Desafios enfrentados por refugiados no acesso à saúde é foco de novo relatório global do ACNUR
21 julho 2021
- O novo relatório global sobre a saúde pública do ACNUR apresenta dados sobre a atuação da agência em 2020 e concentra informações sobre os desafios enfrentados por refugiados e migrantes no mundo todo no acesso à saúde.
- Os dados são apresentados em comparação com os anos anteriores, tornando possível analisar o impacto sistêmico da pandemia de COVID-19.
- O estudo revelou que a malária foi a causa isolada mais comum de morte relatada entre os refugiados, seguida por infecções do trato respiratório superior e inferior. Enquanto isso, o sofrimento psicológico causado pela COVID-19 e a desnutrição aguda constituíram grandes ameaças à saúde e ao bem-estar dos refugiados.
- Durante o ano passado, o ACNUR apoiou o acesso a serviços abrangentes de atenção primária à saúde e encaminhamento para atenção secundária e terciária em 50 países que juntos acolhem 16,5 milhões de refugiados.
A malária permanece a causa mais comum de doença entre os refugiados em 2020, enquanto o sofrimento psicológico causado pela COVID-19 e a desnutrição aguda constituíram grandes ameaças à saúde e ao bem-estar dos refugiados. Os dados são da Agência dos Refugiados da ONU (ACNUR), em sua Revisão Global Anual de Saúde Pública (em inglês).
Publicado na segunda-feira (19), o relatório concentra informações sobre a atuação do ACNUR diante dos desafios enfrentados por refugiados e migrantes no mundo todo no acesso à saúde. Os dados são apresentados em comparação com os anos anteriores, tornando possível analisar o impacto sistêmico da pandemia de COVID-19.
Atuação do ACNUR - Em um ano marcado pela pandemia, o foco principal do ACNUR foi defender a inclusão de refugiados nos planos de resposta nacional à COVID-19. A agência também trabalhou para apoiar os sistemas nacionais de saúde, adquirindo equipamentos de proteção individual, outros equipamentos como concentradores de oxigênio, testes para detectar a COVID-19 e concentrou esforços para aumentar a capacidade de terapia intensiva em países como Líbano e Bangladesh.
No início da pandemia, em meio às restrições de movimento e medo de infecção, o acesso dos refugiados às unidades de saúde foi significativamente reduzido. No entanto, foram feitas adaptações para garantir que refugiados continuassem a ter acesso seguro aos serviços essenciais. À medida que os bloqueios e as restrições diminuíram, o uso dos serviços de saúde foi, em grande parte, restaurado.
“Trabalhamos para reduzir a aglomeração nas clínicas, encontrar alternativas para a prestação de serviços, como acompanhamento remoto, e, acima de tudo, para manter as comunidades de refugiados informadas”, disse Sajjad Malik, diretor da Divisão de Resiliência e Soluções do ACNUR.
“Esforços especiais foram necessários para garantir a continuidade dos serviços de saúde materna e neonatal, bem como dos serviços de saúde mental, uma vez que a capacidade dos refugiados de lidar com o problema foi severamente prejudicada devido à COVID-19”, concluiu o diretor.
No geral, durante o ano passado, o ACNUR apoiou o acesso a serviços abrangentes de atenção primária à saúde e encaminhamento para atenção secundária e terciária em 50 países que juntos acolhem 16,5 milhões de refugiados.
2020 em números - Em 2020, 112.119 partos foram registrados em 159 assentamentos de refugiados, em 19 países – um nível semelhante ao de 2019. As mortes neonatais representaram uma proporção significativa das mortes entre crianças menores de cinco anos e a mortalidade materna continuou a suscitar preocupações na maioria dos países onde o ACNUR opera. Muitas mulheres continuaram a morrer de complicações relacionadas à gravidez que podem ser prevenidas e tratadas. O ACNUR trabalha para apoiar as clínicas com equipe treinada, medicamentos e equipamentos, a fim de gerenciar emergências obstétricas, salvar mães e recém-nascidos.
Como em 2019, a malária foi a causa isolada mais comum de morbidade relatada entre os refugiados (20%), seguida por infecções do trato respiratório superior e inferior. Para combater a malária, o ACNUR e seus parceiros trabalham para garantir o acesso ao diagnóstico e tratamento precoces e ajudar as comunidades a encontrar maneiras de reduzir a exposição às picadas de mosquitos, inclusive por meio de redes mosquiteiras tratadas com inseticida. Medidas ambientais para reduzir os focos de reprodução de mosquitos também foram defendidas.
A desnutrição aguda continuou sendo um problema de saúde significativo. O início da pandemia resultou em restrições de mobilidade, e o ACNUR, em colaboração com parceiros, teve que revisar a execução dos programas de nutrição para garantir a continuidade dos cuidados e as medidas de mitigação da COVID-19.
Por exemplo, programas terapêuticos e de alimentação suplementar ajudaram a preencher a lacuna nutricional de crianças, mulheres e outras pessoas com necessidades nutricionais específicas, como as que vivem com HIV e/ou tuberculose. Para continuar esses programas, o ACNUR pré-posicionou suprimentos para permitir seu fornecimento por um período mais longo e reduzir a frequência das visitas às clínicas. Além disso, a agência aumentou os dias de distribuição para reduzir o congestionamento. Em lugares como o sul do Chade e o oeste de Ruanda, o ACNUR também forneceu aconselhamento por rádio e telefone sobre as práticas recomendadas de alimentação para bebês e crianças pequenas.
“Como estamos no segundo ano da pandemia de COVID-19, é necessário financiamento para sustentar a resposta à pandemia em apoio aos sistemas nacionais”, disse Malik. “No entanto, isso não deve custar a manutenção do acesso a outros serviços essenciais de saúde. No geral, é necessário um investimento muito maior, para garantir que os refugiados – assim como todos os outros – possam desfrutar do direito à melhor saúde física e mental possível.”
- O relatório Revisão Global Anual de Saúde Pública do ACNUR para 2020 pode ser encontrado aqui (em inglês).