Notícias

Banco Mundial: sem acesso a vacinas, desigualdade continuará aumentando

12 abril 2021

  • A pandemia causou crises de saúde pública, econômicas e sociais sem precedentes, ameaçando a vida e os meios de subsistência de milhões e agravando as desigualdades em todo o mundo. “Sem acesso a vacinas, a lacuna vai aumentar ainda mais”, alertou o presidente do Banco Mundial, David R. Malpass.
  • A fala ocorreu durante o evento “COVID-19: Vacinas para os países em desenvolvimento”, realizado na sexta-feira (9), que reuniu líderes de diversas agências da ONU para debater o acesso a vacinas.
  • A líder da OMC reforçou a importância da saúde e do controle da COVID-19 para recuperação econômica. Para Okonjo-Iweala, “o maior estímulo econômico para os países em desenvolvimento seria o acesso equitativo às vacinas COVID-19”.
  • As consequências da crise podem ser ainda mais drásticas para mulheres e crianças. De acordo com a diretora do UNICEF, é possível que, após a pandemia, a cada dois meninos que voltem para uma sala de aula, apenas uma menina volte.
Enfermeira preenche formulário
Legenda: A desigualdade atinge abrange não apenas vacinas, mas também renda, diferenças de taxas de juros, processos de falência e acesso ao crédito. Em todo mundo, mulheres foram mais afetadas.
Foto: © Henitsoa Rafalia/Banco Mundial

A pandemia COVID-19 causou crises de saúde pública, econômicas e sociais sem precedentes, ameaçando a vida e os meios de subsistência de milhões e agravando as desigualdades em todo o mundo. “Sem acesso a vacinas, a lacuna vai aumentar ainda mais”, alertou o presidente do Banco Mundial, David R. Malpass. A fala ocorreu durante o evento “COVID-19: Vacinas para os países em desenvolvimento”, realizado na sexta-feira (9), que reuniu líderes de diversas agências da ONU para debater o acesso a vacinas.

Desigualdade da dívida - Malpass destacou que a desigualdade é profunda, abrangendo não apenas vacinas, mas também renda, diferenças de taxas de juros, processos de falência e acesso ao crédito. Todos esses fatores colocam os países mais pobres em grande desvantagem. Ele fez um apelo a “uma forte parceria e cooperação a nível nacional, regional e global”.

Reconhecendo plenamente “o problema da dívida que os países mais pobres enfrentam”, Malpass informou no evento sobre sua recente reunião com as principais nações industrializadas do G20. Segundo o presidente do Banco Mundial, os membros do grupo saudaram a aceleração do processo da Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) 20, considerada por ele “uma plataforma muito eficaz do Banco Mundial para dar ajuda de crédito e donativos aos países mais pobres”.

Recuperação pandêmica – De acordo com seu presidente, o Banco Mundial estava fazendo “algum progresso na transparência da dívida, embora a sua colaterização continue sendo um problema”.

Ele delineou o plano, país por país, para ajudar o mundo em desenvolvimento a ser mais resiliente no próximo ano, incluindo a redução da pobreza, abordando os impactos climáticos e trabalhando para fortalecer os sistemas de educação e saúde.

“Estamos tentando alcançar uma mudança escalonável transformadora para as pessoas que vivem em países mais pobres”, ressaltou.

Preparação para crises – O diretor de operações do Banco Mundial, Axel van Trotsenburg, disse que a pandemia havia desencadeado uma "enorme reversão no progresso" de sociedades inteiras e enfatizou a necessidade de se concentrar na preparação para crises.

Ele desaconselhou o que chamou de uma “visão estreita” apenas sobre a saúde. Para o diretor do Banco Mundial, uma agenda completa deve ser considerada, como “bem resumem os ODS”, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Precisamos manter a solidariedade, não apenas na área da saúde, mas em todo o espectro do desenvolvimento”, disse van Trotsenburg, enfatizando que “somente juntos” sobreviveremos e prosperaremos.

Estrutura de financiamento necessária - A chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, disse que os países em desenvolvimento que exportam commodities enfrentaram uma queda nos preços e o turismo entrou em colapso durante a pandemia.

Ela ressaltou que o mundo precisa de uma estrutura de financiamento para lidar com a preparação e resposta em emergências e que as cadeias de abastecimento devem ser mantidas abertas para proteger melhor os sistemas econômicos.

A líder da OMC reforçou a importância da saúde e do controle da COVID-19 para recuperação econômica. Para Okonjo-Iweala, “o maior estímulo econômico para os países em desenvolvimento seria o acesso equitativo às vacinas COVID-19”.

Mulheres e crianças mais atingidas – A diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Henrietta H. Fore, também participou do evento e destacou a situação das mulheres e crianças durante a pandemia.

Observando que muitas vezes as mulheres são as cuidadoras principais, tanto como profissionais de saúde quanto em casa, ela disse que “elas estão realmente divididas em todas as direções” e expressou preocupação com o fato de sua participação no trabalho remunerado estar “em declínio”.

Fore observou que muitos dos serviços que mulheres e crianças costumam acessar em suas vidas normais estão inacessíveis ou totalmente indisponíveis. A falta de serviços está tendo um enorme impacto nas mulheres e crianças.

“Não podemos trocar uma crise, a pandemia, por outra crise em que perdemos as mulheres e as meninas e as crianças em nosso mundo”, afirmou.

A chefe da UNICEF compartilhou algumas estatísticas surpreendentes, incluindo que 140 milhões de famílias provavelmente cairão abaixo da linha da pobreza; 168 milhões de crianças estão fora da escola há mais de nove meses; e um em cada três alunos não tem acesso ao aprendizado remoto.

“Com isso, muitas vezes a mulher da casa se torna não apenas uma mãe, mas também uma professora. Então é muito difícil para ela ficar fora de casa para manter um emprego”, acrescentou.

Crises de equilíbrio - Outra preocupação é que muitas crianças podem não voltar à escola, principalmente as meninas, pois, uma vez que parem de frequentar, seus pais podem vê-las como cuidadoras da família e considerar o casamento para mantê-las seguras.

“Isso significa que para cada dois meninos que voltem para uma sala de aula, talvez apenas uma menina volte”, explicou a chefe do UNICEF.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
WTO
World Trade Organisation

Outras entidades envolvidas nesta iniciativa

Banco Mundial
Banco Mundial

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa