1,5 bilhão de pessoas vivem com solo salgado demais para ser fértil
20 outubro 2021
Novo Mapa Global de Solos Afetados pelo Sal, divulgado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), revela que 8,7% do solo do planeta é afetado pelo sal.
Além de ser naturalmente encontrado principalmente em ambientes naturalmente áridos ou semiáridos na África, Ásia e América Latina, o sal no solo também é resultado da atividade humana, devido à má gestão, uso de fertilizantes, desmatamento, aumento do nível do mar, irrigação e muitas outras ações humanas danosas.
Entre 20% a 50% dos solos irrigados se tornaram inférteis devido à salinização. O processo químico coloca em risco a segurança alimentar e o cultivo de alimentos de pelo menos 1,5 bilhão de pessoas.
O lançamento da nova ferramenta ocorreu durante o Simpósio Global sobre Solos Afetados pelo Sal, que vai até sexta-feira (22).
Entre 20% a 50% dos solos irrigados em todos os continentes ficaram salgados demais para serem totalmente férteis, criando desafios significativos para mais de 1,5 bilhão de pessoas que tentam cultivar seus próprios alimentos. A informação faz parte do Mapa Global de Solos Afetados pelo Sal, nova ferramenta lançada nesta quarta-feira (20) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Os solos salinos são menos férteis e produtivos, ameaçando a luta global contra a fome e a pobreza. Eles também reduzem a qualidade da água e a biodiversidade do solo, o que, por sua vez, aumenta a erosão.
Com o novo mapa, um projeto conjunto envolvendo 118 países e centenas de analistas de dados, a FAO espera informar melhor os formuladores de políticas ao lidar com projetos de irrigação e adaptação às mudanças climáticas.
O lançamento ocorreu no dia de abertura do Simpósio Global sobre Solos Afetados pelo Sal, uma conferência virtual de três dias que reúne mais de 5 mil especialistas até sexta-feira (22).
Abrindo o simpósio, o diretor-geral da FAO, QU Dongyu, disse que o mundo “deve buscar maneiras inovadoras de transformar nossos sistemas agroalimentares para serem mais eficientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis”.
Ameaça crescente - Solos salinos ou sódicos ocorrem naturalmente e são o lar de valiosos ecossistemas, incluindo uma variedade de plantas que se adaptaram às condições salgadas.
No total, existem mais de 833 milhões de hectares de solos afetados pelo sal em todo o mundo, ou 8,7% do planeta. A maioria deles pode ser encontrada em ambientes naturalmente áridos ou semiáridos na África, Ásia e América Latina.
Mas também podem ser causados pela atividade humana, devido à má gestão, uso excessivo ou inadequado de fertilizantes, desmatamento, aumento do nível do mar, lençol freático raso que afeta a zona radicular ou intrusão da água do mar nas águas subterrâneas que são então usadas para irrigação.
Mudanças climáticas - Ao mesmo tempo, a mudança climática está aumentando os riscos, com análises sugerindo que as terras áridas globais podem se expandir em até 23% até o final do século, principalmente nos países em desenvolvimento.
De acordo com a FAO, a salinização (um aumento nos sais solúveis em água) e a sodificação (um aumento no alto teor de sódio) dos solos está entre as ameaças globais mais graves para as regiões áridas e semi-áridas, mas também para as terras agrícolas nas regiões costeiras. Além disso, com a irrigação, isto se torna um problema para o esgoto em qualquer clima.
O combate ao problema requer uma variedade de ferramentas, desde a sensibilização à adoção de práticas sustentáveis de gestão do solo, promovendo a inovação tecnológica, até um maior compromisso político.
Oportunidade de troca de conhecimento - Solos saudáveis são um pré-requisito para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, e formam a base da estratégia dos Quatro Melhores da FAO: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e uma vida melhor, sem deixar ninguém para trás.
O principal objetivo do Simpósio Global sobre Solos Afetados pelo Sal é compartilhar conhecimento sobre prevenção de salinização, mudança climática e restauração de ecossistemas. Além de conectar formuladores de políticas a produtores de alimentos, cientistas e profissionais.
O encontro também contará com um concurso de fotos que oferece aos participantes a oportunidade de compartilhar seus testemunhos sobre os efeitos da salinidade e da sodificação do solo .
O evento acontece antes do Dia Mundial do Solo, marcado em 5 de dezembro, que este ano é dedicado aos solos afetados pelo sal com o lema "Pare a salinização do solo e aumente a produtividade do solo".