OMS pede financiamento de US$ 1 bilhão para combater variante Delta
19 agosto 2021
- Diante do avanço do número de novas infecções, o diretor-geral da OMS apelou por financiamento para pôr em prática o plano estratégico da agência.
- O pedido teve como principal motivação a alta taxa de transmissibilidade da variante Delta, que levou a pontos críticos de hospitalizações e mortes em regiões com baixos níveis de vacinação e medidas de saúde pública limitadas.
- Tedros lembrou que 75% de todo o fornecimento de vacinas foi para apenas 10 países, e que os países de baixa renda vacinaram apenas cerca de 2% de suas populações.
- Dada a enorme desigualdade, o alto funcionário da OMS pediu uma moratória temporária sobre reforços, para garantir que os suprimentos possam ser transferidos para os países que experimentam grandes picos de infecção.
- Apenas 1 em cada 5 pessoas foi totalmente vacinada contra a COVID-19 na região da América Latina e Caribe e, em alguns países, menos de 5% das pessoas foram totalmente vacinadas.
Durante um comunicado da Organização Mundial da Saúde (OMS) na quarta-feira (17) sobre a COVID-19, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu por financiamento para combater a propagação da variante Delta, ao mesmo tempo que pediu aos países ricos que suspendessem os planos de fornecer doses de reforço.
Os esforços internacionais para desacelerar a propagação dessa variante da COVID-19 foram prejudicados por sua natureza particularmente virulenta e alta taxa de transmissibilidade, o que levou a pontos críticos de hospitalizações e mortes em regiões com baixos níveis de vacinação e medidas de saúde pública limitadas.
Tedros insistiu que existem soluções para o desafio, como o Plano Estratégico de Preparação e Resposta. O documento se baseia no que aprendemos sobre o vírus, as variantes e considera o caminho que precisamos percorrer para a entrega segura, equitativa e eficaz de diagnósticos e vacinas como parte da estratégia geral para enfrentar com sucesso a pandemia COVID-19.
No entanto, esse plano precisa de mais 1 bilhão de dólares para ser posto em prática. Da mesma forma, um apelo de 7,7 bilhões de dólares foi lançado para expandir a iniciativa ACT-Accelerator, que está fornecendo testes, tratamentos, vacinas e equipamentos de proteção para profissionais de saúde, juntamente com pesquisa e desenvolvimento aprimorados para a próxima geração de ferramentas de saúde.
Injustiça vacinal - Em resposta aos planos de alguns países para fornecer vacinas de reforço, Tedros emitiu um lembrete de que 75% de todo o fornecimento de vacinas foi para apenas 10 países, e que os países de baixa renda vacinaram apenas cerca de 2% de suas populações.
Dada a enorme desigualdade, o alto funcionário da OMS pediu uma moratória temporária sobre reforços, para garantir que os suprimentos possam ser transferidos para os países que experimentam grandes picos de infecção.
Embora a OMS tenha convocado especialistas em saúde para debater os dados disponíveis sobre a eficácia das doses de reforço, a prioridade continua sendo fornecer as primeiras doses e proteger os mais vulneráveis. “A divisão entre quem tem e quem não tem só vai crescer se os fabricantes e líderes priorizarem as doses de reforço em vez do fornecimento para países de baixa e média renda", declarou ele.
O chefe da OMS disse que em um mundo interconectado, no qual o vírus da COVID-19 está mudando rapidamente, os líderes nacionais precisam se comprometer com a igualdade da vacina e a solidariedade global para salvar vidas e reduzir as variantes.
“A injustiça vacina é uma vergonha para toda a humanidade”, acrescentou, “e se não a enfrentarmos juntos, prolongaremos a fase aguda desta pandemia durante anos, enquanto pode acabar em questão de meses”.
Novas infecções - Enquanto isso, em comentários à imprensa no comunicado semanal sobre a COVID-19 da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a diretora da agência regional da ONU, Carissa F. Etienne, disse que, na última semana, 1,4 milhões de casos de COVID-19 e quase 20 mil mortes foram relatadas nas Américas.
Etienne destacou a América do Norte e o México como regiões de preocupação particular, com os casos nos Estados Unidos aumentando em mais de um terço e os casos no Canadá em mais da metade. No México, mais de dois terços dos estados foram considerados de risco “alto” ou “crítico”, visto que os hospitais estão lotados de pacientes com a COVID-19.
A região do Caribe também está vendo um aumento nas infecções e mortes: na Jamaica os casos aumentaram 49% e as mortes aumentaram 70%, enquanto aumentos acentuados estão sendo relatados na Dominica, Martinica e Guadalupe.
Apesar desses números, apenas 1 em cada 5 pessoas foi totalmente vacinada contra a COVID-19 na região da América Latina e Caribe e, em alguns países, menos de 5% das pessoas foram totalmente vacinadas.