Apenas 2% das vacinas contra a COVID-19 foram administradas na África, diz OMS
15 setembro 2021
- Com mais de 1,2 bilhão de habitantes, a África recebeu apenas 2% das mais de 5,7 bilhões de doses de vacina contra a COVID-19 aplicadas até o momento. Apenas dois países no continente atingiram a meta de 40% de sua população vacinada.
- “Não é porque os países africanos não têm capacidade ou experiência para distribuir vacinas contra a COVID-19. É porque eles foram deixados para trás pelo resto do mundo", disse o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) em entrevista coletiva.
- Tedros Adhanom Ghebreyesus voltou a pedir que os fabricantes priorizem as entregas para os mecanismos de distribuição igualitária de vacinas e que os países com altos níveis de cobertura cumpram suas promessas de compartilhamento de doses imediatamente e facilitem o compartilhamento de tecnologia.
- A agência da ONU tem como meta que todos os países vacinem pelo menos 40% de sua população até o final deste ano e espera ajudar a garantir que 70% da população mundial esteja vacinada até o meio do próximo ano.

Mais de 5,7 bilhões de doses da vacina contra a COVID-19 foram administradas globalmente, mas apenas 2% delas na África, disse o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na terça-feira (14).
A agência da ONU tem como meta que todos os países vacinem pelo menos 40% de sua população até o final deste ano e espera ajudar a garantir que 70% da população mundial esteja vacinada até o meio do próximo ano.
Em uma entrevista coletiva sobre a COVID-19 e a igualdade de vacinas na África, que abriga mais de 1,2 bilhão de pessoas, Tedros informou que, até agora, apenas dois países no continente atingiram a meta de 40%, a mais baixa de qualquer região.
“Não é porque os países africanos não têm capacidade ou experiência para distribuir vacinas contra a COVID-19. É porque eles foram deixados para trás pelo resto do mundo", disse ele.
Tedros explicou que “isso deixa as pessoas com alto risco de doenças e morte, expostas a um vírus mortal contra o qual muitas outras pessoas ao redor do mundo desfrutam da proteção”.
Riscos e soluções - Para ele, quanto mais tempo a desigualdade da vacinação persistir, quanto mais o vírus continuar circulando e sofrendo mutações, mais tempo a ruptura social e econômica continuará e maiores serão as chances de surgirem mais variantes que tornem as vacinas menos eficazes.
Para evitar esta situação, no ano passado, a OMS fez parceria com o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), a Coalizão para Promoção de Inovações em prol da Preparação para Epidemias (CEPI), da Aliança Global para Vacinas e Imunização (GAVI) e outros órgãos para criar o COVAX. Até agora, a iniciativa já despachou mais de 260 milhões de doses para 141 países.
O chefe da OMS apontou vários desafios, com os fabricantes priorizando acordos bilaterais e muitos países de alta renda bloqueando o fornecimento global de doses.
Ele também destacou uma iniciativa semelhante, estabelecida pela União Africana, a Equipe de Tarefa de Aquisição de Vacinas contra a COVID-19, conhecida como AVAT.
Nesta segunda e terça-feira, os representantes da OMS se reuniram com os líderes da AVAT para chegar a um acordo sobre um caminho a seguir. Para Tedros, “a iniquidade da vacina é um problema solucionável”.
Apelo para países e fabricantes - O diretor da OMS pediu aos fabricantes que priorizem o COVAX e a AVAT. Para os países com altos níveis de cobertura, ele pediu que troquem as entregas de vacinas de curto prazo, cumpram suas promessas de compartilhamento de dose imediatamente e facilitem o compartilhamento de tecnologia.
Tedros também apelou a todos os países e fabricantes para compartilhar informações sobre acordos bilaterais e para reconhecer todas as vacinas incluídas na Lista de Uso de Emergência da OMS.
O enviado especial da União Africana para a COVID-19, Strive Masiyiwa, também participou da reunião, juntamente com o diretor dos Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças, John Nkengasong, a subsecretária-geral e secretária executiva da Comissão Econômica para a África , Vera Songwe, e a diretora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, entre outros.