Desinformação sobre COVID-19: idosos são foco de atenção
Cursos e palestras abordam a importância de oferecer informações confiáveis para os maiores de 65 anos, principais vítimas da desinformação.
A desinformação é um dos grandes inimigos no combate ao novo coronavírus. Compartilhar informações não checadas pode levar à morte. E os idosos – um dos grupos de risco da COVID-19 - são vítimas mais frequentes desse mal, pela falta de intimidade com as interfaces tecnológicas e a dificuldade em identificar fontes confiáveis num ambiente que não é muito familiar. É o que destaca a psicóloga Debora Noal, pesquisadora sobre saúde mental na COVID-19 pela FIOCRUZ.
Em live realizada no canal da ONU no Youtube como parte da campanha global PAUSE, #PenseAntesDecompartilhar, Debora chamou a atenção para o fato de que os idosos nasceram em um mundo onde as referências tanto científicas como políticas eram muito bem estabelecidas, com os quais tinham vínculos. “Essa rapidez do mundo das informações traz descrença, mas também uma sensação de desatualização. Para o idoso, que tem uma outra forma de compreender o mundo, é mais difícil encontrar as vias de verificação para confrontar as informações com o embasamento científico.”
Pesquisas com dados do Facebook corroboram a análise de Debora. Um levantamento com usuários da rede social realizado pelas universidades de Princeton e de Nova York e publicado na revista Science Advances aponta que pessoas com mais de 65 anos compartilham, em média, sete vezes mais informações não checadas ou falsas que jovens entre 18 e 29 anos. O estudo analisou o padrão de comportamento de 3.500 usuários.
Foi pensando nisso que o Núcleo de Estudos da Terceira Idade da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolveu um curso sobre fake news para pessoas com mais de 50 anos. Realizada em 2019 ao longo de 15 encontros presenciais– as atividades da Universidade estão suspensas por conta da pandemia -, a oficina era gratuita e prática. Os alunos trabalhavam diretamente nos computadores do laboratório, assistidos pelos profissionais do NETI.
A Fiocruz, no Rio de Janeiro, também enfoca o tratamento de idosos no programa de seu curso Saúde Comunitária: Uma Construção Para Todos. Voltado para o público morador de comunidade em área de vulnerabilidade socioambiental do Estado do Rio de Janeiro, o curso é todo on-line e possui um capítulo inteiro dedicado ao tema.
Como ajudar – É possível ajudar os idosos a não compartilhar a notícia no impulso. Debora Noal diz que por meio do afeto e da ciência é possível alertar o idoso de maneira saudável. “Explicar com carinho, amor e gentileza porque não se pode compartilhar automaticamente uma notícia e o risco que esta atitude impensada pode provocar”, ensina a psicóloga. “Com afeto e ciência conectados a gente consegue fazer uma grande diferença no mundo”, finaliza.
Assista aqui a live com Debora Noal.