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Nove em cada dez países africanos falham ao cumprir meta de vacinação contra a COVID-19, alerta OMS

10 junho 2021

  • Com 32 milhões de doses aplicadas, o continente africano corresponde hoje a somente 1% das mais de 2,1 bilhões de doses administradas globalmente. Isso equivale a dizer que somente 2% dos quase 1,3 bilhão de africanos receberam a primeira dose da vacina. Os completamente vacinados (que tomaram as duas doses) somam apenas 9,4 milhões.
  • Diante da dificuldade de acesso aos imunizantes, a OMS alerta que nove em cada dez nações africanas provavelmente falharão em cumprir a meta de vacinar 10% das populações contra a COVID-19.
  • O continente precisa de 225 milhões de doses com urgência para conter a tendência de crescimento no número de novos casos em 10 países africanos, dos quais quatro já testemunharam 30% de aumento nos casos nos últimos sete dias quando comparado com a última semana.

     
Legenda: Uma enfermeira se prepara para administrar uma dose da vacina contra a COVID-19 em um centro de saúde em Kabale, Uganda
Foto: © Catherine Ntabadde/UNICEF

Na quinta-feira (9), a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que nove em cada dez nações africanas provavelmente falharão em cumprir a meta designada para o mês de setembro, de vacinar 10% das suas populações contra a COVID-19. Com 32 milhões de doses aplicadas, o continente africano corresponde hoje a somente 1% das mais de 2,1 bilhões de doses administradas globalmente.  

Somente 2% das quase 1,3 bilhão de pessoas que habitam o continente africano receberam a primeira dose da vacina. Os africanos completamente vacinados (que tomaram as duas doses) somam apenas 9,4 milhões. 

Questão de vida ou morte - "A partilha de doses com a África é uma questão de vida ou morte", disse o diretor regional para África da OMS, dr. Matshidiso Moeti. O lembrete da Organização Mundial de Saúde que o continente precisa de 225 milhões de doses com urgência foi recebido junto ao registro de aumento das infecções pelo novo coronavírus pela terceira semana consecutiva.  

Os 54 países africanos registraram quase cinco milhões de infecções por COVID-19 até o momento e os números aumentaram quase 20% - para mais de 88.000 - na semana que terminou em 6 de junho.

Aproximação da terceira onda - "A medida em que nos aproximamos do marco de 5 milhões de casos e a terceira onda na África se aproxima, muitos dos nossos grupos mais vulneráveis permanecem perigosamente expostos à COVID-19", alertou o Dr. Moeti. "As vacinas provaram prevenir casos e mortes. Então os países que podem, devem compartilhar as vacinas COVID-19 com urgência" acrescentou.

De acordo com a última atualização de situação da OMS, a pandemia apresenta tendência de crescimento em 10 países africanos. Do grupo, quatro países já testemunharam 30% de aumento nos casos nos últimos sete dias quando comparado com a última semana. A maioria dos novos casos foram registrados no Egito, África do Sul, Tunísia, Uganda e Zâmbia e mais da metade em países da África Austral. 

A agência de saúde da ONU também alertou que as vacinas se tornaram "cada vez mais escassas", e que, caso a atual taxa de entrega se mantenha, apenas sete nações africanas atingirão a meta de imunizar uma em cada 10 pessoas até setembro  

Situação européia -  A OMS apontou para o contraste com o cenário no continente europeu, que registrou na quinta-feira (9), pela primeira vez desde agosto passado, que as mortes por COVID-19 caíram para menos de 10.000 em uma semana. Em uma atualização regular, a agência de saúde da ONU também observou que os casos, hospitalizações e mortes diminuíram na região por dois meses consecutivos.

Um total de 368 mil casos novos foram registrados nos últimos sete dias, o equivalente a um quinto dos casos semanais reportados durante o pico recente da Europa, em abril deste ano — disse o Dr, Hans Kluge, diretor regional para a Europa da OMS. O diretor observou que a região europeia teve 55 milhões de casos confirmados de COVID-19 e 1,2 milhões de mortes, o que é cerca de um terço do número de casos globais. 

Cobertura - Mais de 400 milhões de doses de vacinas para a COVID-19 foram administradas durante os últimos seis meses, observou o Dr. Kluge. Isso significa que 30% dos europeus receberam ao menos uma dose da vacina e 17% foram completamente imunizados. Sobre o ritmo de vacinação, o diretor regional da OMS comenta: "A cobertura está longe de ser suficiente para proteger a região (europeia) de um ressurgimento, e a distância a percorrer antes de atingir pelo menos 80 por cento de cobertura da população adulta, ainda é considerável

O diretor regional também defendeu a existência de grupos prioritários para a vacinação, uma vez que pessoas com mais de 70 anos correm cerca de 800 vezes mais risco de desenvolver a doença na sua forma mais grave e morrer devido à contaminação. Portanto, idosos, pessoas com comorbidades e trabalhadores de linha de frente que "permanecem desprotegidos" devem configurar uma "prioridade urgente". 

“Com o aumento dos encontros sociais, maior mobilidade da população e grandes festivais e torneios esportivos ocorrendo nos próximos dias e semanas, a OMS-Europa pede cautela”, acrescentou o funcionário da OMS. O diretor regional também lembrou da nova variante Delta do coronavírus, que demonstrou alta transmissibilidade, “está prestes a se estabelecer”, enquanto muitas pessoas vulneráveis ​​com mais de 60 anos permanecem desprotegidas.

 

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