Agências da ONU soam alarme sobre bloqueio no fornecimento de ajuda ao Afeganistão

Em uma entrevista à imprensa nesta segunda-feira (23), o diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Afeganistão, Richard Brennan, explicou que a agência não é capaz de entregar cerca de 500 toneladas de suprimentos médicos. A entrega dos medicamentos está prevista para esta semana, mas enfrenta dificuldades devido às restrições no aeroporto de Cabul, que está lutando para lidar com um enorme esforço de evacuação.

A dificuldade se extende aos suprimentos e ajuda humanitária enviada por outras agências. Diante do bloqueio, líderes da ONU pedem o estabelecimento de uma "ponte aérea humanitária".

A diretora do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) para o Afeganistão, Mary-Ellen McGroarty, também endossou o coro por uma ação rápida e coordenada, “do contrário, uma situação que já era horrível se tornará uma catástrofe absoluta, um desastre humanitário completo”.

McGroarty ressaltou repetidamente a necessidade crucial de fundos imediatos para permitir que mais alimentos, abrigo e suprimentos médicos sejam trazidos para o país: 

“Atrase para as próximas seis ou sete semanas e vai começar a ficar tarde demais. As pessoas não têm nada. Temos que conseguir comida agora e levá-la às comunidades nas províncias, antes que as estradas sejam bloqueadas pela neve.”

Focar na maioria - O foco principal nos últimos dias tem sido a evacuação de estrangeiros e afegãos vulneráveis, com 300 mil pessoas deslocadas no país apenas nos últimos dois meses, mas as agências apontaram que “As enormes necessidades humanitárias enfrentadas pela maioria da população não deveriam — e não podem — ser negligenciadas”. Mesmo antes da recente ocupação do Afeganistão pelo Talibã, o país exigia a terceira maior operação humanitária do mundo, com mais de 18 milhões de pessoas precisando de ajuda.

Perspectiva do UNICEF - Henrietta Fore, diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), disse na segunda-feira que antecipa que as necessidades humanitárias de mulheres e crianças aumentarão nos próximos meses, em meio a uma severa seca e à consequente escassez de água, agravadas pala pandemia da COVID-19. A agência fornece ajuda e apoio às crianças afegãs há 65 anos.

“Milhões de pessoas continuarão precisando de serviços essenciais, incluindo saúde, vacinação para salvar vidas contra a poliomielite e o sarampo, nutrição, proteção, abrigo, água e saneamento”, disse Fore. 

“Nos últimos anos, avanços significativos foram feitos para aumentar o acesso das meninas à educação - é vital que esses ganhos sejam preservados e os esforços de defesa continuem para que todas as meninas no Afeganistão recebam uma educação de qualidade.”

O UNICEF está ampliando seus programas de salvamento de vidas para crianças e mulheres e espera expandir essas operações para áreas que não podiam ser alcançadas anteriormente por causa da insegurança. Fore instou o Talibã, agora efetivamente no controle do Afeganistão, a garantir que a agência e seus parceiros humanitários tenham acesso seguro, oportuno e irrestrito para alcançar as crianças necessitadas onde quer que estejam.

Acesse aqui para ler a declaração completa da diretora do UNICEF.