Notícias

Em Boa Vista, ACNUR distribui uniformes do Santos para crianças venezuelanas 

29 dezembro 2020

  • A empolgação estava refletida nos sorrisos dos adolescentes venezuelanos que aguardavam o momento especial ocorrido no fim da tarde daquela terça-feira, 22 de dezembro.
  • Meninas e meninos receberam parte dos 100 uniformes juvenis do Santos entregues nos abrigos temporários Rondon 1 e Pintolândia, ambos em Boa Vista, capital de Roraima.
  • A ação faz parte da parceria firmada entre Santos Futebol Clube e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), com o intuito de garantir a participação da juventude refugiada e migrante em ações de sociabilidade nos abrigos que acolhem a população venezuelana, estabelecendo espaços de convivência pacífica por meio de práticas esportivas.
ACNUR entrega uniformes do Santos para jovens da Venezuela em Roraima
Legenda: ACNUR entrega uniformes do Santos para jovens da Venezuela em Roraima
Foto: © Allana Ferreira/ACNUR

A empolgação era evidente, refletida nos sorrisos dos adolescentes venezuelanos que aguardavam com ansiedade o momento especial ocorrido no final da tarde daquela terça-feira, 22 de dezembro. Meninas e meninos receberam parte dos 100 uniformes juvenis do Santos entregues nos abrigos temporários Rondon 1 e Pintolândia, ambos em Boa Vista, capital de Roraima.

Além de camisetas e shorts, foram distribuídas bolas para serem utilizadas nas aulas de esporte dos abrigos. A ação faz parte da parceria firmada entre Santos Futebol Clube e a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), com o intuito de garantir a participação da juventude refugiada e migrante em ações de sociabilidade nos abrigos que acolhem a população venezuelana, estabelecendo espaços de convivência pacífica por meio de práticas esportivas.

Os uniformes foram enviados diretamente da Vila Belmiro, em Santos (SP), como presente para as crianças participantes do projeto de esporte implementado nos abrigos Rondon 1 e Pintolândia – este específico para a população indígena venezuelana, onde a prática de esportes é uma forte característica. As instalações fazem parte da Operação Acolhida, resposta do governo brasileiro em conjunto com organizações da sociedade civil e agências da ONU ao fluxo de pessoas vindo da Venezuela, com o objetivo de prover abrigamento, alimentação e atenção à saúde, assim como ações de regularização no país e promover a interiorização de refugiados e migrantes.

Os dois abrigos, administrados pelo ACNUR, com base em Acordo de Cooperação assinado com o Ministério da Cidadania,  em parceria com a Associação Voluntários para o Serviço Internacional – Brasil (AVSI) e Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), recebem mais de 1.000 pessoas, entre adultos, idosos, crianças e jovens venezuelanos indígenas e não indígenas. Nessas comunidades, o esporte é uma das principais atividades de relacionamento social.

“Esse projeto oferece aos jovens uma oportunidade de se descobrirem em um contexto além da vida dentro de um abrigo, por ser uma atividade não relacionada a situação de vulnerabilidade que eles se encontram. Além de desenvolverem os valores que o esporte traz, como disciplina, respeito, comunicação não-violenta, autoestima, liderança no trabalho em grupo, o esporte também permite imaginar um futuro fora de um abrigo”, afirma a oficial de Proteção do ACNUR, Angelica Uribe.

Durante a cerimônia de entrega dos uniformes, o grupo assistiu a uma mensagem de vídeo do camisa 10 dos Santos, o jogador venezuelano Yeferson Soteldo: “Que sigam lutando, que sigam em busca de seus sonhos. Sei a situação que vocês têm passado e mando um abraço daqui, desejando muita sorte e muita força em seus caminhos”. A surpresa emocionou alunos, professores, pais e toda a equipe de apoio presente.

O venezuelano Eduardo José Alvares, de 17 anos, faz embaixadinhas
Legenda: O venezuelano Eduardo José Alvares, de 17 anos, faz embaixadinhas
Foto: © Allana Ferreira/ACNUR

No abrigo Rondon 1, o time de futebol é misto, com meninos e meninas ávidos para jogar bola. Dentre eles, Eduardo Jose, de 17 anos, mostrou suas habilidades em fazer embaixadinhas, mesmo com os pés descalços em um “gramado” de brita. Para ele, o esporte vai além da diversão: é um alívio para a mente.

“O esporte me ajuda a passar o tempo e distrair um pouco de tudo que estamos vivendo. Eu amo poder jogar bola com meus amigos aqui no abrigo, tanto futebol quanto vôlei”, diz Eduardo. “Na Venezuela eu jogava bola quase diariamente na escola, mas por conta de toda a situação do país, tivemos que sair de lá. Estou muito feliz de poder jogar bola novamente. E estamos bastante agradecidos por receber este uniforme e as bolas para montar nossos times”, complementa o jovem, já vestido com a camisa do Santos.

Nycole Rodriguez, de 14 anos, não conhecia muito futebol até chegar ao Brasil. Com a motivação dos colegas, pegou gosto pelo esporte e já não há nenhuma partida que não esteja junto com o time.

“Eu não conhecia futebol direito antes de chegar aqui no abrigo, mas hoje é um dos meus esportes favoritos juto com kickball (jogo similar ao beisebol), que eu jogava na Venezuela”, lembra Nycole.  “Aqui jogamos todos juntos, meninos e meninas, e todo mundo se diverte", relata. 

O ACNUR e o Santos assinaram um acordo de intenções no início de 2020 que visa promover o acesso de crianças refugiadas às escolas de futebol “Meninos da Vila” em todo o Brasil, assegurar ingressos para famílias refugiadas nos jogos oficiais do Santos e promover ações de comunicação sobre o tema dos refugiados.

Com a chegada da pandemia da COVID-19, apenas o último item do acordo foi implementado na íntegra. Em São Paulo, algumas crianças refugiadas já tinham iniciado as aulas nas escolinhas de futebol, que esperam retomar em 2021.

O coordenador sênior de Campo do ACNUR Arturo de Nieves enfatiza a importância de projetos e parcerias como essas em um contexto de deslocamento forçado. “O ACNUR acredita no esporte como uma oportunidade de inclusão e proteção por todos os benefícios que o esporte promove, e por isso estamos alegres e agradecidos de ter essa parceria com o Santos FC”, diz Arturo.

O ACNUR entende que o esporte possibilita o desenvolvimento e crescimento pessoal na vida de quem teve que deixar seu país de origem e busca reconstruir suas vidas com dignidade. Por seu caráter coletivo e conciliador, a Agência da ONU para Refugiados atua em parceria com organizações humanitárias no âmbito da Operação Acolhida para também promover iniciativas esportivas aos abrigados para fortalecer a coesão social e estreitar os laços entre as pessoas que atravessam um delicado momento em suas vidas.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa