UNICEF relata aumento drástico em crianças migrantes no México
26 abril 2021
- O número de crianças migrantes relatadas no México aumentou drasticamente, saltando de 380 para quase 3.500 desde o início do ano. Isso representa um aumento de nove vezes, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). As crianças representam pelo menos 30% dos migrantes em abrigos mexicanos e metade delas viajou sem os pais.
- As informações foram dadas após uma visita de cinco dias da diretora regional do UNICEF para a América Latina e o Caribe, Jean Gough, ao México.
- “As famílias da América Central não estão migrando, estão fugindo”, disse Gough. “Essas crianças e seus pais que agora estão no México escaparam da criminalidade das gangues, da violência doméstica, da pobreza, de furacões devastadores e da perda de empregos devido à pandemia em seus países de origem.”
- O UNICEF apelou à comunidade internacional para colocar crianças e mulheres no centro de todos os planos de investimento em Honduras, Guatemala, El Salvador e no sul do México, nos esforços para criar melhores condições de vida e oportunidades para as comunidades. A agência também está buscando 23 milhões de dólares para financiar operações para essas populações no México.

O número de crianças migrantes relatadas no México aumentou drasticamente, saltando de 380 para quase 3.500 desde o início do ano. Isso representa um aumento de nove vezes, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). As crianças representam pelo menos 30% dos migrantes em abrigos mexicanos, vindos de Honduras, Guatemala, El Salvador e do próprio país. Metade viajou sem os pais, o que está entre as maiores proporções já registradas no México.
A diretora regional do UNICEF para a América Latina e o Caribe, Jean Gough, encerrou na última terça-feira (20) uma visita de cinco dias ao México, que incluiu paradas ao longo da fronteira norte com os Estados Unidos.
Abrigos superlotados - A agência estima que uma média de 275 crianças migrantes adicionais se encontram no México todos os dias depois de serem detectadas pelas autoridades, esperando para entrar nos Estados Unidos ou serem devolvidas.
“Fiquei com o coração partido ao ver o sofrimento de tantas crianças, incluindo bebês, na fronteira do México com os Estados Unidos”, disse Gough.
“A maioria dos abrigos que visitei no México já está superlotada e não pode acomodar o número crescente de crianças e famílias que migram para o norte. Estamos profundamente preocupados que as condições de vida das crianças e mães migrantes no México possam se deteriorar ainda mais”.
Jornadas perigosas - No contexto da pandemia da COVID-19, o aumento de crianças migrantes desacompanhadas e a chegada de famílias inteiras com crianças colocou uma pressão significativa nos centros de assistência mexicanos.
A jornada da terra natal para os Estados Unidos - frequentemente fugindo da violência e da miséria - é perigosa e pode durar até dois meses, em meio a condições extremamente difíceis.
O UNICEF coletou testemunhos angustiantes de abuso sexual, extorsão, sequestro e tráfico de pessoas, entre outras violações. Algumas mulheres migrantes relataram aos prantos que foram privadas de comida, tiveram seus pertences confiscados ou dormiram no chão, cobrindo seus filhos com seus próprios corpos para mantê-los aquecidos à noite.
Traficantes abusivos - “As famílias da América Central não estão migrando, estão fugindo”, disse Gough. “Essas crianças e seus pais que agora estão no México escaparam da criminalidade das gangues, da violência doméstica, da pobreza, de furacões devastadores e da perda de empregos devido à pandemia em seus países de origem. Então, por que eles voltariam? Frequentemente, não há nada para onde eles possam voltar.”
Ela acrescentou que os traficantes estão descaradamente tirando proveito da falta de esperança das pessoas e colocando em risco a vida de crianças durante esta jornada perigosa.
“A melhor maneira de dar às famílias migrantes um bom motivo para permanecer em suas comunidades é investir no futuro de seus filhos em nível local. A verdadeira crise infantil não está na fronteira dos Estados Unidos, está nas comunidades mais pobres do norte da América Central e do México”,
Jean Gough, diretora regional do o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) para a América Latina e o Caribe
Investir nas comunidades - No ano passado, o UNICEF saudou a decisão do México de reformar suas leis de migração e refugiados, que proíbem a detenção de crianças imigrantes e priorizam os interesses das mesmas no desenvolvimento de políticas de imigração que as afetam. É fundamental que a comunidade internacional apoie os esforços para a implementação bem-sucedida dessas reformas, disse a agência.
O UNICEF também apelou à comunidade internacional para colocar crianças e mulheres no centro de todos os planos de investimento em Honduras, Guatemala, El Salvador e no sul do México, nos esforços para criar melhores condições de vida e oportunidades para as comunidades.
No ano passado, mais de 7.160 “crianças em trânsito” se beneficiaram da assistência apoiada pelo UNICEF no México, como proteção e serviços psicológicos, atividades recreativas e de aprendizagem e acomodação.
O UNICEF e seus parceiros têm intensificado a resposta humanitária na América Central e no México nos últimos meses, incluindo o aumento da presença na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
Até agora, mais de 2.100 crianças migrantes receberam assistência, e mais 10.000 crianças e seus pais serão alcançados este ano.
No entanto, com as necessidades em ascensão, e espera-se que continuem altas nos próximos meses, o UNICEF está buscando 23 milhões de dólares para financiar operações no México para fornecer a grupos vulneráveis acesso à educação, água potável e instalações sanitárias, habilidades de vida e treinamento vocacional, cuidado alternativo e atividades de proteção à violência.