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Iniciativa busca eliminar transmissão de mãe para filho da doença de Chagas na América Latina

14 abril 2021

  • Para marcar o Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, o Mecanismo Internacional de Compra de Medicamentos (Unitaid) lançou uma campanha para melhorar testes e cuidados na América Latina. A região é a mais afetada pela doença, que atinge principalmente os mais vulneráveis.
  • Uma das maiores preocupações da campanha é com a transmissão vertical, da mãe para o bebê. Segundo a OMS, ainda existem 1,12 milhão de mulheres em idade fértil infectadas na América Latina, onde são esperados anualmente entre 8 mil e 15 mil bebês nascidos com a doença.
  • Coordenado pela Fiocruz, o projeto CUIDA Chagas – Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas é endossado pelos Ministérios da Saúde de Bolívia, Brasil, Colômbia e Paraguai, e compreende atores-chave no panorama da saúde pública de cada um dos quatro países que o compõe, contando ainda com apoio técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Doença de Chagas afeta especialmente as populações mais pobres e sem acesso a serviços de saúde.
Legenda: De acordo com a OMS, de 8 mil e 15 mil bebês nascem com a doença na América Latina. Ela afeta especialmente as populações mais pobres e sem acesso a serviços de saúde.
Foto: © Joshua E. Cogan/OPAS

Para marcar o Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas, celebrado em 14 de abril, o Mecanismo Internacional de Compra de Medicamentos (Unitaid) lançou uma campanha para melhorar testes e cuidados na América Latina. A região é a mais afetada pela doença, que atinge principalmente os mais vulneráveis.

Uma das maiores preocupações da campanha é com a transmissão vertical, da mãe para o bebê. Devido ao relativo sucesso das medidas de controle das outras formas de transmissão, a transmissão congênita tem se tornado proporcionalmente mais relevante em países latinos, além de ser a principal fonte de novos casos em regiões não endêmicas.

Doença silenciosa - O diretor de Comunicação do Unitaid, Maurício Cysne, descreveu os desafios da infecção, que na maioria dos casos é assintomática.

“A doença de Chagas afeta de 6 a 7 milhões de pessoas por ano em toda a América Latina. É uma doença silenciosa. Ela afeta os mais pobres, os mais vulneráveis e mata lentamente. Cerca de 2 milhões mulheres, em idade fértil, são cronicamente afetadas por Chagas. E a transmissão da mãe para o filho é uma via de infecção crítica, uma vez que a doença não é detectada ou tratada tantos nas mães como nos seus recém-nascidos.”

A nova campanha também quer promover um cuidado integral a mulheres e recém-nascidos em quatro países, onde a doença é mais endêmica: Brasil, Bolívia, Colômbia e Paraguai.

Fiocruz - Com um orçamento de US$ 19 milhões, o Unitaid conta com apoio de parceiros nos setores público e privado.

“No Dia Mundial da Doença de Chagas, a Unitaid tem o orgulho de anunciar o lançamento de um novo programa para eliminação da transmissão de mãe para filho de Chagas no Brasil, Bolívia, Colômbia e Paraguai. Este processo será implementado por um consórcio de parceiros, liderado pela Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, no Brasil. E se concentrará no teste, tratamento e cuidado, através de triagem sistemáticas das mulheres e de seus recém-nascidos”, explicou Maurício Cysne.

Coordenado pela Fiocruz, o projeto CUIDA Chagas – Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas é endossado pelos Ministérios da Saúde de Bolívia, Brasil, Colômbia e Paraguai, e compreende atores-chave no panorama da saúde pública de cada um dos quatro países que o compõe, contando ainda com apoio técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

O projeto será implementado em 34 municípios, sendo 10 na Bolívia, seis no Brasil, 13 na Colômbia e cinco no Paraguai, selecionados pelos países de acordo com as prioridades de saúde pública.

A doença é causada pelo protozoário parasita, Trypanosoma Cruzi, que é transmitido pelas fezes ou urina de um inseto conhecido como barbeiro. 

A infecção causa mais mortes na América Latina que a malária. A OMS estima que somente 7% dos pacientes de Chagas são diagnosticados e apenas 1% recebe tratamento adequado.

Complicações coronárias e digestivas - Segundo a OMS, ainda existem 1,12 milhão de mulheres em idade fértil infectadas na América Latina, onde são esperados anualmente entre 8 mil e 15 mil bebês nascidos com a doença. A doença também foi notificada em áreas dos Estados Unidos, na Europa, no Canadá, no Japão e na Austrália.

Existem outras vias de transmissão como através de alimentos contaminados, transfusão de sangue e produtos sanguíneos, transplantes de órgãos e por acidentes de laboratório.

A doença é curável e tratável se diagnosticada logo no começo. Cerca de 30% dos infectados crônicos com o Mal de Chagas apresentaram complicações cardíacas, e 10% tiveram distúrbios digestivos, neurológicos ou mistos.

Covid-19 - O exame de sangue é fundamental para detectar a doença, que tem fatores socioeconômicos e ambientais fortes.

Para o Unitaid, pacientes da doença de Chagas devem ser considerados prioritários para a vacinação contra a COVID-19.

A doença foi diagnosticada, pela primeira vez, em 1909 pelo médico brasileiro Carlos Chagas e é considerado uma das doenças tropicais mais negligenciadas.

Iniciativa global - A Unitaid é uma iniciativa global de saúde vinculada à OMS que trabalha com diversas parcerias na busca por inovações para prevenir, diagnosticar e tratar doenças importantes de forma mais acessível, eficaz e rápida, em países de baixa e média renda, com ênfase na tuberculose, malária e HIV/Aids, entre outras, proporcionando assim um melhor acesso aos serviços de saúde para as populações que mais necessitam.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OPAS/OMS
Organização Pan-Americana da Saúde
OMS
Organização Mundial da Saúde

Outras entidades envolvidas nesta iniciativa

U
Unitaid

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa