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COVID-19: acordos e atrasos ‘inaceitáveis’ prejudicam entregas das vacinas COVAX

10 setembro 2021

  • A iniciativa global COVAX, coordenada pela ONU e seus parceiros, reduziu sua previsão de entrega de doses da vacina contra a COVID-19 para este ano. O mecanismo espera ter acesso a aproximadamente 1,4 bilhão de doses da vacina em 2021. A previsão anterior era de 2 bilhões de doses.
  • Em uma declaração conjunta publicada na quarta-feira (8), os responsáveis pelo consórcio afirmam que a atual distribuição global de vacinas de COVID-19 é “inaceitável”. Enquanto 80% dos cidadãos em países de renda média e alta obtiveram pelo menos uma dose da vacina contra a COVID-19, nos países de renda baixa este número contabiliza apenas 20% da população.
  • Segundo os parceiros do COVAX, bloqueios às exportações, priorização de acordos bilaterais por fabricantes e países, desafios contínuos no aumento da produção por alguns produtores importantes e atrasos nos pedidos de aprovação regulatória de outros produtores são fatores que prejudicaram as metas de distribuição igualitária de vacinas.
  • Para evitar mais atrasos e garantir o acesso igualitário, a ONU e seus parceiros pediram que os fabricantes cumpram seus acordos e que os países que já garantiram alta cobertura para suas populações cedam seu lugar na fila ou doem suas doses para o COVAX.
Legenda: Uma profissional de saúde, no Mali, prepara uma das 396 mil doses de vacinas contra a COVID-19 fornecida ao país da África Ocidental por meio do mecanismo COVAX
Foto: © Seyba Keïta/UNICEF

A iniciativa global COVAX reduziu sua previsão de entrega de doses da vacina contra a COVID-19 para este ano. Em uma declaração conjunta publicada na quarta-feira (8), os responsáveis pelo consórcio afirmam que a atual distribuição global de vacinas de COVID-19 é “inaceitável”. Enquanto 80% dos cidadãos em países de renda média e alta obtiveram pelo menos uma dose da vacina contra a COVID-19, nos países de renda baixa este número contabiliza apenas 20% da população.

Há um ano, o COVAX foi criado na tentativa de garantir o acesso oportuno a todos, indiferente de sua renda, status ou localização, das doses de vacinas que salvam vidas. A iniciativa integra o Acelerador de Acesso a Ferramentas contra a COVID-19 e é administrada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Coalizão para Inovações de Preparação para Epidemias (Cepi) e pela Aliança Global de Vacinas (Gavi), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). 

Obstáculos – O texto afirma que grande parte do suprimento global inicial já havia sido comprado por países ricos quando o COVAX estava sendo criado, reunindo participantes e pedidos e levantando dinheiro suficiente para fazer compras antecipadas das vacinas. 

Além disso, bloqueios às exportações, priorização de acordos bilaterais por fabricantes e países, desafios contínuos no aumento da produção por alguns produtores importantes e atrasos nos pedidos de aprovação regulatória de outros produtores continuam a prejudicar a capacidade do COVAX de proteger as pessoas mais vulneráveis do mundo continua a ser prejudicada.

A ressalta que, com amplo suporte, o COVAX garantiu financiamento, lidou diretamente com garantiu financiamento, lidou diretamente com desenvolvedores e fabricantes de vacinas no mundo todo e abordou uma série de desafios operacionais para organizar a implantação de vacinas mais complexa da história humana.

Legenda: Vacinas contra a COVID-19 entregues por meio do mecanismo COVAX chegam à Tanzânia
Foto: © Daniel Msirikale/UNICEF

“O COVAX já alcançou um progresso significativo: mais de 10 bilhões de dólares foram arrecadados; compromissos juridicamente vinculativos para até 4,5 bilhões de doses de vacina; 240 milhões de doses foram entregues a 139 países em apenas seis meses”, disse o comunicado.

Mas, de acordo com a última  Previsão de Abastecimento, o COVAX espera ter acesso a aproximadamente 1,4 bilhão de doses da vacina em 2021, “no cenário mais provável e na possível falta de ação urgente dos produtores e países de alta cobertura para priorizar a COVAX”, informam os promotores da iniciativa.

Dessas doses, aproximadamente 1,2 bilhão estará disponível para as economias de baixa renda participantes do chamado “COVAX Advance Market Commitment (AMC)”. Isso é suficiente para fornecer proteção para 20% da população, ou 40% de todos os adultos, em todas as 92 economias participantes do AMC, com exceção da Índia.

Mais de 200 milhões de doses serão alocadas para participantes do autofinanciamento. O marco principal da COVAX de 2 bilhões de doses entregues, deve ser alcançado no primeiro trimestre de 2022, de acordo com a nova previsão.

O mecanismo COVAX e seus parceiros solicitaram aos doadores e fabricantes que reafirmem seu apoio e "evitem mais atrasos para o acesso igualitário".

Para isso, pedem que os fabricantes cumpram seus compromissos de entregas e forneçam prazos claros para permitir que os países se planejem e que países que já tem doses compradas asseguradas, mas já alcançaram alta taxa de cobertura, abram mão de seu lugar na fila para o COVAX. Além disso, os parceiros do COVAX pedem que as nações com doses sobressalentes expandam, acelerem e sistematizem as suas doações, garantindo que as doses estejam disponíveis em maiores e mais previsíveis volumes, e com prazos de validade mais longos.

“Enquanto a pandemia da COVID-19 continua a ceifar vidas, destruir meios de subsistência e retardar a recuperação econômica, continuamos a enfatizar que não há ninguém a salvo até que todos estejam seguros”, reforça o comunicado. 

“Só há uma maneira de acabar com a pandemia e prevenir o surgimento das novas e maiores variantes: trabalhando juntos.”  

Moratória de doses de reforço - Em coletiva de imprensa em Genebra, o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, lembrou aos jornalistas seu apelo, feito há um mês, para uma moratória global das doses de reforço, pelo menos até o final de setembro, de modo a priorizar a vacinação do máximo de pessoas do grupo de risco no mundo todo, que ainda não receberam sequer a primeira dose. 

“Houve pouca mudança na situação global desde então, então hoje estou pedindo uma extensão da moratória até pelo menos o final do ano, para permitir que cada país vacine pelo menos 40% de sua população”, explicou.   

Para Tedros, os maiores produtores, consumidores e doadores de vacinas nas 20 principais economias do mundo têm a chave para a igualdade das vacinas e para pôr fim à pandemia. "Agora é a hora da verdadeira liderança, e não de promessas vazias", declarou.

A OMS quer apoiar os esforços de todos os países para vacinar pelo menos 10% de suas populações até o final deste mês, pelo menos 40% até o final deste ano e 70% da população global até meados do próximo ano. 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNICEF
Fundo das Nações Unidas para a Infância
OMS
Organização Mundial da Saúde

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa