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Guterres faz apelo por “ação decisiva” urgente para evitar a catástrofe climática

21 setembro 2021

  • Falando ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos líderes mundiais “uma ação decisiva agora para evitar a catástrofe climática”.
  • Guterres participou de uma cúpula de emergência convocada por Boris Johnson para pressionar por mais ações sobre o financiamento do clima e outras medidas antes da Conferência da ONU para Mudanças Climáticas (COP26), que começa no próximo mês na Escócia. A Mesa Redonda Informal de Líderes Climáticos sobre Ação Climática aconteceu a portas fechadas na sede da ONU, no início da semana de alto nível da Assembleia Geral.
  • Entre as prioridades de ação, o chefe da ONU elencou o cumprimento da meta de 1,5ºC do Acordo de Paris, o financiamento de 100 bilhões de dólares por ano para a ação climática nos países em desenvolvimento e o alocamento de pelo menos 50% do total do financiamento do clima em adaptação. 
  • Anfitrião da próxima Conferência do Clima, o primeiro-ministro do Reino Unido garantiu que seu país “vai liderar pelo exemplo”, mantendo o meio ambiente na agenda global e servindo como uma plataforma de lançamento para uma revolução industrial verde global. Porém, advertiu: “Nenhum país pode virar a maré, seria o mesmo que salvar um transatlântico com um único balde”.

Legenda: António Guterres e Boris Johnson falaram à imprensa após Mesa Redonda Informal de Líderes Climáticos sobre Ação Climática, que aconteceu a portas fechadas na sede da ONU
Foto: © Eskinder Debebe/UN Photo

Falando ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido em Nova Iorque na segunda-feira (20), o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos líderes mundiais “uma ação decisiva agora para evitar a catástrofe climática”.

Guterres participou de uma cúpula de emergência convocada e com a presença do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, para pressionar por mais ações sobre o financiamento do clima e outras medidas antes da Conferência da ONU para Mudanças Climáticas (COP26), que começa no próximo mês na Escócia.

A Mesa Redonda Informal de Líderes Climáticos sobre Ação Climática aconteceu a portas fechadas na sede da ONU, no início da semana de alto nível da Assembleia Geral.

Os líderes mundiais abordaram as lacunas que permanecem nas ações necessárias dos governos nacionais, especialmente das potências industrializadas do G20, sobre mitigação, financiamento e adaptação.

“Salvar esta e as futuras gerações é uma responsabilidade comum”, disse o chefe da ONU aos jornalistas em uma coletiva de imprensa após o evento. Para ele, a mesa redonda foi “um alerta para incutir um senso de urgência sobre o terrível estado do processo climático antes da COP26”. 

Um aviso terrível - Na sexta-feira passada, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas publicou um relatório sobre as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) de todas as partes do Acordo de Paris, que revela que o mundo está em um caminho catastrófico para 2,7ºC de aquecimento.  

De acordo com o relatório, para limitar o aumento da temperatura em 1,5ºC, é necessário um corte de 45% nas emissões até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Em vez disso, os compromissos dos países até o momento implicam um aumento de 16% nas emissões de gases de efeito estufa em 2030 em comparação com os níveis de 2010.

Faltando apenas algumas semanas para a COP26, o chefe da ONU pediu aos Estados-membros que cumpram suas obrigações em três frentes. Primeiro, mantenha a meta de 1,5ºC ao seu alcance. Em segundo lugar, cumpram os 100 bilhões de dólares por ano prometidos para a ação climática nos países em desenvolvimento. Terceiro, aumentem o financiamento para adaptação para pelo menos 50% do total das despesas públicas de financiamento do clima. 

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a meta de 1,5ºC ainda pode ser alcançada, mas uma melhoria dramática é necessária nas Contribuições Nacionalmente Determinadas da maioria dos países. 

Para Guterres, a liderança deve vir dos países do G20, porque eles representam 80% das emissões de gases de efeito estufa.

Desafio do carvão – O chefe da ONU destacou para um desafio energético específico: o uso continuado de carvão emissor de carbono.

Se todas as usinas de carvão planejadas entrarem em operação, o mundo aquecerá bem acima de 2ºC. Em vez disso, os países da OCDE precisam acabar com o uso do carvão até 2030 e os países em desenvolvimento precisam fazer o mesmo até 2040.

Em finanças, as nações desenvolvidas precisam cumprir sua promessa de mobilizar 100 bilhões de dólares por ano para ações climáticas no mundo em desenvolvimento de 2021 a 2025. Não o fizeram em 2019 e 2020, e, de acordo com cálculos da OCDE, há um déficit neste ano de cerca de 20 bilhões de dólares.

Por fim, na adaptação, o financiamento para esta área representa atualmente apenas 21% do financiamento total para o clima, ou 16,7 bilhões de dólares por ano. Ainda assim, os custos de adaptação no mundo em desenvolvimento são de 70 bilhões de dólares por ano e estima-se que aumentem para até 300 bilhões de dólares até 2030. “É por isso que tenho pedido a todos os doadores e financiadores que se comprometam a alocar 50% do financiamento climático para a adaptação”, disse Guterres.

“A história julgará” - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, advertiu que “a história julgará” as nações mais ricas do mundo se elas não cumprirem sua promessa de comprometer anualmente 100 bilhões de dólares em ajuda climática antes da COP26. Ele considerou as chances de garantir o dinheiro antes de novembro em “6 em 10”.

“Não podemos permitir que a ação climática se torne mais uma vítima do coronavírus. Sejamos os líderes que garantem a saúde do planeta para nossos filhos, netos e gerações futuras”, disse Johnson no evento.

O primeiro-ministro do Reino Unido também garantiu que seu país “vai liderar pelo exemplo”, mantendo o meio ambiente na agenda global e servindo como uma plataforma de lançamento para uma revolução industrial verde global. Porém, advertiu: “Nenhum país pode virar a maré, seria o mesmo que salvar um transatlântico com um único balde”.

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