“É hora de reiniciar, reformular e reconstruir”, diz chefe da ONU ao Conselho de Direitos Humanos
22 fevereiro 2021
- Em participação virtual na 46a Sessão do Conselho de Direitos Humanos, o secretário-geral da ONU declarou que a pandemia está expondo “princípios fundamentais” e apontou a recuperação da crise como uma chance para impulsionar a transformação.
- “É hora de reiniciar, reformular e reconstruir”, afirmou.
- Guterres destacou que “a crise tem rosto feminino”, já que a violência contra as mulheres, em todas as formas, disparou durante a pandemia.
- A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou que o impacto na saúde está longe chegar ao fim, embora os efeitos nas economias, liberdades, sociedades e pessoas estejam apenas começando.
Em participação virtual na 46a Sessão do Conselho de Direitos Humanos, o secretário-geral da ONU declarou que a pandemia está expondo “princípios fundamentais” e apontou a recuperação da crise como uma chance para impulsionar a transformação. “É hora de reiniciar, reformular e reconstruir”, afirmou em discurso.
Guterres lembrou que os direitos humanos permitem a interconexão, facilitam a resolução de tensões e promovem uma paz duradoura. Para ele, estes são princípios que estão “na linha de frente da construção de um mundo com dignidade e oportunidade para todos”.
O secretário-geral enfatizou, no entanto, algumas pressões enfrentadas na área de direitos humanos como as questões de racismo, discriminação e xenofobia, além da desigualdade de gênero. Guterres pediu uma revitalização do combate ao neonazismo, a supremacia branca e ao terrorismo com motivação racial e étnica porque “o perigo está crescendo a cada dia” e defendeu uma recuperação regulada pelos direitos humanos e pela dignidade universal.
Rosto feminino - Guterres destacou que a pandemia exacerbou ainda mais a profunda discriminação a mulheres e meninas e disse que “a crise tem rosto feminino”. Ele lembrou que a violência contra as mulheres, em todas as formas, disparou durante a pandemia - desde o abuso online até ao tráfico, exploração sexual e casamento infantil, além da violência dentro de casa. Ele advertiu que um mundo dominado por homens vai gerar resultados masculinos e recordou a eficácia da liderança feminina no combate à COVID-19.
Vacinas - O chefe da ONU classificou como um "ultraje moral" o fracasso em garantir a equidade de vacinação e disse que apenas 10 países administraram 75% de todas as vacinas contra a COVID-19, enquanto mais de 130 nações não receberam uma única dose.
A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que a pandemia desmascarou realidades de discriminação. Ela considera que o impacto na saúde está longe chegar ao fim, embora os efeitos nas economias, liberdades, sociedades e pessoas estejam apenas começando.
Na abertura da sessão, a presidente do Conselho de Direitos Humanos, Nazhat Shameem Khan, destacou que essa é a primeira reunião do Conselho realizada quase inteiramente online.
Crise - O presidente da Assembleia Geral da ONU, Volkan Bozkir, disse que a pandemia não é apenas uma crise de saúde, mas “uma crise de direitos humanos”. Para ele, todas as respostas devem garantir que estes princípios estejam em evidência como, por exemplo, defendendo o acesso igual de todos para as vacinas.