuniu os países exatamente um mês antes da COP28.
De acordo com os organizadores, como o último compromisso ministerial formal antes da COP28, a Pré-COP é uma oportunidade fundamental para que o mundo se una em torno de uma ambição coletiva para transformar a resposta global à crise climática.
“Nosso desafio comum”
Por sua vez, o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), Simon Stiell, reconheceu que a Pré-COP estava ocorrendo em um momento de sérios conflitos e disputas em várias partes do mundo.
É um momento difícil, porém crítico, para o engajamento multilateral; e um momento de ansiedade. Estejamos unidos pelo conhecimento de que a mudança climática é nosso desafio comum e que, aqui, todos nós nos beneficiaremos das soluções e todos sofreremos com o fracasso em encontrá-las.
O mundo quer saber exatamente a que velocidade estamos indo e em que direção. Se a ambição climática é a nossa estrela do norte, precisamos de um caminho claro traçado para o norte, não alguns graus a noroeste, com uma vaga sugestão de que há lacunas e que é preciso fazer mais... ou então acabaremos no Mar da Groenlândia.
- Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, 31 de outubro de 2023.
Este artigo foi publicado originalmente pela ONU News.
Saiba mais:
Visite a página da ONU Brasil sobre a #COP28: A ação climática não pode esperar
Visite a página da campanha pela #AmbiçãoClimática para mais informações sobre #MudançaClimática e os processos multilaterais sobre o tema: https://bit.ly/CampanhaAmbicaoClimatica
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História
26 outubro 2023
Visibilidade Intersexo
No dia 26 de outubro é celebrado o Dia Internacional da Visibilidade Intersexo. A data foi escolhida em alusão à manifestação ocorrida nesse dia, em 1996, na cidade de Boston, nos Estados Unidos, durante uma Conferência da Academia Americana de Pediatria. Essa ficou conhecida como a primeira manifestação pública de pessoas intersexo já registrada.
Nos últimos anos, a conscientização a respeito dos direitos humanos das pessoas intersexo tem avançado, assim como o reconhecimento das violações e violências que afetam essa população. No entanto, embora as discussões públicas sobre as violações de direitos estejam mais frequentes, até agora poucos países implementaram medidas para prevenir e combater tais práticas nocivas de forma eficaz, além de garantir o acesso à saúde integral e aos demais direitos humanos.
Uma proposta sobre o tema foi aprovada na 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), que reuniu órgãos públicos nacionais e organizações da sociedade civil para debater desafios e políticas públicas para a garantia do direito à saúde para todas as pessoas, inclusive as pessoas intersexo. O texto da proposta, aprovado no eixo “Amanhã vai ser outro dia para todas as pessoas”, orientou a proibição da realização de cirurgias genitais com fins estéticos em crianças intersexo e reforçou a necessidade de realizar campanhas contra a patologização e a invisibilidade das vivências intersexo nos serviços de saúde e na sociedade em geral.
Amiel Vieira, que é doutorando em Bioética, intersexo, pesquisador de gênero e sexualidade e integrante da Rede Brasileira de Pessoas Intersexo (REBRAPI), comenta o assunto e destaca a “importância do movimento social e alianças que colaboram para a proposição de medidas de proteção aos direitos das pessoas intersexo com vistas a garantir a infância e vida adultas de pessoas intersexo no corpo e na saúde total dessa população. Vemos aqui um país preocupado com um futuro mais inclusivo e igualitário”.
A defesa da Visibilidade Intersexo pede um esforço conjunto. Amiel afirma que a aliança entre profissionais de saúde e pessoas defensoras de direitos humanos está por trás dessa conquista na Conferência Nacional de Saúde.
Pavimentando caminhos para saúde integral e participativa
Embora a aprovação de propostas como essa seja um grande passo adiante para a consolidação de um conjunto de ações para o acesso à saúde integral, ainda existe um longo caminho pela frente. Amiel destaca algumas recomendações que a Intersexo Brasil considera necessárias para seguirmos avançando no Brasil:
“A participação ativa das pessoas Intersexo é fundamental em todas as etapas do processo de tomada de decisão, seja no desenvolvimento de políticas até a implementação das mesmas nos serviços de saúde.”
Também “é preciso implementar leis e políticas que proíbam cirurgias genitais estéticas em crianças intersexo, assegurando que, caso haja a necessidade de intervenções médicas e/ou cirúrgicas, essas ocorram com consentimento informado e participação ativa da pessoa Intersexo.”
Entre os caminhos para garantir a igualdade LGBTQIA+ e a promoção dos direitos humanos das pessoas intersexo, Amiel comenta a necessidade de ‘’uma coleta de dados demográficos sobre a população intersexo, a fim de promover pesquisas sobre questões de saúde, bem-estar e qualidade de vida de pessoas intersexo no Brasil. É necessário estabelecer mecanismos de monitoramento e responsabilização para garantir o cumprimento das políticas e leis que protejam os direitos das pessoas intersexo. Lembrando que as necessidades das pessoas intersexo são diversas, e é crucial que as políticas e práticas sejam sensíveis às diferenças individuais e respeitem a autonomia e a autodeterminação‘’.
Para seguir avançando, a Rede Brasileira de Pessoas Intersexo (Intersexo Brasil) reforça a importância de formações contínuas para profissionais de saúde com noções de bioética e valorização do papel essencial da pessoa paciente no processo terapêutico e de seus direitos na busca por um cuidado em saúde inclusivo, além de apoio psicossocial e recursos de saúde mental para pessoas intersexo e suas famílias, a fim de apoiar na compreensão e aceitação das variações intersexo.
Especialistas independentes das Nações Unidas já destacaram a importância de abordagens multidisciplinares e intersetoriais para garantir o pleno respeito aos direitos humanos das pessoas intersexo e suas famílias.
Projetando horizontes futuros – os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Em 2023, a Declaração Universal dos Direitos Humanos completa seus 75 anos. Esse é um documento central para as Nações Unidas no Brasil e no mundo, sendo um guia para a atuação da instituição globalmente. Mesmo com os avanços na garantia dos direitos humanos, os desafios ainda são muitos, o que reforça a importância da Declaração ainda hoje.
Vidda Guzzo, mestranda em Ciência Política na Universidade de Brasília, travesti bissexual intersexo e integrante da REBRAPI, destaca que abordar as causas estruturais das diversas violações e desigualdades que afetam pessoas intersexo é central para a defesa dos direitos humanos, tendo em vista que a dignidade de pessoas intersexo tem sido persistentemente violada em razão dos critérios de normalidade sexual, o que ameaça sua integridade física e psíquica.
“Espero que essa declaração possa inspirar a sociedade, os Estados-membros, especialmente o Brasil, a proibir as mutilações genitais intersexo. Tratar de maneira responsável, com uma abordagem baseada em Direitos Humanos, as variações das características sexuais. Ver nossa dignidade reconhecida. Espero testemunhar avanços no sentido de garantir integridade corporal das pessoas intersexo para que a gente possa viver livre de procedimentos cirúrgicos desnecessários, sem consentimento. Espero ver essas práticas proibidas, ver o Brasil livre dessas práticas e, uma vez proibidas, espero ver reparação e responsabilização’’.
Vidda enfatiza a relevância da participação política das pessoas intersexo, que deve ser uma realidade também em lugares de liderança e influência na política nacional e internacional de direitos humanos:
“Garantir nossa participação é um caminho seguro para avançar na promoção e proteção dos nossos Direitos Humanos. Espero também ver o estado brasileiro, com apoio das Nações Unidas, garantindo o acesso à saúde para as pessoas intersexo e que as pessoas intersexo tenham uma vida plena, pacífica, próspera, num mundo sustentável’’.
Quer saber mais sobre os direitos humanos das pessoas intersexo?
Você sabe o que significa ser uma pessoa intersexo? Conhece as principais violações de direitos humanos que atingem essa população em todo o mundo? Sabe o que você pode fazer ou quem você pode apoiar para mudar essa realidade?
Assista ao vídeo do especialista independente sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero, Victor Madrigal:
Leia também a Nota Informativa da ONU Direitos Humanos sobre pessoas intersexo. Ela traz informações para podermos entender melhor os obstáculos, as violências e os desafios enfrentados por essas pessoas para ter seus direitos humanos mais básicos respeitados, inclusive desde o momento do registro de nascimento.
Infelizmente, pessoas intersexo ainda são alvo de muito estigma e discriminação, mas seguem defendendo seus direitos humanos e buscando avançar para viverem com liberdade. Junte-se a nós no caminho para a igualdade LGBTQIA+ e na defesa dos direitos humanos.
Acesse aqui e saiba o que você pode fazer, como meios de comunicação podem ajudar e que medidas os países devem adotar para transformarmos nossa realidade.
Conheça a atuação da ONU Direitos Humanos no apoio e defesa dos direitos das pessoas intersexo: https://www.ohchr.org/en/sexual-orientation-and-gender-identity/intersex-people
Acesse e saiba mais sobre a comunidade LGBTQIA+ e como todas as pessoas podem agir para avançar com a igualdade LGBTQIA+: https://www.unfe.org/pt-pt/learn-more/
A ONU Direitos Humanos (ACNUDH) lidera a campanha ONU Livres & Iguais, que defende a igualdade LGBTQIA+ e divulga informações de qualidade sobre os direitos humanos da população LGBTQIA+. Um dos focos da campanha é justamente a visibilidade e a defesa dos direitos humanos das pessoas intersexo.
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História
10 outubro 2023
Com trilhões necessários para alcançar os ODS, lideranças mundiais são convocadas a aumentar rapidamente os investimentos
Reconhecendo a urgência de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, os líderes mundiais se reuniram no Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Financiamento para o Desenvolvimento, neste mês de setembro em Nova Iorque, para apresentar soluções inovadoras e práticas para obter um melhor financiamento e enfrentar a grande divisão financeira que surgiu entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento.
A grande lacuna de financiamento
Cerca de 40% de todos os países em desenvolvimento sofrem com graves problemas de endividamento. Esses países não podem financiar o progresso dos ODS se estiverem enfrentando custos exorbitantes de empréstimos e pagando mais pelo serviço da dívida do que pela saúde ou educação.
"Os países em desenvolvimento enfrentam custos de empréstimos até oito vezes mais altos do que os países desenvolvidos - uma armadilha da dívida. E um em cada três países do mundo está agora em alto risco de uma crise fiscal. Quase metade das pessoas que vivem em extrema pobreza estão em países com graves problemas de endividamento."
- António Guterres, secretário-geral da ONU
O Diálogo de Alto Nível sobre Financiamento para o Desenvolvimento é realizado a cada quatro anos desde 2015, após a adoção da Agenda de Ação de Adis Abeba, que consiste no roteiro para o financiamento dos ODS. A edição de 2023 ocorre em um momento crítico, quando apenas cerca de 15% das metas dos ODS estão no caminho certo.
Embora tenha havido progresso em todas as áreas da Agenda de Ação de Adis Abeba, muitos de seus compromissos ainda não foram cumpridos. Além disso, as perspectivas econômicas desafiadoras em meio aos efeitos persistentes da pandemia de COVID-19, os conflitos e a intensificação da mudança climática colocaram o financiamento dos ODS sob maior pressão.
Como parte da 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Diálogo de Alto Nível analisou o progresso para alcançar a Agenda de Ação de Adis Abeba e mobilizou apoio político no mais alto nível para financiar o desenvolvimento sustentável, com base em novos compromissos assumidos na Cúpula dos ODS de 2023.
O financiamento dos ODS exige abordagens inovadoras
Aumentar agressivamente o financiamento dos ODS exigirá abordagens inovadoras, decisões políticas ousadas e novas fontes de financiamento. Os Estados-membros acolheram a proposta do secretário-geral da ONU de um Pacote de Estímulo aos ODS de pelo menos US$500 bilhões por ano para aumentar significativamente o financiamento acessível e de longo prazo para o desenvolvimento.
Eles também apoiaram seu apelo por reformas mais profundas e de longo prazo na arquitetura financeira internacional, que atualmente não serve como uma rede de segurança para todos os países e exacerba as desigualdades.
"Está claro que os problemas sistêmicos de financiamento para o desenvolvimento sustentável exigem uma solução sistêmica: reformas da arquitetura financeira global", disse o chefe da ONU, pedindo um novo momento de Bretton Woods, quando os países podem se unir para chegar a um acordo sobre uma arquitetura financeira global que reflita as realidades econômicas e as relações de poder atuais.
Financiamento dos ODS para um mundo onde ninguém seja deixado para trás
Sob o tema "Financiando os ODS para um mundo onde ninguém é deixado para trás", o evento promoveu soluções criativas, ambiciosas e politicamente viáveis apresentadas por líderes mundiais, chefes de instituições financeiras internacionais e bancos multilaterais de desenvolvimento, representantes do setor privado e da sociedade civil para mobilizar recursos, gerar ações e restaurar o ímpeto para alcançar os ODS.
É fundamental aumentar o financiamento de todas as fontes, bem como desenvolver novas políticas e estratégias para alinhar esses fluxos com os ODS. O aumento dos empréstimos dos bancos multilaterais de desenvolvimento e o crescente reconhecimento do importante papel dos bancos públicos de desenvolvimento ajudaram a atender à crescente demanda por financiamento. A mobilização massiva de capital privado também é necessária para fechar a lacuna.
Com base nos resultados do Fórum do ECOSOC de 2023 sobre o acompanhamento do Financiamento para o Desenvolvimento, o Diálogo de Alto Nível de 2023 gerou subsídios para as reuniões anuais do FMI e do Grupo Banco Mundial em outubro deste ano e para a Cúpula do Futuro, a ser realizada em setembro de 2024.
Saiba mais! Acesse:
Relatório Financiando o Desenvolvimento Sustentável 2023
Declaração Política da Cúpula dos ODS
Campanha da ONU pede ambição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
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Notícias
10 dezembro 2023
Novas opções de carne e laticínios podem ajudar a reduzir as emissões nocivas ao clima
Lançado nesta quinta-feira (8) na COP28, em Dubai, o relatório global do PNUMA O que está cozinhando? Uma avaliação do impacto potencial de novas alternativas selecionadas para produtos animais convencionais concentra-se em três tipos de alternativas:
Novas carnes à base de plantas.
Carne cultivada a partir de células animais.
Produtos ricos em proteínas derivados de fermentação rápida por microrganismos.
O estudo faz parte da série Fronteiras do PNUMA, que identifica e chama a atenção para questões emergentes de preocupação ambiental.
O relatório, produzido com o apoio do Governo da Bélgica, conclui que estas alternativas não só apresentam um potencial significativo para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), mas também podem contribuir para a redução da degradação do solo e do desmatamento, da poluição da água e do solo e da perda de biodiversidade, bem como para a redução dos riscos de doenças zoonóticas e resistência antimicrobiana. Estas novas alternativas poderiam também ajudar a reduzir significativamente as preocupações com o bem-estar dos animais, em comparação com as opções convencionais.
Os autores concluem que novas alternativas podem provavelmente desempenhar um papel no apoio a um sistema alimentar mais sustentável, saudável e mais humano, com diferenças regionais. Ele revisa as políticas que os tomadores de decisão podem considerar para proteger a segurança alimentar, empregos, meios de subsistência, equidade social e de gênero e cultura para ajudar a maximizar os resultados benéficos de novas alternativas de carne e laticínios, evitando potenciais impactos negativos à saúde e sociais.
"Novas alternativas alimentares oferecerão um espectro mais amplo de escolhas do consumidor", disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA.
"Além disso, essas alternativas também podem diminuir as pressões sobre as terras agrícolas e reduzir as emissões, ajudando-nos a enfrentar a tripla crise planetária - a crise das mudanças climáticas, a crise da biodiversidade e da perda da natureza, a crise da poluição e dos resíduos - bem como abordar as consequências sanitárias e ambientais da indústria agropecuária. Mais apoio governamental, bem como pesquisas abertas e transparentes, podem ajudar a desbloquear o potencial dessas novas tecnologias para alguns países."
Embora os produtos animais convencionais sejam uma importante fonte de proteína para muitas comunidades - especialmente em países em desenvolvimento e em muitos países de alta e média renda -, sua produção e consumo acontecem em uma escala que impacta negativamente as pessoas e o planeta. As dezenas de bilhões de animais abatidos anualmente estão longe de ser as únicas vítimas de uma indústria agropecuária em rápido crescimento. Produzir e consumir alimentos de origem animal, ao mesmo tempo em que oferece nutrientes importantes, também tem sido associado a desafios significativos para a saúde pública: níveis excessivos de consumo de carnes vermelhas e processadas estão associados a doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer, obesidade e diabetes. A pecuária também está associada ao aumento dos riscos de resistência antimicrobiana – 73% de todos os antimicrobianos vendidos são usados na pecuária – e à disseminação de doenças zoonóticas, como a COVID-19 ou a gripe aviária.
A indústria da pecuária é um dos principais impulsionadores das mudanças climáticas: as emissões de GEE dos animais, a produção de rações, as mudanças no uso da terra e as cadeias de suprimentos globais com uso intensivo de energia respondem por quase 60% das emissões de GEE relacionadas a alimentos e 14-20% das emissões globais de GEE.
Embora novos alimentos alternativos possam reduzir os danos aos animais de fazenda e contribuir para melhorar a saúde pública, outros benefícios para a saúde não são tão evidentes: alguns novos produtos à base de plantas tendem a ser altamente processados e têm altas quantidades de sal e gorduras saturadas. As evidências sobre os impactos na saúde do uso de carne cultivada a partir de células animais ou fermentação permanecem limitadas. Ao imitar ou replicar as experiências sensoriais da carne e de outros produtos de origem animal, as novas alternativas podem ajudar os consumidores, particularmente em países de alta e média renda, a se afastarem de níveis insustentavelmente altos de consumo de proteína animal. No entanto, custo, gosto e aceitabilidade social e cultural afetarão fortemente a trajetória de alternativas nascentes aos produtos convencionais de origem animal.
O relatório sublinha a necessidade de assegurar uma transição justa por meio de abordagens equitativas e regionalmente adequadas à mudança dos sistemas alimentares. Ele analisa as opções de políticas para mudar o setor de alimentos em direção a um futuro mais saudável e sustentável: maior apoio à pesquisa e comercialização de livre acesso, mudança de subsídios, descontos de impostos, investimentos financeiros diretos e garantias de empréstimos para favorecer novas alternativas, bem como mecanismos acordados internacionalmente sobre políticas comerciais de apoio e padrões de segurança alimentar.
Os autores ressaltam a necessidade de pesquisas abertas e transparentes para entender as implicações nutricionais do consumo regular de alternativas e compreender as implicações socioeconômicas de sua adoção em diferentes regiões, inclusive para equidade, segurança alimentar e meios de subsistência de agricultores familiares.
O relatório não considera a carne de animais selvagens, peixes ou outros animais aquáticos, embora as novas tecnologias possam também remodelar o setor de pesca. O relatório não é uma avaliação de alternativas ao sistema alimentar atual: fazendas de gado regenerativas, aditivos alimentares para reduzir as emissões da agricultura animal, criação de insetos, redução do consumo de carne em favor de fontes de proteína vegetal integral como feijão, produtos veganos como tofu ou taxação de carne. Tais alternativas já estão sendo buscadas ao lado das três alternativas examinadas no relatório, mas têm lutado até agora para conquistar o apoio do governo e alcançar impactos na escala ou velocidade desejadas.
NOTAS AOS EDITORES
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a das gerações futuras.
Para consultas de mídia, entre em contato com:
UNEP News Desk: unep-newsdesk@un.org
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Notícias
08 dezembro 2023
O Governo do Brasil deve intensificar esforços para garantir justiça e reparação racial, afirma Mecanismo Independente da ONU
Especialistas do Mecanismo Internacional de Especialistas Independentes da ONU se reuniram com representantes da sociedade civil e familiares de vítimas, bem como autoridades públicas federais e estaduais, incluindo representantes de Ministérios, autoridades policiais, órgãos de fiscalização interna, oficiais do sistema prisional, e escritórios de promotoras/es públicos e defensoras/es públicos.
A delegação tomou nota de algumas práticas positivas implementadas pelos governos federal e local para garantir os direitos humanos da população afrodescendente, como o reconhecimento da existência de racismo sistêmico e a determinação de implementação de cotas para o aumento da representação desta população em todos os níveis e esferas do governo.
Porém, “os testemunhos dolorosos que ouvimos de familiares das vítimas da brutalidade policial, agravados pelos atrasos angustiantes do sistema de justiça, ressaltam a necessidade urgente de responsabilização”, disse Juan Mendez, membro do Mecanismo de Especialistas.
“Justiça atrasada é justiça negada, e o Estado deve abordar essas questões de forma célere e transparente, garantindo que a justiça prevaleça.”
O Mecanismo de Especialistas ouviu mais de uma centena de testemunhos durante a sua visita. Ouviram histórias sobre maridos, filhos, irmãos e sobrinhos executados a sangue-frio por policiais, e alegações quanto a um padrão sistêmico de plantar provas - incluindo armas de fogo e drogas ilícitas - em cenas do crime para culpabilizar as vítimas e justificar seus assassinatos.
Os depoimentos incluíram casos referentes às operações policiais recentes no Jacarezinho (maio de 2021) e na Vila Cruzeiro (maio de 2022 e agosto de 2023), no estado do Rio de Janeiro; a Operação Escudo na Baixada Santista, estado de São Paulo (agosto-setembro de 2023) e a Operação Salvador no estado da Bahia (julho-setembro de 2023).
“Em sua busca incessante pela justiça, vítimas e familiares têm que enfrentar ameaças, intimidações, represálias e estigmatização. É crucial que este ciclo chegue ao fim”, disse Tracie Keesee, integrante do Mecanismo de Especialistas.
“A garantia do acesso adequado à justiça e a responsabilização dos perpetradores em toda a cadeia de comando são de extrema importância.”
O Mecanismo reconheceu que as taxas de criminalidade no Brasil permanecem elevadas, principalmente devido ao aumento da atividade do crime organizado, o que também afeta a população afrodescendente. Também foi reconhecida a magnitude do desafio posto ao Governo Brasileiro e suas forças de segurança de enfrentar paralelamente questões tanto de segurança pública quanto do combate à criminalidade. “
No entanto, a tarefa legítima de promover a segurança de cidadãos e cidadãs nunca deve ser interpretada como uma justificativa para execuções extrajudiciais de pessoas afro-brasileiras”, disse Mendez.
“Reconhecendo o valioso serviço de oficiais das forças policiais brasileiras, também é imperativo reconhecer o impacto do trabalho na sua saúde mental e no bem-estar de seus familiares. Para promover a colaboração e o engajamento efetivos, é crucial priorizar o apoio à saúde mental dessas e desses profissionais dedicados, garantindo que possam exercer seu ofício de forma plena e cultivar relacionamentos positivos, particularmente com pessoas afrodescendentes, disse Keesee.
“O cuidado com o seu bem-estar e suas condições de trabalho não apenas melhora seu desempenho, mas também contribui para os esforços coletivos por uma sociedade justa e igualitária.”
“Apelamos por uma mudança transformadora em todo o sistema. O Governo Brasileiro deve reavaliar os procedimentos atuais de investigação da má conduta policial, desmantelar as desigualdades raciais sistêmicas e investir na abordagem direta das disparidades históricas que residem na raiz dessas questões”, disse Mendez.
“É imperativo que seja renovado um compromisso financeiro e estrutural para a implementação das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos relativas à ação policial nas favelas. Tratar das questões que afetam pessoas afrodescendentes de forma específica é indispensável para demonstrar uma dedicação sincera à solução desses desafios antigos.”
O Mecanismo compartilhou algumas conclusões e recomendações preliminares com o Governo e elaborará um relatório completo, que será apresentado na 57ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, em setembro de 2024.
Contexto:
O Mecanismo Internacional de Especialistas Independentes para Promoção de Justiça e Igualdade Racial na Aplicação da Lei foi criado em julho de 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos para fazer recomendações, inter alia, sobre as medidas concretas necessárias para garantir o acesso à justiça, responsabilização e reparação pelo uso excessivo da força e outras violações dos direitos humanos cometidas por agentes da lei contra africanos e pessoas afrodescendentes.
A Dra. Tracie Keesee (Estados Unidos); o Professor Juan Méndez (Argentina) e a juíza Yvonne Mokgoro (África do Sul) foram nomeados pelo Presidente do Conselho de Direitos Humanos em dezembro de 2021 para atuar como especialistas independentes.
Contatos para imprensa:
Os pedidos de imprensa devem ser enviados para:
Viajando com os especialistas no Brasil:
Alan Mayo: Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos: alan.mayo@un.org / +41 79 201 0123
No Rio de Janeiro:
Ana Rosa Reis, UNIC Rio: contato@onu.org.br / +55 21 98177-0682
Em Genebra:
Todd Pitman, consultor de mídia para as Missões Investigativas do Conselho de Direitos Humanos da ONU: todd.pitman@un.org / +41 76 691 1761
Pascal Sim, oficial de mídia do Conselho de Direitos Humanos: simp@un.org / +41 79 477 4411
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06 dezembro 2023
ARTIGO: A violência política e a desinformação de gênero no Brasil
Ensaio publicado no Jornal Nexo em 4 de dezembro de 2023.
A conquista de uma paridade de gênero ainda está distante, sobretudo no contexto da política. Conforme os dados do Mapa de Mulheres na Política da IPU-ONU, a média global de representação feminina nos parlamentos é baixa, registrando apenas 26,5%.
Além disso, no início de 2023, apenas 27% das nações possuíam uma líder feminina, apesar de as mulheres representarem 49,7% da população global.
No Brasil, em que pesem as conquistas alcançadas por movimentos femininos e avanços legislativos em prol da igualdade de gênero, representação de mulheres na política não tem acompanhado. No cenário político nacional, o Senado Federal apresenta participação feminina de 18,5%, enquanto na Câmara dos Deputados esse índice é ainda menor, atingindo apenas 17,7%.
De acordo com pesquisa do Instituto Alziras, considerando o âmbito municipal, os números são ainda mais impactantes. As mulheres governam 12% dos municípios do Brasil. Quando se analisam os dados das mulheres negras, o percentual cai para 4%. As regiões com os maiores percentuais de prefeitas são o Norte (15%) e o Nordeste (17%), enquanto o Sul (9%) e o Sudeste (8%) ocupam as últimas posições.
Esses números não apenas ficam aquém da média mundial, mas também estão significativamente abaixo da representação demográfica equitativa, destacando a urgência de esforços contínuos para promoção da igualdade de gênero na esfera política, em consonância com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável No. 5 das Nações Unidas.
A desigualdade de gênero na política é alimentada, em parte, pela violência política de gênero. Apesar de representarem a minoria da representação política, as mulheres foram vítimas de 36% dos casos de violência política registrados no Brasil entre 2020 e 2022.
A violência contra as mulheres na política é cada vez mais reconhecida em todo o mundo como uma tática emergente para dissuadir a participação política das mulheres, especialmente na sociedade da informação em que as novas tecnologias ampliam a manifestação da liberdade de expressão, mas também multiplicam os riscos e ameaças no ambiente online. Dentre todas as manifestações de violência política, as formas não físicas, como assédio e abuso online, predominam.
A desinformação, que consiste na disseminação intencional de informações falsas com o intuito de causar danos, emerge como um desafio significativo nesse contexto.
A desinformação fundamentada em questões de gênero, portanto, representa uma vertente de violência política de gênero que busca minar a liberdade de expressão e enfraquecer os fundamentos democráticos.
Além de ser uma arma de influência política, a desinformação de gênero é sistematicamente empregada contra mulheres na vida pública. Mesmo aquelas que alcançam votações históricas na vida política são sujeitas a uma variedade de ataques pelo simples fato de serem mulheres. As consequências não se limitam aos prejuízos individuais, acentuando estereótipos sexistas e fomentando atitudes misóginas, de modo a desencorajar as gerações mais jovens de buscar cargos públicos ou ingressar na esfera pública.
Pesquisas demonstram que, no Brasil, 58% das mulheres prefeitas afirmam ter sofrido assédio ou violência política pelo fato de ser mulher, sendo que, dessas, apenas a metade registrou queixas ou boletim de ocorrência e cerca de 74% sofreram divulgação de informações falsas, enquanto 66% foram alvo de ataques de discurso de ódio nas plataformas de mídias sociais.
Nos últimos anos, algumas medidas foram tomadas pelo Brasil para mitigar o problema, como a promulgação da Lei Federal 14.192, de 4 de agosto de 2021, que criminaliza a violência política contra a mulher. As eleições de 2022 foram as primeiras após a vigência da lei, contando, inclusive, com uma página dedicada exclusivamente para denúncias de violência política de gênero.
Este cenário reforça a necessidade de um conceito claro de desinformação de gênero, destacando a urgência de medidas concretas para mitigar e prevenir essa forma específica de violência política.
No âmbito desse tema, a Relatora Especial das Nações Unidas (ONU) para a Liberdade de Opinião e Expressão, Irene Khan, promoveu uma consulta pública, visando a reunir perspectivas sobre as relações entre liberdade de expressão e as dimensões de gênero da desinformação.
O desfecho dessa consulta encontra-se detalhado no Relatório das Nações Unidas A/78/288, evidenciando que a desinformação de gênero se utiliza de preconceitos, estereótipos, sexismo, misoginia e normas sociais e culturais fundamentadas em valores patriarcais.
Essa prática visa a ameaçar, intimidar, silenciar e excluir mulheres e indivíduos não conformes com as expectativas de gênero dos espaços públicos e posições de poder. O propósito final da desinformação de gênero é reduzir a participação pública, limitar a diversidade de vozes e opiniões, inclusive na mídia.
Para a construção de um conceito claro de desinformação de gênero, é crucial considerar três atributos fundamentais: conteúdo, objetivo e alvo. O conceito tradicional de desinformação, definido como a disseminação intencional de informações falsas com o intuito de causar danos, revela-se inadequado para abordar de maneira abrangente a complexidade da violência contra as mulheres, conforme discutiremos a seguir.
No que tange ao conteúdo, a desinformação de gênero não se limita apenas à propagação de informações falsas; ela pode incorporar narrativas de gênero preexistentes, manipulando-as e amplificando-as para reafirmar estereótipos e preconceitos arraigados. Quanto ao objetivo, vale salientar que a desinformação de gênero não tem apenas o propósito de causar danos individuais; sua meta é dissuadir ativamente a participação das mulheres na esfera política. No que diz respeito ao alvo, é preciso destacar que a desinformação de gênero se direciona especificamente às mulheres.
Portanto, podemos entender a desinformação de gênero como a disseminação de informações falsas, manipuladas ou amplificadas, que reafirmam estereótipos e preconceitos contra mulheres, com o objetivo de dissuadir ativamente a participação feminina na esfera política, enfraquecendo instituições democráticas e minando a coesão de sociedades inclusivas.
Em última análise, a compreensão do fenômeno da desinformação de gênero oferece não apenas clareza conceitual, mas também uma base sólida para a implementação de estratégias eficazes. Avançar requer a colaboração contínua entre governos, sociedade civil e plataformas de mídia social, visando combater a disseminação de desinformação de gênero e, por consequência, promover ativamente a igualdade de gênero na esfera política.
* Paula Tavares é Global Fellow no Brazil Institute e especialista-sênior em direito e gênero do Banco Mundial.
** Gustavo Borges é professor de Direitos Humanos e Novas Tecnologias na Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense) e consultor em direito e novas tecnologias.
Ensaio disponível no Jornal Nexo: https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2023/12/03/A-viol%C3%AAncia-pol%C3%ADtica-e-a-desinforma%C3%A7%C3%A3o-de-g%C3%AAnero-no-Brasil
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Notícias
05 dezembro 2023
ONU-Habitat e Alagoas divulgam coletânea sobre políticas públicas alinhadas à Agenda 2030
Tornar as informações sobre as políticas públicas de Alagoas transparentes e acessíveis. Este é o objetivo da sistematização dos Programas Estratégicos, um esforço conjunto entre o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) e o Governo de Alagoas, que visa contribuir para o registro simplificado das ações e resultados atingidos pelas políticas públicas estaduais implementadas entre 2015 e 2022.
A sistematização dos Programas Estratégicos é uma coletânea composta por nove cadernos, que abarcam diversas áreas de atuação, como desenvolvimento urbano, primeira infância, gestão de resíduos sólidos e segurança pública. Por meio da esquematização padronizada das informações, os cadernos facilitam na compreensão do funcionamento de cada iniciativa, dos resultados já alcançados e dos indicadores propostos para seu monitoramento. Além disso, eles estimulam a transparência pública e a participação cidadã no acompanhamento de todos os programas implementados.
Em cada um deles, é possível encontrar informações sobre o que é o programa, por que ele é considerado estratégico, soluções utilizadas, principais resultados e impactos para a sociedade, além de ciclos e indicadores necessários para sua avaliação. Dessa forma, a coletânea também serve como um referencial rápido e simplificado sobre cada política pública.
“Por meio desta coletânea, buscamos favorecer a gestão de conhecimento de toda a evolução das políticas ao longo do tempo e propor estratégias de monitoramento e avaliação dos resultados e impactos dos programas. Com este trabalho, esperamos colaborar para o desenvolvimento de uma visão de futuro para Alagoas, que amplie as possibilidades para as suas mais diversas comunidades sem deixar ninguém e nenhum território para trás”.
- Rayne Ferretti Moraes, oficial nacional do ONU-Habitat e coordenadora do Escritório Brasil e Cone Sul.
Programas estratégicos para a Agenda 2030
As nove políticas públicas reunidas na coletânea foram selecionadas considerando o avanço de ações estratégicas para o desenvolvimento sustentável de Alagoas, bem como mudanças concretas nas condições de vida da população. Com isso, a ação reforça a importância de registrá-las e monitorá-las para um acompanhamento efetivo da sua evolução, como forma de medir seus impactos, fortalecer boas práticas e incentivar a implementação das ações de forma duradoura e permanente.
"A publicação fez uma importante conexão destes programas com as metas da Agenda 2030, de forma que podemos visualizar como o estado está fazendo a sua parte no alcance dessas metas, avaliar o quanto se avançou e o quanto ainda é necessário fazer. Deste modo, conectamos as ações do presente com uma visão de futuro para Alagoas", explica o coordenador de programas do ONU-Habitat, Alex Rosa.
Esse esforço de gestão de conhecimento foi elaborado em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e incorporado ao Observatório de Políticas Públicas de Alagoas, lançado em maio de 2023. Ambos são resultantes do Visão Alagoas 2030, cooperação técnica entre ONU-Habitat e Governo de Alagoas para avançar as agendas de desenvolvimento sustentável no estado. Os nove cadernos já estão disponíveis gratuitamente e podem ser acessados na plataforma do Observatório.
Observatório de Políticas Públicas
Como forma de promover dados atualizados e desagregados em nível municipal, o Governo de Alagoas e o ONU-Habitat construíram uma plataforma de monitoramento de indicadores para o desenvolvimento de políticas baseadas em evidências. O Observatório de Políticas Públicas de Alagoas fortalece a localização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o acesso aberto a dados públicos, incentivando a participação cidadã nos processos de elaboração e fiscalização das políticas implementadas nos 102 municípios do estado.
Contato para a imprensa:
Thayane Massopust, ONU-Habitat Brasil: thayane.massopust@un.org
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Notícias
05 dezembro 2023
COP28: Países do G20 representam 73% do potencial de redução de emissões do setor de refrigeração
Tomar medidas fundamentais para reduzir o consumo de energia dos equipamentos de refrigeração reduziria pelo menos 60% das emissões setoriais previstas para 2050, daria acesso universal ao resfriamento que salva vidas, tiraria a pressão das redes de energia e economizaria trilhões de dólares até 2050, de acordo com um novo relatório publicado durante as negociações climáticas da COP28 em Dubai.
O relatório Mantendo a cabeça fria: Como atender à demanda de resfriamento e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões, da Coalizão Global para o Resfriamento liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), estabelece medidas sustentáveis em três áreas:
Resfriamento passivo.
Padrões mais altos de eficiência energética.
Redução mais rápida das substâncias refrigerantes que aquecem o clima.
Implementar as medidas descritas nessas áreas resultaria em redução de 60% das emissões do setor. A rápida descarbonização da rede elétrica reduziria as emissões setoriais em 96%.
O relatório foi divulgado em apoio ao Compromisso Global de Resfriamento (Global Cooling Pledge), uma iniciativa conjunta entre a Coalizão para o Resfriamento e os Emirados Árabes Unidos como anfitriões da COP28. Hoje, mais de 60 países assinaram o compromisso com a promessa de reduzir o impacto climático do setor de refrigeração.
"Os países e o setor de refrigeração devem agir agora para garantir o crescimento da refrigeração com baixo teor de carbono. Felizmente, as soluções estão disponíveis hoje. A adoção de um sistema de refrigeração sustentável e eficiente em termos de energia oferece uma oportunidade de reduzir o aquecimento global, melhorar a vida de centenas de milhões de pessoas e obter enormes economias financeira".
- Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, 5 de dezembro de 2023.
"O setor de refrigeração deve crescer para proteger todas as pessoas do aumento das temperaturas, manter a qualidade e a segurança dos alimentos, manter as vacinas estáveis e as economias produtivas. Mas esse crescimento não deve ocorrer às custas da transição energética e de impactos climáticos mais intensos", explicou a chefe do PNUMA durante o evento de lançamento do relatório em Dubai.
"Com o aumento das temperaturas, é fundamental que trabalhemos juntos para melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões do setor de refrigeração e, ao mesmo tempo, aumentar o acesso à refrigeração sustentável. Esse acesso é especialmente importante para as comunidades mais vulneráveis, que geralmente são as que menos contribuem para a mudança climática, mas são as mais expostas a seus impactos".
- Sultan Al Jaber, presidente da COP28, 5 de dezembro de 2023.
Crescimento rápido e insustentável no resfriamento
A mudança climática, o crescimento populacional e de renda e a urbanização estão aumentando a demanda de resfriamento, o que é necessário para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Cerca de 1,2 bilhão de pessoas na África e na Ásia não têm acesso a serviços de resfriamento, colocando vidas em risco devido ao calor extremo, reduzindo a renda dos agricultores, impulsionando a perda e o desperdício de alimentos e dificultando o acesso universal às vacinas.
"Com o aumento das temperaturas, é fundamental que trabalhemos juntos para melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões do setor de refrigeração e, ao mesmo tempo, aumentar o acesso à refrigeração sustentável. Esse acesso é especialmente importante para as comunidades mais vulneráveis, que geralmente são as que menos contribuem para a mudança climática, mas que estão mais expostas a seus impactos", acrescentou Inger Andersen.
De acordo com as tendências atuais de crescimento, os equipamentos de refrigeração representam 20% do consumo total de eletricidade atualmente, e espera-se que esta taxa mais do que dobre até 2050.
As emissões de gases de efeito estufa do consumo de energia aumentarão, juntamente com o vazamento de gases refrigerantes, a maioria dos quais tem um potencial de aquecimento global muito maior do que o dióxido de carbono.
Em um cenário de manutenção do status quo, prevê-se que as emissões provenientes da refrigeração serão responsáveis por mais de 10% das emissões globais em 2050.
O aumento da demanda por equipamentos baratos, porém ineficientes, incluindo aparelhos de ar-condicionado e geladeiras, exigirá grandes investimentos em infraestrutura de geração e distribuição de eletricidade. Equipamentos ineficientes também resultarão em altas contas de energia para os usuários finais, particularmente na África e no Sul da Ásia, onde o crescimento mais rápido é previsto.
"O setor privado tem um grande papel a desempenhar no financiamento e na promoção da inovação para promover o resfriamento sustentável, o que pode ajudar a atender às necessidades vitais de desenvolvimento local e apoiar as metas globais de redução de carbono. Temos o prazer de contribuir com o relatório e de apoiar o Compromisso de Global de Resfriamento".
- Makhtar Diop, diretor da Corporação Financeira Internacional (IFC), 5 de dezembro de 2023.
Benefícios para o clima, para a saúde humana e para a prosperidade
Seguir as recomendações do relatório poderia reduzir as emissões do setor de refrigeração normal projetadas para 2050 em mais de 60% – cerca de 3,8 bilhões de toneladas de CO2e.
As medidas poderiam:
Permitir que mais de 3,5 bilhões de pessoas se beneficiem de geladeiras, aparelhos de ar-condicionado ou refrigeração passiva até 2050.
Reduzir as contas de energia dos usuários finais em US$ 1 trilhão em 2050 e em US$ 17 trilhões cumulativamente entre 2022 e 2050.
Reduzir a necessidade da potência de pico entre 1,5 e 2 terawatts (TW), quase o dobro da capacidade total de geração da União Europeia atualmente.
Evitar investimentos em geração de energia da ordem de US$ 4 a US$ 5 trilhões.
A rápida descarbonização da rede elétrica reduziria as emissões setoriais em 96%. Os países do G20 representam 73% do potencial de redução de emissões para 2050.
O relatório descreve as principais ações a serem tomadas em estratégias de resfriamento passivo, padrões mais elevados de eficiência energética e uma redução mais rápida dos gases refrigerantes hidrofluorcarbonetos (HFC) por meio da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.
Em 2022, mais de 80% dos países tinham pelo menos um instrumento regulatório em vigor nessas áreas, mas a implementação continua inadequada. Apenas 30% dos países possuem regulamentação que permite a ação nas três frentes.
Medidas de resfriamento passivo
Medidas de resfriamento passivo, como isolamento, sombreamento natural, ventilação e superfícies refletivas, podem reduzir drasticamente as cargas de resfriamento. Essas podem ser fornecidas, em parte, pelo desenvolvimento e aplicação de códigos de energia de construção que incorporam refrigeração passiva e design urbano.
Tais estratégias podem conter o crescimento da demanda por capacidade de resfriamento em 2050 em 24%, resultar em uma economia de custos de capital em novos equipamentos de resfriamento evitados de até US$ 3 trilhões e reduzir as emissões em 1,3 bilhão de toneladas de CO2e.
Padrões mais elevados de eficiência
Padrões de eficiência mais elevados e melhor rotulagem de todos os equipamentos de refrigeração triplicariam a eficiência média global dos equipamentos de refrigeração em 2050 em relação aos níveis atuais, proporcionando 30% de economia de energia modelada, reduzindo as contas de energia e melhorando a resiliência e a viabilidade financeira da cadeia de frio.
As políticas de execução críticas incluem os Padrões Mínimos de Desempenho Energético (MEPS, na sigla em inglês) regularmente atualizados, instrumentos financeiros para incentivar a procura de produtos de maior eficiência e regulamentos para evitar o despejo de equipamentos de refrigeração de baixa eficiência nos países em desenvolvimento.
Emenda de Kigali
O mundo se comprometeu a reduzir gradualmente os HFCs por meio da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal, um acordo global projetado para proteger a camada de ozônio e desacelerar as mudança climática.
As emissões de HFC em 2050 podem ser reduzidas para metade ao longo do calendário de redução gradual de Kigali por meio da rápida adoção de melhores tecnologias em novos equipamentos e de uma melhor gestão dos refrigerantes, juntamente com o reforço da fiscalização nacional.
Ferramentas financeiras
A economia total de custos do ciclo de vida de US$ 22 trilhões (US$ 17 trilhões em economia de custos de energia e US$ 5 em investimentos em geração de energia) tornará acessível a transição para a refrigeração sustentável.
Os modelos de negócios existentes precisam ser dimensionados para usar essas economias para reduzir os custos iniciais e tornar a transição acessível para todas as pessoas. As ferramentas financeiras disponíveis incluem:
Financiamento na fatura, através do qual uma concessionária paga por uma atualização e recupera o custo por meio de contas de energia mensais.
Mecanismos de compartilhamento de riscos.
Investimentos públicos e privados.
Hipotecas verdes.
Incorporação de resfriamento sustentável em salvaguardas ESG para bancos multilaterais.
Proteção de pequenos agricultores em economias em desenvolvimento com financiamento de sementes.
Para muitos países em desenvolvimento, serão necessários financiamentos concessionais específicos.
NOTAS AOS EDITORES
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Proporciona liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente, inspirando, informando e permitindo que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a qualidade de vida das gerações futuras.
Sobre a Coalizão para o Resfriamento
A Coalizão para o Resfriamento, liderada pelo PNUMA, é uma rede global de várias partes interessadas que conecta uma ampla gama de atores importantes de governos, cidades, organizações internacionais, empresas, finanças, universidades e grupos da sociedade civil para facilitar a troca de conhecimentos, a defesa e a ação conjunta para uma rápida transição global para o resfriamento sustentável. Atualmente, a Coalizão está trabalhando com mais de 130 parceiros, incluindo 23 países.
A Coalizão é um dos resultados oficiais e "Iniciativas de Transformação" apresentadas pelo Escritório Executivo do Secretário-Geral para a Cúpula de Ação Climática da ONU de 2019 e o parceiro de entrega técnica para a COP28 da Presidência dos Emirados Árabes Unidos no Compromisso Global de Resfriamento.
Sobre o Compromisso Global de Resfriamento
O Compromisso Global oferece uma oportunidade de se comprometer com a refrigeração sustentável por meio de ações concretas. Uma iniciativa dos Emirados Árabes Unidos como anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2023 (COP28), o Compromisso Global é uma das nove declarações, promessas e cartas não negociadas que constituem os principais resultados da Agenda de Ação Presidencial da COP28.
Seu objetivo é aumentar a ambição e a cooperação internacional por meio de metas globais coletivas para reduzir as emissões relacionadas à refrigeração em 68% até 2050, aumentar significativamente o acesso à refrigeração sustentável até 2030 e aumentar a eficiência média global dos novos aparelhos de ar condicionado em 50%.
Para mais informações, por favor entre em contato:
Unidade de Notícias e Mídia, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA): unep-newsdesk@un.org.
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