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Glossário COP26: Guia prático com as principais siglas e termos relacionados ao clima

28 outubro 2021

Se há algum tempo você tem acompanhado as Nações Unidas, já deve ter notado a grande quantidade de siglas, abreviações e jargões que estão ligados à organização. Com a chegada da COP26, este número deve crescer ainda mais. 

Para esclarecer alguns destes termos, a ONU está publicando um guia prático para ajudá-lo a entender algumas das palavras-chave que devem aparecer à medida que a conferência sobre mudanças climáticas vai acontecendo. Confira alguns destes significados na matéria.

Legenda: Existem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou ODSs, interligados
Foto: © ECA

COP26

Vamos começar com o nome do próprio evento, COP26. De forma simplificada, esta é a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática. Entretanto, oficialmente, a sigla denomina a 26ª Conferência das Partes (ou COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). 

Em mais detalhes, a UNFCCC foi criada após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, no Rio, em 1992 (frequentemente chamada de Cúpula da Terra ou Rio 92). O objetivo declarado da UNFCCC é reduzir os gases de efeito estufa, a fim de prevenir mudanças climáticas perigosas causadas pela atividade humana.

Depois deste evento, a partir de 1995, anualmente as partes da convenção se reúnem formalmente em uma conferência, as COPs. A exceção ocorreu em 2020, quando a pandemia de COVID-19 atrasou a COP26 em um ano.

ODS

Existem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou ODS, interligados a este tema, que enfocam desafios que vão desde o acesso à energia limpa até a redução da pobreza e o consumo responsável.

Juntos, os ODS constituem a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o projeto da ONU de paz e prosperidade para as pessoas e o planeta.

Frear a mudança climática é uma das metas (ODS 13), mas está ficando cada vez mais claro que o clima interfere em muitos, senão em todos os ODS, e que alcançar a Agenda 2030 será impossível sem fazer avanços sérios para enfrentar o problema.

ACORDO DE PARIS

Para enfrentar as mudanças climáticas e seus impactos negativos, os líderes mundiais firmaram, durante a COP21, em dezembro de 2015, o histórico Acordo de Paris. O pacto estabelece metas de longo prazo para orientar todas as nações na tentativa de frear uma catástrofe climática.

Entre essas metas está a redução substancial de emissões globais de gases de efeito estufa, a fim de limitar o aumento da temperatura global neste século a 1,5ºC. Também fazem parte do acordo a revisão deste compromisso pelos países, de cinco em cinco anos, através das Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) e o financiamento aos países em desenvolvimento para mitigar a mudança climática, fortalecendo a resiliência e melhorando a capacidade de adaptação aos impactos do clima.

O Acordo é um tratado internacional que entrou em vigor em 4 de novembro de 2016. Hoje, 192 Partes (191 países mais a União Europeia) aderiram ao Acordo de Paris. Ele é considerado um marco do início de uma mudança em direção à um mundo que busca zerar suas emissões de gases poluentes. A implementação do Acordo também é essencial para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. 

NDC

Isso significa Contribuição Nacionalmente Determinada. A sua sigla em inglês, NDC (Nationally Determined Contribution), é mais popular. Este é o plano detalhado que os países são obrigados a fazer individualmente, seguindo o Acordo de Paris, mostrando como irão reduzir a quantidade de gases de efeito estufa prejudiciais que emitem. 

Espera-se que todos os países revisem seus NDC para torná-los mais ambiciosos daqui por diante, uma vez que, atualmente, esses planos não são suficientes para manter o aquecimento global em 1,5° Celsius acima dos níveis pré-industriais (meados do século XVIII). Portanto, neste ano, a pressão sobre os Estados-membros da organização passou a crescer para que estas metas sejam alteradas drasticamente.

Emissão líquida zero (Net Zero)

Emissão líquida zero (também conhecida como net zero, em inglês), significa cortar as emissões de gases estufa para o mais próximo possível de zero, por exemplo, movendo-se em direção a uma economia verde e buscando fontes de energia renovável e limpa. Também faz parte deste conceito a reabsorção de emissões remanescentes, incluindo em oceanos e florestas.

