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Mulheres rurais têm papel central na alimentação mundial

15 outubro 2021

Mulheres e meninas têm um papel essencial nos sistemas alimentares e no combate à fome. No entanto, elas não têm poder igual ao dos homens, ganham menos e têm mais chances de passarem por situações de insegurança alimentar.

Dados da ONU apontam que, em média, mulheres compõem mais de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento. No entanto, não chegam a 20% o número de mulheres proprietárias de áreas de plantação. 

No Dia Internacional das Mulheres Rurais, celebrado em 15 de outubro, a ONU Mulheres pediu o fim deste paradoxo. Segundo a agência, a igualdade de gênero, justiça social e sustentabilidade no campo precisa estar no centro da recuperação pós-COVID-19.

mulheres agricultoras no nepal
Legenda: Dados da ONU apontam que, em média, mulheres compõem mais de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento
Foto: © Narendra Shrestha/ONU Mulheres

Nesta sexta-feira (15), Dia Internacional das Mulheres Rurais, a ONU Mulheres pede o fim do paradoxo, no qual as mulheres e meninas têm um papel essencial nos sistemas alimentares, mas não têm poder igual ao dos homens, ganham menos e têm mais chances de passarem por situações de insegurança alimentar.

Segundo a agência, para superar essa situação, é necessário o desmantelamento da relação de poder desigual entre mulheres e homens e o confronto com as normas de gênero.

Última a comer - Os sistemas alimentares ao redor do mundo dependem do trabalho rural das mulheres. Elas cultivam e colhem, e também preparam e distribuem seus produtos, o que garante a nutrição de sua família e comunidades.

Contudo, essas mesmas mulheres, geralmente, são as que têm menos acesso à comida e sofrem de altos riscos de fome, desnutrição e insegurança alimentar, quando comparadas aos homens.

As normas de discriminação de gênero impõem, normalmente, que elas sejam as últimas a comer ou que se alimentem em menor quantidade, quando em casa, onde também são responsáveis pela maior parte do trabalho não doméstico remunerado.

O tema da data, Mulheres Rurais Cultivando Boa Comida para Todos, destaca o papel crítico que elas desempenham na alimentação mundial.

A ONU Mulheres afirmou que, apesar da capacidade do planeta de fornecer comida suficiente para todos, cada vez mais pessoas estão encontrando dificuldades para se alimentarem corretamente, especialmente com a escalada das crises climáticas e ambientais e com a pandemia da COVID-19.

Transformando o sistemas alimentares - No ano passado, o número de pessoas que não teve acesso à comida de qualidade cresceu para 20%, alcançando mais de 2,3 milhões. A maior parte dos afetados foram mulheres e meninas da zona rural.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já havia pedido por uma transformação nos sistemas alimentares em sua mensagem no Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro de 2020.

Uma abordagem alternativa - A agência de mulheres da ONU publicou um Plano Feminista pela Sustentabilidade e pela Justiça Social, o qual inclui a reconstrução do falho sistema global alimentar e o apoio a produção diversa e saudável de alimentos.

O novo plano coloca a igualdade de gênero, justiça social e sustentabilidade no centro da recuperação da COVID-19 e do esforço global de se reconstruir melhor após o fim da crise.

A ONU Mulheres declarou que “este Dia Internacional das Mulheres Rurais nos deu uma nova oportunidade de nos comprometermos com um jeito diferente de organizar nosso mundo, e de construir a partir da visão do Plano Feminista e dos resultados e compromissos das diferentes partes interessadas da recente Cúpula de Sistemas Alimentares das Nações Unidas, para que as mulheres rurais tenham benefícios equivalentes a sua produtividade, com uma comida de qualidade para todos”.

O Plano Feminista solicita uma parceria mais forte entre os governos e a sociedade civil para chegarem a uma ecologia que abrange a questão de gênero, vista como uma alternativa a agricultura industrial.

Essa abordagem agrícola tem se mostrado benéfica para as produtoras familiares. Além de apoiar a segurança alimentar e proteger a biodiversidade e os ecossistemas.

Números - Dados da ONU apontam que, em média, mulheres compõem mais de 40% da força de trabalho agrícola nos países em desenvolvimento. A proporção varia de 20% na América Latina a 50% ou mais em partes da África e Ásia. No entanto, não chegam a 20% o número de mulheres proprietárias de áreas de plantação. 

De acordo com as Nações Unidas, o papel feminino na agricultura de subsistência é muitas vezes não remunerado e sua contribuição para a economia rural é amplamente subestimada. 

No entanto, a organização afirma que agricultura familiar produz quase 80% dos alimentos na Ásia e na África Subsaariana e apoia os meios de subsistência de cerca de 2,5 bilhões de pessoas.  

A ONU reforça que as mulheres agricultoras são produtivas e empreendedoras, mas menos capazes de acessar terras, crédito, insumos agrícolas, mercados e cadeias agroalimentares de alto valor e obter preços mais baixos para suas culturas. 

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

ONU Mulheres
Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento da Mulher

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa