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ONU destaca poder transformador de participação igualitária no Dia Internacional da Mulher

08 março 2021

  • Ressaltando o poder transformador da participação igualitária das mulheres na sociedade, os principais altos funcionários das Nações Unidas pediram medidas especiais para avançar na participação igualitária de mulheres.
  • Em uma mensagem sobre o Dia Internacional da Mulher, marcado anualmente no dia 8 de março, o secretário-geral António Guterres indicou "claras evidências", como melhores programas de proteção social, políticas climáticas mais fortes e acordos de paz duradouros, quando mulheres estão envolvidas nos governos, parlamentos ou negociações de paz. 
  • A diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, destacou a necessidade de vontade política em apoiar ativamente e intencionalmente a representação das mulheres.
No Dia Internacional da Mulher, entrega de cestas de alimentos a trabalhadoras do Hospital da Cruz Vermelha no Paraná
Legenda: No Dia Internacional da Mulher, entrega de cestas de alimentos a trabalhadoras do Hospital da Cruz Vermelha no Paraná
Foto: © Valmir Fernandes/Fotos Públicas

Ressaltando o poder transformador da participação igualitária das mulheres na sociedade, os principais altos funcionários das Nações Unidas pediram medidas especiais para avançar na participação igualitária de mulheres.

Em uma mensagem sobre o Dia Internacional da Mulher, marcado anualmente no dia 8 de março, o secretário-geral António Guterres indicou "claras evidências", como melhores programas de proteção social, políticas climáticas mais fortes e acordos de paz duradouros, quando mulheres estão envolvidas nos governos, parlamentos ou negociações de paz. 

"Seja administrando um país, um negócio ou um movimento popular, as mulheres estão fazendo contribuições que alcançam a todos, impulsionando o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", disse Guterres.

"Faço um apelo a países, empresas e instituições para que adotem medidas e cotas especiais para promover a igualdade de participação das mulheres e alcancem mudanças rápidas", insistiu.

A ONU começou a celebrar o Dia Internacional em 1975, designado Ano Internacional da Mulher. Ao longo das décadas, a data se transformou, deixando de ser apenas um dia para reconhecer as conquistas das mulheres para se tornar um ponto de encontro para construir apoio aos direitos e à participação das mulheres nas esferas política e econômica.

As comemorações deste ano, sob o tema “Mulheres na liderança: alcançar um futuro igual em um mundo de COVID-19”, vem no momento em que o mundo continua navegando na pandemia, que eliminou décadas de progresso  em direção à igualdade de gênero.

COVID-19 - As mulheres vêm suportando o peso da pandemia do coronavírus – de serem empurradas para a pobreza, à perda de empregos, na medida em que a economia informal encolhe, a um aumento alarmante da violência doméstica e da carga de cuidados não remunerados.

No entanto, apesar do impacto em suas vidas e direitos, as mulheres têm estado resolutamente na linha de frente da resposta  à pandemia como trabalhadoras essenciais, cuidadoras e líderes. 

"À medida que nos recuperamos da pandemia, os pacotes de apoio e estímulo devem atingir especificamente mulheres e meninas, inclusive por meio de investimentos em empresas de propriedade feminina e na economia de cuidados", ressaltou o secretário-geral da ONU.

Vontade política - A diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, entidade da Organização dedicada à igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres, ressaltou a necessidade de vontade política em apoiar ativamente e intencionalmente a representação das mulheres.

Em mensagem para a data, ela fez observações de que esforços concretos, como a definição e o cumprimento de metas de paridade, em todos os níveis de governo; ou medidas especiais, como a implementação e a aplicação de cotas e políticas como abordagem para representação, são maneiras de alcançar o "progresso real" na liderança feminina. 

Sem essas medidas, o progresso pode ser mais lento ou até mesmo inexistente e facilmente revertido, alertou. "Nenhum país prospera sem o engajamento das mulheres", destacou Mlambo-Ngcuka, pedindo uma representação feminina que reflita todas as mulheres e meninas em toda a sua diversidade e habilidades, e em todas as situações culturais, sociais, econômicas e políticas. 

"Esta é a única maneira de obter mudanças sociais reais que incorporem as mulheres na tomada de decisões como iguais e beneficiem a todos nós", acrescentou a diretora executiva da ONU-Mulheres.

Responsabilidade - A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse que a discriminação contra as mulheres é o que as está impedindo, não a falta de interesse ou capacidade. Falando em um evento comemorativo no Conselho de Direitos Humanos, ela afirmou que a discriminação leva a leis que impedem as mulheres de controlar seus corpos, possuir terras ou acessar crédito.

Bachelet pediu ações específicas, incluindo medidas especiais e cotas para "quebrar o ciclo de exclusão", o que resulta em parcela desproporcional de responsabilidades assistenciais, normas sociais que impedem o acesso igualitário à educação, bem como violência, assédio e práticas nocivas.

Estamos em um momento crucial... a responsabilidade de nossas vidas está à nossa porta: criar sociedades pós-pandêmicas mais equitativas, inclusivas, justas e sustentáveis 

 

Alta Comissária Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para Direitos Humanos

 

Mulheres líderes - A diretora executiva do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Ghada Waly, destacou a importância da liderança e representação das mulheres na aplicação da lei e no judiciário.

Ela acrescentou que uma maior participação feminina garante mais investigações sobre crimes contra a mulher, melhores resultados de policiamento e abordagens bem-sucedidas centradas nas vítimas e observou que as mulheres também permitem "mudanças sistêmicas", incluindo menores índices de violência e maior integridade por meio da diversidade.

"São grandes vitórias para a confiança pública e instituições efetivas. Quando as mulheres lideram, todos nós ganhamos", disse Waly, lembrando a Declaração de Kyoto no Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, aprovada no domingo (7), na qual os governos se comprometeram a remover os impedimentos para o avanço das mulheres dentro dos sistemas de justiça criminal.

Saúde reprodutiva e HIV - A diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas, Natalia Kanem, lembrou que ainda hoje muitas mulheres não conseguem tomar decisões básicas sobre seus corpos - se devem ter relações sexuais ou não, se usam contraceptivos ou não, ou mesmo realizar suas próprias escolhas em serviços de saúde. Apesar disso, na crise da COVID-10 "as mulheres mantiveram sociedades inteiras em andamento, sustentando os sistemas de saúde como a maioria das trabalhadoras na ponta, e corajosamente gerenciando responsabilidades extras em casa enquanto cuidam dos doentes e das crianças fora da escola", lembrou a dirigente.

Eu encorajo mulheres e meninas que sonham com a liderança a se erguerem. Não esperem. É seu direito, e o mundo precisa de você agora mais do que nunca.

 

Natalia Kanem, diretora-executiva do UNFPA

A diretora-executiva do UNAIDS, Winnie Byanyima, afirmou que as mulheres têm sido uma "luz orientadora para o mundo" na resposta à COVID-19 mas destacou os efeitos que a pandemia trouxe para a desigualdade de gênero. "Pandemias como a de COVID-19 e o HIV ampliam as falhas na sociedade e aprofundam as vulnerabilidades", alertou.

Ela lembrou que a nova estratégia global para a AIDS 2021-2026 coloca os direitos e as múltiplas e diversas necessidades das mulheres e meninas ao longo do seu ciclo de vida no centro da resposta. E concluiu: "A desigualdade de gênero não é apenas errada. É perigosa. Enfraquece a todos e todas nós. Um mundo mais igualitário será mais capaz de responder melhor a pandemias e outros momentos de crise; isso nos deixará mais saudáveis, mais seguros e mais prósperos". 

Processo de paz - No Afeganistão, a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA) destacou que 2021 é uma "oportunidade histórica para uma paz duradoura", que beneficiará todos os afegãos, reiterando que as mulheres devem desempenhar um papel de liderança na tomada de decisões em todos os níveis do processo de paz.

"O processo de paz trouxe à tona fortes mulheres afegãs como líderes, que negociaram em nome da República Islâmica do Afeganistão e reuniram apoio em suas comunidades para chegar em uma solução pacífica para o conflito", disse a representante especial do secretário-geral no Afeganistão, Deborah Lyons, em uma mensagem para a data. "Capacitar essas mulheres e expandir a participação delas será fundamental para garantir uma paz justa e sustentável que proteja os direitos de todos os afegãos", afrimou. 

Mulheres de Mianmar - Enquanto isso, em Mianmar, a Equipe de País da ONU aplaudiu as organizações da sociedade civil do país pelo papel na "lenta jornada de Mianmar em direção a uma sociedade mais democrática, pacífica e próspera".

"Durante décadas, as mulheres em Mianmar trabalharam tanto nas sombras quanto em plena luz do dia, muitas vezes correndo alto risco para sua segurança e bem-estar, para defender a paz, apoiar o processo de paz e fornecer serviços essenciais quando e onde não havia serviços governamentais", disse a Equipe de País em comunicado, elogiando também as contribuições para prevenir e combater a pandemia de COVID-19.

Elas estão "mais uma vez demonstrando sua liderança e agenciamento" após mais de um mês de instabilidade e violência, depois da tomada militar em 1 º de fevereiro. O comunicado lembrou que mulheres, jovens e idosos estão liderando o apelo pela paz, justiça e democracia "com coragem, encarando balas e espancamentos, morte e detenção, desafiando o patriarcado e as normas sociais no processo".  

"Neste momento de crise, fazemos um apelo a todas as partes interessadas, em Mianmar e no exterior, a ouvir as vozes das mulheres de Mianmar e ecoamos as palavras do secretário-geral da ONU reafirmando o apoio inabalável da ONU ao povo de Mianmar em sua busca pela democracia, paz, direitos humanos e estado de direito."

Comemorações globais - Agências da ONU, juntamente com parceiros, também organizaram eventos em todo o mundo para marcar o Dia Internacional da Mulher.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) introduziu a Iniciativa Global contra o Câncer de Mama, que visa reduzir a mortalidade global por câncer de mama em 2,5% ao ano até 2040, evitando assim cerca de 2,5 milhões de mortes. 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) destacou o impacto da pandemia nas meninas, alertando que dez milhões de casamentos infantis adicionais poderiam ocorrer antes do final da década. A agência da ONU para refugiados (ACNUR) pediu à comunidade internacional que tome medidas urgentes para proteger mulheres e meninas refugiadas, deslocadas e apátridas que enfrentam a pobreza e a violência de gênero devido à COVID-19 e suas consequências socioeconômicas.

Já a Comissão Econômica e Social para a Ásia-Pacífico lançou um novo relatório – “O longo caminho para a igualdade” -, que mostra que, embora os níveis de representação feminina na região tenham aumentado, o progresso "permanece desigual", dentro e entre os países.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

APDIM – UN ESCAP
Asian and Pacific Centre for the Development of Disaster Information Management
ACNUDH
Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos
ONU Mulheres
Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento da Mulher
ONU
Organização das Nações Unidas
UNAMA
United Nations Assistance Mission in Afghanistan
UNFPA
Fundo das Nações Unidas para a População
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNODC
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
OMS
Organização Mundial da Saúde

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