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Estratégia de vacinação da ONU quer salvar mais de 50 milhões de pessoas

27 abril 2021

  • Embora os serviços de vacinação tenham começado a se recuperar das interrupções causadas pela COVID-19, milhões de crianças continuam vulneráveis a doenças fatais. Uma pesquisa da OMS descobriu que, apesar do progresso em comparação com a situação em 2020, mais de um terço dos países entrevistados (37%) ainda relatam interrupções em seus serviços de vacinação de rotina.
  • As campanhas de imunização em massa também foram interrompidas. De acordo com novos dados, 60 dessas campanhas vitais estão atualmente suspensas em 50 países, colocando cerca de 228 milhões de pessoas – a maioria, crianças – em risco de contrair doenças como sarampo, febre amarela e poliomielite.
  • Para ajudar a enfrentar esses desafios e apoiar a recuperação da pandemia de COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a Gavi e outros parceiros lançaram nesta segunda-feira (26) a Agenda de Imunização 2030 (AI2030), uma nova estratégia global ambiciosa para maximizar o impacto vital das vacinas por meio de sistemas de imunização mais fortes.
  • A Agenda tem como foco a vacinação ao longo da vida, desde a infância até a adolescência e a terceira idade. Se totalmente implementada, ela evitará cerca de 50 milhões de mortes, de acordo com a OMS – 75% delas em países de renda baixa e média-baixa.
Um menino é vacinado contra sarampo e rubéola durante uma campanha nacional de vacinação em Bangladesh
Legenda: Um menino é vacinado contra sarampo e rubéola durante uma campanha nacional de vacinação em Bangladesh
Foto: © Jannatul Mawa/UNICEF

Embora os serviços de vacinação tenham começado a se recuperar das interrupções causadas pela COVID-19, milhões de crianças continuam vulneráveis a doenças fatais, segundo alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Gavi, a Aliança para Vacinas, durante a Semana Mundial de Imunização, que destaca a necessidade urgente para um compromisso global renovado para melhorar o acesso e a aceitação da vacinação.

“As vacinas nos ajudarão a acabar com a pandemia de COVID-19, mas somente se garantirmos um acesso justo para todos os países e construirmos sistemas fortes para aplicá-las”,

 

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

“Se quisermos evitar vários surtos de doenças potencialmente fatais, como sarampo, febre amarela e difteria, devemos garantir que os serviços de vacinação de rotina sejam protegidos em todos os países”, disse ainda o diretor da OMS.

Uma pesquisa da OMS descobriu que, apesar do progresso em comparação com a situação em 2020, mais de um terço dos países entrevistados (37%) ainda relatam interrupções em seus serviços de vacinação de rotina.

As campanhas de imunização em massa também foram interrompidas. De acordo com novos dados, 60 dessas campanhas vitais estão atualmente suspensas em 50 países, colocando cerca de 228 milhões de pessoas – a maioria, crianças – em risco de contrair doenças como sarampo, febre amarela e poliomielite. Mais da metade dos 50 países afetados está na África, destacando as desigualdades prolongadas no acesso das pessoas a serviços essenciais de imunização.

As campanhas de imunização contra o sarampo, que é uma das doenças mais contagiosas e pode resultar em grandes surtos onde as pessoas não estão vacinadas, são as mais afetadas. As campanhas contra o sarampo respondem por 23 das campanhas adiadas, afetando cerca de 140 milhões de pessoas. Muitas estão atrasadas há mais de um ano.

“Mesmo antes da pandemia, havia sinais preocupantes de que estávamos começando a perder terreno na luta contra doenças infantis evitáveis, com 20 milhões de crianças já perdendo vacinas críticas”,

 

Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF.

"A pandemia piorou a situação, fazendo com que milhões de crianças fiquem sem imunização. Agora que vacinas estão na mente de todos, devemos manter essa energia para ajudar cada criança a recuperar suas vacinas contra o sarampo, contra a poliomielite, entre outras. Não temos tempo a perder. Perder terreno significa perder vidas”, completou Fore.

Como resultado das lacunas na cobertura vacinal, surtos graves de sarampo foram relatados recentemente em países como Iêmen, Paquistão e República Democrática do Congo, e podem ocorrer em outros lugares, já que um número crescente de crianças deixa de tomar vacinas vitais, alertam as agências. Esses surtos estão acontecendo em locais que já enfrentam situações de conflito, bem como interrupções de serviço devido às medidas de resposta à COVID-19 em andamento.

O fornecimento de vacinas e outros equipamentos também é essencial para a vacinação infantil. Devido às interrupções no início da pandemia de COVID-19, o UNICEF distribuiu 2,01 bilhões de doses de vacina em 2020, em comparação com 2,29 bilhões em 2019.

Funcionária de saúde prepara vacina contra COVID-19 no Brasil
Legenda: Funcionária de saúde prepara vacina contra COVID-19 no Brasil
Foto: © Karina Zambrana/OPAS

“Milhões de crianças em todo o mundo provavelmente perderão as vacinas básicas, pois a pandemia atual ameaça desfazer duas décadas de progresso na imunização de rotina”, disse Seth Berkley, CEO da Gavi, a Aliança para Vacinas. “Para apoiar a recuperação da COVID-19 e para combater futuras pandemias, precisaremos garantir a prioridade da imunização de rotina, ao mesmo tempo em que nos concentramos em alcançar crianças que não recebem nenhuma vacina de rotina, também chamadas de ‘crianças com dose zero’. Para fazer isso, precisamos trabalhar juntos – agências de desenvolvimento, governos e sociedade civil – para garantir que nenhuma criança seja deixada para trás”.

Nova estratégia global de imunização - Para ajudar a enfrentar esses desafios e apoiar a recuperação da pandemia de COVID-19, OMS, UNICEF, Gavi e outros parceiros lançaram nesta segunda-feira (26) a Agenda de Imunização 2030 (AI2030), uma nova estratégia global ambiciosa para maximizar o impacto vital das vacinas por meio de sistemas de imunização mais fortes.

A Agenda tem como foco a vacinação ao longo da vida, desde a infância até a adolescência e a terceira idade. Se totalmente implementada, ela evitará cerca de 50 milhões de mortes, de acordo com a OMS – 75% delas em países de renda baixa e média-baixa.

As metas que deverão ser alcançadas até 2030 incluem:

  • Atingir 90% de cobertura para vacinas essenciais administradas na infância e adolescência
  • Reduzir pela metade o número de crianças perdendo completamente as vacinas
  • Concluir 500 introduções nacionais ou subnacionais de vacinas novas ou subutilizadas – como aquelas para COVID-19, rotavírus ou papilomavírus humano (HPV)

Ação urgente necessária - Para alcançar as metas ambiciosas da AI2030, a OMS, o UNICEF, a Gavi e seus parceiros estão pedindo uma ação ousada:

  • Os líderes mundiais e a comunidade global de saúde e desenvolvimento devem assumir compromissos explícitos com a AI2030 e investir em sistemas de imunização mais fortes, com abordagens personalizadas para países frágeis e afetados por conflitos. A imunização é um elemento vital de um sistema de saúde eficaz, fundamental para a preparação e resposta à pandemia, e a chave para prevenir o fardo de múltiplas epidemias à medida que as sociedades reabrem suas portas.
  • Todos os países devem desenvolver e implementar planos nacionais de imunização ambiciosos que se alinhem com a estrutura da AI2030 e aumentar os investimentos para tornar os serviços de imunização acessíveis a todos.
  • Doadores e governos devem aumentar os investimentos em pesquisa e inovação de vacinas, desenvolvimento e distribuição, com foco nas necessidades das populações vulneráveis.
  • A indústria farmacêutica e os cientistas, trabalhando com governos e financiadores, devem continuar a acelerar a pesquisa e desenvolvimento de vacinas, garantir um fornecimento contínuo de vacinas acessíveis para atender às necessidades globais e aplicar as lições da Covid-19 a outras doenças.

A Semana Mundial de Imunização 2021 ocorre na última semana de abril (24 a 30 de abril) para comemorar os benefícios das vacinas vitais. O tema deste ano, ‘As vacinas nos aproximam’, tem como objetivo mostrar como a vacinação nos conecta com as pessoas, objetivos e momentos importantes, ajudando a melhorar a saúde de todos, em todos os lugares ao longo da vida.

GAVI - A Aliança para Vacinas é uma parceria público-privada que ajuda a vacinar metade das crianças do mundo contra algumas das doenças mais fatais. Desde a sua criação em 2000, a Gavi ajudou a imunizar uma geração inteira – mais de 822 milhões de crianças – e evitou mais de 14 milhões de mortes, ajudando a reduzir pela metade a mortalidade infantil em 73 países de baixa renda. A Gavi também desempenha um papel fundamental na melhoria da segurança da saúde global, apoiando os sistemas de saúde, bem como financiando estoques globais de vacinas contra o ebola, a cólera, a meningite e a febre amarela. A Gavi é um dos convocadores da Covax, o pilar de vacinas do Acelerador de Acesso às Ferramentas Covid-19 (ACT), junto com a Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias (Cepi) e a OMS.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
OMS
Organização Mundial da Saúde

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa