PNUD faz lançamento nacional do Relatório de Desenvolvimento Humano 2020
17 dezembro 2020
- O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançou no Brasil o Relatório de Desenvolvimento Humano 2020, que tem foco em um novo índice, que mede as pressões dos países sobre o planeta.
- O documento global traz também os resultados de desempenho brasileiro nas três dimensões do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): saúde, educação e renda, referentes a 2019.
- O IDH do Brasil cresceu de 0,762 para 0,765 mas caiu cinco posições no ranking em relação ao ano anterior, ficando em 84º lugar entre 189 países.
Com foco em um novo índice, que mede as pressões dos países sobre o planeta, foi lançado no Brasil o Relatório de Desenvolvimento Humano 2020. O documento global traz também os resultados de desempenho brasileiro nas três dimensões do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): saúde, educação e renda, referentes a 2019. O IDH do Brasil cresceu de 0,762 para 0,765 mas caiu cinco posições no ranking em relação ao ano anterior, ficando em 84º lugar entre 189 países.
O evento, em forma de webinar, foi aberto pela representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, Katyna Argueta, e contou com a presença do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles; da secretária-geral da Secretaria Ibero-Americana, Rebeca Grynspan; do presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), Sergio Gusmão; e da coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD no Brasil, a economista Betina Ferraz Barbosa.
Apesar de não ter havido um retrocesso, o ritmo de avanço do Brasil foi mais lento do que o de outros países, o que o fez perder posições. Ainda assim, permanece no grupo de nações com alto IDH. Quando se avalia o Brasil pelo novo índice de desenvolvimento humano ajustado às pressões do planeta, o IDHP, a colocação do país sobe 10 posições, enquanto diversos países desenvolvidos perdem pontuação.
Desafios - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, avaliou os resultados do relatório: “Temos o desafio de melhorar a posição do Brasil no IDH global, apesar de termos o menor impacto quando focamos no índice que mede a pressão sobre o planeta, por nossas ações de preservação de florestas, uso de energias limpas e as boas práticas usadas na agricultura brasileira”.
Katyna Argueta destacou a importância do novo IDHP, que considera as emissões de dióxido de carbono e a pegada material dos países (medida de extração de matéria-prima no mundo para atender à demanda nacional). “É chegado o momento de todos os países, ricos e pobres, redesenharem suas trajetórias de progresso, assumindo plenamente as tensões que estamos exercendo sobre a terra e desmontando os enormes desequilíbrios de poder e de oportunidades que impedem a mudança”, afirmou a representante do PNUD.
Amazonas e pandemia - A economista Betina Ferraz fez a relação entre o impacto da pandemia e as regiões mais vulneráveis socialmente. No Amazonas, fortemente atingido pelo novo coronavírus, 35% da população vivem em aglomerações, e 68% não têm acesso a saneamento. “A pandemia provocará uma crise no desenvolvimento humano sem precedentes. Os impactos dela ameaçam o progresso humano pela primeira vez desde que começou a ser medido, há 30 anos”, alertou.
O ministro Ricardo Salles também demonstrou preocupação com o cenário. “Enquanto não melhorarmos as condições de vida da população, o meio ambiente sofrerá o impacto, as pessoas continuarão sendo cooptadas para atividades ilegais que pressionam o meio ambiente, como extração de madeira, grilagem de terras e garimpo. É importante colocar o homem no centro dessa preocupação. Importante também contarmos com o apoio e as parcerias de todos aqui representados.”
Rebeca Grynspan afirmou que o relatório do PNUD deste ano é o mais importante dos últimos tempos. “Mais uma vez, o PNUD dá um salto de qualidade, apresentando este novo índice em um momento bastante apropriado. Considero o relatório de 2020 o melhor que já vi até agora", avaliou.
Segundo a dirigente da Secretaria Ibero-Americana, a experiência da pandemia do novo coronavírus na atualidade marca o início de uma nova era. “Estou convencida de que a pandemia cristalizou transformações que estávamos percebendo nos últimos anos. Ousaria dizer que a pandemia marca de fato o início do do século XXI.”
Sergio Gusmão destacou as ações da entidade junto do sistema nacional de fomento a projetos de cunho socioambiental no país. Ele afirmou que há um conjunto de medidas sendo aplicadas para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): “Temos o braço público atuando no mercado privado para ativar essas ações, impulsionar esse caminho. Entre 2019 e 2020, captamos 2 bilhões de dólares para projetos de cunho socioambiental “, destacou.
IDH - O IDH mede o progresso dos países em saúde, educação e renda. Para esse indicador, quanto mais próximo de 1, mais alto é o desenvolvimento humano. O ranking é liderado pela Noruega, cujo IDH é de 0,957. Na outra ponta, o Níger tem o pior índice, de 0,394.
“Para o PNUD, o desenvolvimento humano continua sendo o objetivo central. A questão é como construir pactos com base em novos valores. É disto que trata o novo RDH 2020: redesenhar os caminhos para o progresso humano, aliviando as pressões sobre o planeta", destaca Betina Ferraz Barbosa.
A edição de 30º aniversário do Relatório de Desenvolvimento Humano, "A Próxima Fronteira: Desenvolvimento Humano e o Antropoceno", considera que as pessoas e o planeta estão entrando em uma era geológica inteiramente nova, o Antropoceno ou era dos humanos.
O levantamento se refere ao ano de 2019 e, portanto, ainda não avalia os impactos da pandemia de COVID-19 no desenvolvimento humano. Mas a projeção é de que ela paralise o avanço dos países nas dimensões humanas, o que será medido no próximo relatório, o de 2021.