Praticamente todos os países aderiram ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, cuja principal meta é manter a elevação da temperatura global em no máximo 1,5°C acima dos níveis da era pré-industrial.

No entanto, se continuarmos a emitir gases que causam as mudanças climáticas, as temperaturas subirão bem além de 1,5ºC, alcançando níveis que ameaçam a vida e o sustento das pessoas em todos os lugares.

É por isso que um número cada vez maior de países está assumindo o compromisso de alcançar a emissão líquida zero até 2050. É uma grande tarefa, que exige ações ambiciosas a partir de agora.

1,5°C

Durante a COP, você ouvirá muito sobre "a meta de 1,5 graus Celsius". Em 2018, um relatório do IPCC, revisado por milhares de cientistas e governos, apontou que limitar o aumento da temperatura global a não mais que 1,5° C acima dos níveis registrados em meados do século XVIII, nos ajudaria a evitar os piores impactos e manteria o clima em um patamar habitável.

De acordo com os dados mais recentes, nosso mundo já aqueceu entre 1,06ºC e 1,26ºC acima dos níveis pré-industriais e, mesmo que as promessas atuais sejam cumpridas, ainda estaríamos em uma rota que levaria a uma a elevação de 2,7°C neste século. Isso significaria uma “catástrofe climática”, conforme destacado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. Este caminho é sinônimo de um possível colapso dos ecossistemas e da vida como a conhecemos.

IPCC

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (também mais conhecido por sua sigla em inglês, IPCC) é o órgão da ONU para avaliar cientificamente as mudanças climáticas. Criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o objetivo do IPCC é fornecer a todos os níveis de governos informações científicas que possam ser usadas para desenvolver políticas climáticas.

Os relatórios do IPCC também são uma forte contribuição para as negociações internacionais sobre mudanças climáticas que acontecerão durante a COP26. Um importante relatório divulgado em agosto mostrou que, a menos que haja reduções rápidas, contínuas e em grande escala das emissões de gases de efeito estufa, incluindo CO2, metano e outros, a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC estará além do alcance.

PEID

Os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID) são um grupo de 58 nações formadas por ilhas que estão poucos metros acima do nível do mar e, portanto, altamente vulneráveis e frequentemente afetadas por extremos e mudanças climáticas, entre eles ciclones, tempestades, chuvas fortes, secas, aumento do nível do mar e acidificação dos oceanos.

Durante a última semana de alto nível da Assembleia Geral, em setembro, os líderes dos PEID, originários de nações como Fiji, Tuvalu e Maldivas, ocuparam o centro das atenções, dizendo que seus países estão com a existência ameaçada, caso os países ricos não cumpram a promessa de virar o jogo contra o aquecimento global.

Financiamento climático

De um modo geral, o financiamento climático está relacionado ao dinheiro que precisa ser gasto em uma ampla gama de atividades para reduzir as emissões que estão causando as mudanças climáticas e para ajudar as pessoas a se adaptarem e criarem resiliência aos impactos que já estão ocorrendo.

Isto pode depender de financiamento local, nacional ou transnacional, obtido de fontes de financiamento públicas, privadas e alternativas. O financiamento do clima é fundamental para enfrentar as mudanças climáticas, porque investimentos em grande escala são necessários para reduzir significativamente as emissões, principalmente em setores que emitem grandes quantidades de gases de efeito estufa, e também para apoiar projetos de adaptação.

Em 2009, durante a COP15 em Copenhague, as nações ricas prometeram canalizar US$ 100 bilhões por ano para as nações menos ricas até 2020, para ajudá-las a se adaptar às mudanças climáticas e mitigar novos aumentos de temperatura.

Esta promessa ainda não foi cumprida - o financiamento climático para países em desenvolvimento atualmente está próximo de US$ 80 bilhões. Portanto, o financiamento climático será um dos maiores temas de discussão durante a COP26.

SBTi

É a sigla em inglês para a iniciativa Science Based Target,  apoiada pela ONU. As empresas que aderem a este projeto estabelecem metas de redução de emissões com base científica, que as deixam mais bem equipadas para enfrentar as mudanças climáticas e as tornam mais competitivas na transição para uma economia de emissão líquida zero.

O estabelecimento de metas baseadas na ciência tornou-se uma prática comercial padrão e as empresas estão desempenhando um papel importante na redução das emissões globais de gases de efeito estufa e no apoio à implementação dos compromissos de seus países.

Soluções ecológicas

Soluções ecológicas ou baseadas na natureza, são ações para proteger, gerenciar, restaurar e modificar de forma natural e sustentável ecossistemas, levando em consideração desafios sociais para adaptação e efetividade, proporcionando simultaneamente benefícios ao bem-estar humano e à biodiversidade.

As soluções ecológicas são uma parte essencial do esforço global para atingir os objetivos do Acordo de Paris. Elas são um complemento vital para a descarbonização, reduzindo os riscos das mudanças climáticas e estabelecendo sociedades resilientes ao clima.

Exemplos destas soluções são os programas de plantio massivo de árvores, que absorvem carbono e fornecem proteção contra chuvas intensas. A reconstrução de manguezais, que fornecem barreiras naturais eficazes e baratas contra inundações e erosão de costas é outra referência. 

G20

O Grupo dos 20 (G20) é um fórum intergovernamental que compreende as maiores economias do mundo: 19 nações e a União Europeia.O foco de trabalho são as principais questões relacionadas à economia global, como estabilidade financeira internacional, mitigação da mudança climática e desenvolvimento sustentável.

O secretário-geral da ONU deixou claro que a ação climática deve ser liderada pelas nações do G20, que coletivamente respondem por cerca de 90% do produto mundial bruto e entre 75% e 80% do comércio internacional, além de abrigarem dois terços da população mundial.

O comprometimento destes países com a COP26 é crucial para a contenção dos gases de efeito estufa e as mudanças climáticas.

AGN

O Grupo Africano de Negociadores para Alterações Climáticas (conhecido pela sigla em inglês, AGN) foi estabelecido na COP1 em Berlim, Alemanha, em 1995, como uma aliança de Estados-membros africanos que representam, com uma voz comum e unificada, os interesses da região nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas.

GCAA

Para além das negociações intergovernamentais formais, países, cidades e regiões, empresas e membros da sociedade civil em todo o mundo já estão tomando medidas para o clima.

A Agenda de Ação Climática Global (em inglês, GCAA), iniciada no âmbito da Agenda de Ação de Lima-Paris, foi lançada para estimular uma ação climática rápida, impulsionar a cooperação entre governos, autoridades locais, comunidade empresarial, investidores e sociedade civil, e para apoiar a adoção e a implementação do Acordo de Paris.



GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) 

Um dos processos de mitigação das mudanças climáticas mais importantes envolve intervenções humanas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), seja por cortes direto nas fontes de emissão, seja pelo aumento de dispositivos capazes de absorver estes gases, como as florestas nativas.

O dióxido de carbono, CO2 é o gás que mais contribui para o efeito estufa e é proveniente principalmente do desmatamento e queima de combustíveis fósseis. Entretanto, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (em inglês, UNFCCC) considera outros cinco gases parte da sigla GEE: o metano, oriundo principalmente de atividades agropecuárias e dos sistemas de produção de energia; o óxido nitroso, também fruto de atividades dos sistemas agroalimentares; o hidrofluorocarbono e perfluorocarbono, ambos usados pela indústria de refrigeração e aerossóis; e o hexafluoreto de enxofre, um composto sintético usado na produção de energia elétrica. 

Para acompanhar a cobertura especial da COP26 em Glasgow, pela UN News, basta clicar aqui.

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

UNDGC
United Nations Department of Global Communications
UNIC
Centro de Informação das Nações Unidas

Objetivos que apoiamos através desta iniciativa