Cooperativa do Cerrado ganha prêmio da ONU com iniciativa sobre biodiversidade

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e seus parceiros reconheceu uma iniciativa brasileira com o 12º Prêmio Equador. A Cooperativa Mista de Agricultores Familiares, Extrativistas, Pescadores, Vazanteiros, Assentados e Guias Turísticos do Cerrado (CoopCerrado) foi uma das 10 selecionadas entre mais de 600 indicações de 126 países. 

O Prêmio Equador reconhece iniciativas que demonstram os benefícios de colocar o conhecimento e as práticas de soluções baseadas na natureza das comunidades indígenas e locais no centro do desenvolvimento local. Os vencedores são projetos que restauraram nossos sistemas alimentares sustentáveis, mitigam as mudanças climáticas e protegem a biodiversidade, ao mesmo tempo em que contribuem para a recuperação verde após a pandemia.

Promovendo o Cerrado - O projeto brasileiro se destacou por promover uma rede de mais de 4.600 famílias por meio do marketing criativo de dezenas de produtos orgânicos de origem sustentável do Cerrado. A iniciativa melhora a subsistência local, protege a biodiversidade e apoia a criação de reservas de uso sustentável, mostrando um caminho para uma economia verde.

A CoopCerrado exemplifica o uso sustentável de um ecossistema vulnerável em grande escala. A rede trabalha com pequenos proprietários em um método de “agricultor para agricultor” para colher e processar de forma sustentável frutas, plantas e sementes do Cerrado, comercializando dezenas de diferentes produtos orgânicos certificado, elevando tanto o prestígio dos produtos do Cerrado quanto a subsistência local para 26.000 pessoas. O monitoramento da comunidade evita a colheita excessiva, enquanto as atividades de restauração melhoram os ecossistemas degradados.

A rede administra uma área de 124.000 hectares para uso sustentável e está envolvida na criação de duas reservas de uso sustentável. O sucesso da iniciativa levou à sua replicação em cinco estados brasileiros, mostrando o impacto da gestão comunitária e do marketing coletivo.

“Precisamos de uma transformação profunda em nossos modelos econômicos e de desenvolvimento que impulsionará a proteção e restauração de nosso mundo natural”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner.

“Os vencedores do Prêmio Equador deste ano demonstram que essa transformação já está acontecendo em todo o mundo - suas incríveis soluções baseadas na natureza fornecem um plano para resolver nossa emergência planetária. Os vencedores deste ano exemplificam os tipos de mudanças de que precisamos agora e nos fornecem inspiração para seguir seus passos”, completou.

Outros vencedores - Este ano, países como Quirguistão, Bolívia, Camarões, Costa Rica, Equador, Índia, Níger e México também tiveram projetos premiados. Eles incluem cooperativas lideradas localmente que comercializam frutas colhidas de forma sustentável e safras cultivadas organicamente como uma alternativa à exploração madeireira e caça furtiva em reservas florestais; um grupo indígena lutando para proteger seu território ancestral da exploração de petróleo; e uma organização local protegendo ecossistemas úmidos críticos, ajudando a mitigar as mudanças climáticas enquanto protege as fontes de água para centenas de comunidades.

Todos receberão 10 mil dólares e participarão em eventos especiais associados à Assembleia Geral da ONU. Um deles é o Nature for Life Hub, sobre soluções naturais. O outro é a Cúpula da ONU sobre Sistemas Alimentares. Eles também farão parte de uma rede de 255 comunidades de mais de 80 países que receberam o prêmio desde que ele foi criado, em 2002.

Governos da Noruega, Alemanha e Suécia apoiam a parceria que integra presidentes e agências da ONU como o Programa para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Fundação das Nações Unidas.