ONU e parceiros anunciam que cúpula da paz afegã se reunirá na Turquia esse mês

A ONU, junto com a Turquia e o Catar, anunciou nesta terça-feira (13), que uma conferência de alto nível com o objetivo de encerrar décadas de conflito no Afeganistão terá início no dia 24 de abril, juntando representantes tanto do governo afegão, quanto do Talibã.

Os diálogos devem ocorrer até 4 de maio, conhecido oficialmente como Conferência de Istambul sobre o Processo de Paz no Afeganistão, e os organizadores disseram estar comprometidos em apoiar um “Afeganistão soberano, independente e unificado”.

O objetivo principal é “acelerar as negociações intra-afegãs em curso” que vêm ocorrendo desde o início deste ano na capital do Catar, Doha - resultado de um acordo entre o Talibã e os Estados Unidos em fevereiro do ano passado.

Em um tweet, a missão da ONU no Afeganistão, UNAMA, descreveu a conferência como uma "oportunidade importante para realmente implementar um plano concreto, para acabar com a guerra", saudando a iniciativa.

As negociações foram anunciadas depois que o Talibã teria dito que não estava disposto, com base no calendário, a participar de negociações que inicialmente estavam programadas para acontecer na Turquia, começando no final desta semana.

Poucas horas depois do anúncio, o governo dos EUA sinalizou que o presidente Biden havia decidido retirar todas as tropas americanas do Afeganistão, até 11 de setembro, de acordo com vários relatos da mídia dos Estados Unidos.

O presidente deve fazer o anúncio formal na quarta-feira (14), estendendo o prazo de 1º de maio para a retirada total das tropas, estabelecido pela administração anterior do presidente Trump.

Os EUA têm atualmente cerca de 3.500 tropas no país e há cerca de 7.000 outras forças como parte da coalizão aliada que apoia o governo afegão, majoritariamente tropas da OTAN.

A violência continua

O Afeganistão continua a ser um dos “lugares mais mortais do mundo para civis”, de  acordo  com a alta-comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet.

“Estou particularmente chocada com o alto número de defensores dos direitos humanos, jornalistas e funcionários da mídia mortos desde que as negociações de paz começaram em setembro”, disse ela durante o lançamento do último relatório de direitos humanos da ONU sobre vítimas civis em fevereiro, que mostrou um aumento nas mortes desde setembro, quando as negociações de Doha começaram, apesar de uma queda geral no ano passado em comparação com 2019.

“Consultas extensas”

A participação na Conferência de Istambul “e sua agenda, foram o assunto de extensas consultas com os partidos afegãos”, disse o comunicado.

“A Conferência se concentrará em ajudar as partes nas negociações a chegarem a um novo conjunto compartilhado de princípios fundamentais que reflitam uma visão acordada para um Afeganistão futuro, um plano para um acordo político futuro e, claro, o fim do conflito”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.

“Os organizadores disseram que sua expectativa é que a Conferência proporcione uma oportunidade importante para todas as partes reiterarem o apoio ao povo do Afeganistão em seu caminho em direção a uma paz inclusiva, estabilidade e prosperidade”, acrescentou.